segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Impermanência III

E ainda nessa esfera da Impermanência, para encerrar o tema diria ser possível compreender o que não é, e impossível o que é:
Segundo o conceito de Maia Budista, que afirma o seguinte: (o que é não precisa ser provado, e o que não é pode ser provado) e do que pode ser provado, já sabe a ciência desde o micro ao macro, mais ou menos do que trata a forma material dos corpos.
Principalmente o espaço vazio dos átomos, e os elementos predominantes no corpo, por exemplo, constituído quase que de água; e então hidrogênio e oxigênio, juntamente com o carbono obram este milagre da vida, numa desconcertante simplicidade.
Os órgãos, por sua vez, fazem inveja a qualquer inventor de mecanismos sensores.
A capacidade de reprodução da espécie, o desenvolvimento e todo o processo dividido em etapas absolutamente congruentes de infância, juventude, maturidade e velhice, num ciclo quaternário; e se não fosse também a Terra, segundo a Teosofia o Quarto Sistema, estaria faltando alguma coisa, mas não falta.
Bem como outros compassos quaternários, como por exemplo, o ciclo lunar; e desse derivado, o ciclo menstrual da mulher...
Enfim, todo o sistema evolutivo obedece a regras e leis específicas, e se por acaso alguém não acreditar em Deus, e há muitas pessoas que se dizem agnósticas, as mais cultas e ateias as mais comuns, mas devem pelo menos reconhecer um ritmo constante,
Uma ordem natural dos movimentos, a presença permanente na impernanência de uma força imperturbpavel; e a radiação de fundo que já foi detectada em todo o universo. E algo muito para além da razão coordena essa máquina, ou de tão superior ordenou o inicio e a natureza segue essas leis, que se impõem.
Eu pessoalmente acredito em Deus, naturalmente não nesse, que é oferecido por dez por cento do salário e tem como cobradores uns senhores e já também umas senhoras completamente analfabetas de Deus e de suas Leis.
Acredito num Deus Primordial, e até creio estar Ele presente na sua criação como inteligência ingênita.
Afinal, eu e qualquer pessoa cuja massa concreta depois de retirado o vazio não somos mais que um grão de sal refinado e eu repondendo por mim penso, e até sonho!
Sou capaz de criar, inventar, ponho em curso uma porção de atividades coordenadas de uma forma coerente, percebo o mundo girando, tenho noções de peso, medida, cor e sabor... Aspiro ser eu mesmo como um centro de consciência, e para isso já tenho ideia da minha individualidade.
Enquanto discípulo – e esta condição é irrevogável no curso de minha vida em razão de acreditar em mestres – anseio alcançar o mais alto estado de consciência.
E acredito nisso por minha experiência pessoal – não sou agora o que era há pouco – e trocado em miúdos e reduzido a um elemento químico, não passo de uma pequena pastilha de carbono, que mal daria para comprar uma caixa de fósforos.
E se Deus em sua infinita grandeza deposita esperança de conhecer através de mim o que for possível conhecer, quem haveria de expressar tamanha humildade?
Quem, depois Dele (exista ou não com o nome de Deus) pode jactar-se ou bater no peito enunciando a sua grandeza?
Só mesmo os falsos profetas eos simulacros de estadistas que mal ultrapassaram a barreira do reino animal, mas investidos e revestidos com a poeira das sandálias dos homens de verdade, berram aos quatro cantos a sua grandeza.
Pobres cegos de alma, de corpo e de espírito! Pobre nação, que os elegeu!
Mas ainda assim cumprem eles no mundo estabelecer limites entre o sim e o não, bom e mau, saber e ignorância, ética e corrupção, para que o povo tire lá as suas conclusões, ou se entretenha no limbo do faz de conta e decresça, em vez de crescer, ou desça em vez de subir, de cabeça abaixada e de rabo entre as pernas escravo dos simulacros.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Impermanência II

