segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Advirto-te, quem quer que sejas,
Oh, tu! Que desejas sondar os mistérios da natureza.
Como esperas encontrar outras excelências,
Se ignoras as de tua própria casa?
Em ti, está oculto o tesouro dos tesouros.
Oh, homem! Conhece a ti mesmo
E conhecerás o Universo e os Deuses.
Advertência na entrada do antigo Oráculo de Delfos

O LOUCO

- Venho de longe, muito longe!
Fui guerreiro, fui monge, fui mendigo, fui pastor, fui até poeta um dia e certamente, louco! Mas inconsciente o que eu procurava mesmo, era o amor!
Venho de longe, muito mais longe que alguém pense ou imagine ao me ouvir dizer, que venho de longe...
Do pó de estrelas a estrelas, astros, planetas e cometas, fui tudo. Do pó de estrelas até aqui, quantas quedas e levantadas eu dei, não sei.
Mas sou realmente louco!
Como não seria louco, se há em meu esqueleto células com memórias ancestrais de milhões de anos?
Células ancestrais vegetativas igualmente idosas de milhões de anos!
Não seria louco, claro que não, se ficasse só nessas memórias celulares.
Mas o animal em mim achou, sabe se lá porque, de encarar e desafiar a razão que me pertence enquanto homem...  Sim, homem! Senão, quem seria eu o mendigo, o primário ancestral das cavernas, e também o genial cantor que, com