Ainda assim, vendo tudo se revolvendo num caos de transformação, a estética das cores e a harmonia das formas criam um belo quadro poli-cromático animado.
Bela paisagem para os olhos contemplarem a Impermanência da natureza!
Mas se tudo passa, e não há um único argumento que negue esse fado, por que Deus criou a natureza, e o mundo?
E porque em sete dias?
Já se passaram tantos séculos da nossa civilização ocidental, com tantos enunciados filosóficos, fórmulas matemáticas e científicas que revelam o macro e o micro, técnicas e preceitos que nos levam à eternidade, que só espero uma prova testemunhal de alguém que chegou lá.
Mas não basta afirmar que chegou lá. Tem de provar onde é lá.
E não será fácil, pois ninguém sabe direito onde é cá!
Mas ficando por aqui ou cá, ainda que não saibamos bem onde estamos, existe algo muito estranho, por trás da forma física, dos nossos corpos.
Eu, pessoalmente meio chegado ao delírio, vejo-me às vezes como uma pequena ilha sem forma cercado de vírus por todos os lados.
E a maneira como se entende cada grupo viral da família que constituí um órgão, uma víscera ou uma simples molécula e na escala menor, atômica, num imenso espaço vazio criam a ilusão do concreto, pergunto ao vento, quando há vento, de onde vem este engenho e arte?
Mas o vento contagiado pelo contato humano, com as suas patetices fazendo-se de surdo, não responde.
Porém dando uma olhadinha para trás, assim meio de soslaio enquanto agitava umas folhas secas, numa piscadela de olhos mostrava-me com clareza a Impermanência das formas...
E assim, o vento e o tempo encontraram-se na primeira curva da transformação.
E com certa cumplicidade vão transformando o mundo, enquanto me avisam que eu trate de cultivar uma flor dourada desses vírus que me rodeiam – que no fim sou eu – e do coração metáfora levante um altar ao amor!
Ao amor? Parece-me que foi isso que ouviu durante o encontro do vento com o tempo.
Então está bem! Na impermanência da transformação, a essência que permanece em forma de memória, em mim ou no “ar”, conterá esta marquinha da flor em forma de ave paradisíaca.
Mas pelo menos essa virtude paradisíaca da ave multicolorida que expressa o amor, fui eu que a criei ao pensá-la.
Então eu penso? Parece que sim, a minha forma passageira e vaga imagem num vazio atômico, pensa!
Ah, como seria bom se isto fosse só uma prosa, mera retórica ao cair de uma inocente tarde!
Ah, como seria bom se o mundo em que estamos e de algum modo vamos fosse para onde dizem que vai!
Ou sem tirar em pôr fosse o que aparenta, e o que dizem ser!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Impermanência

Em mim tantos EUS já se manifestaram, quantos os segundos eu até aqui vivi.
Mas alguma coisa em fluxo continuado permanece como lembrança e identidade.
Não sei de que nome chamar esse núcleo de consciência que me fornece a individualidade, para além da Impermanência. Não sei. Fugindo dos conceitos tradicionais que desejo evitar, não sei.
Mas com quase certeza sei que não sou agora o que fui há poucos segundos atrás. Isso eu sei.
Contudo, compreenda-se esta Impermanência no sentido mais puro da transformação, sem os adereços místicos de nenhuma seita oriental.
Aliás, em qualquer monastério místico oriental celebra-se a Impermanência num contesto místico filosófico cheio de ritos e fórmulas mágicas, entretanto sem citar a origem dessa mesma Impermanência, que será com certeza a Permanência, Absoluta, Atemporal, e o momento e o ponto de partida à relatividade, passageira, que no curso temporal se transforma ad-infinito... Ou quase.
E então nesse ponto fugaz entre o permanente e o impermanente depreende-se transitar uma onda evolutiva, plástica, invisível, independente, negando todas as teorias de que se repetem atos e ações dos quais surgem “cópias”.
Claro que existem indivíduos apenas aparentes, vivendo em grupo, sem a vontade própria que define o individuo... E essa é a razão pela qual temos religiões sectárias e partidos políticos dividindo para dominar.
Mas naturalmente será apenas um estágio intermediário entre a consciência e o instinto.
A cultura e a instrução promovem esse, digamos, despertar do instinto para a individualidade real, mas não prescinde esse despertar consciente do autoconhecimento.
O método e as regras para seguir-se um caminho seguro pelas trilhas do autoconhecimento vão muito além de meras psicologias, auto-ajudas e tantas outras fórmulas modernas laicas, cientificas ou religiosas.
A regra fundamental tem como base concreta o despertar da vontade, através de uma rígida disciplina para o completo domínio da mente.
Mas isto só não basta. O estudo da essência e da origem de todas as coisas e a sua devida compreensão só na Escola Iniciática podem ser encontrados, por estarem dentro de uma Vaga poderosa de energia viva plasmada pelos Grandes Iluminados. E é então também por essa razão a única que, segurando pela mão do discípulo o conduz a um lugar realmente seguro no âmago de seu interior, reconhecendo aí seu individual reflexo da Suprema Permanência ou Ego Solar, como partícula do Todo, ou ponto de luz refletindo o brilho do Sol dos Sóis.
Não há mesmo outro caminho direto, mesmo que se afirme que todos os rios levem ao mar, e de fato levem, com o correr dos tempos.
Mas por ser o tempo relativo e a relatividade duradoura os últimos serão sempre os últimos, nunca os primeiros.
Neste caso, naturalmente, sem polemizar com a metáfora do Avatara de Peixes.
Portanto, Impermanência ou Transformação configura-se como o moto-perpétuo
da evolução das espécies, e uma vez definidas e o código genético adequado ao sistema onde ocorre a evolução, eleva-se à condição de indivíduos, de fato, e dentre os homens ascendem ao patamar de guias, os grandes Líderes Espirituais, tendo em contra-partida
os grandes Lideres religiosos-políticos que lhe fazendo oposição.
Uns elevando, e outros rebaixando, que melhor expresso seria uns elevando ao alto e outros arrastando ao caos.
Alvíssaras, entretanto, que na idade de ouro haverá harmonia entre as duas faces da mesma moeda, quando o sangue sagrado do céu se encontra na face da terra...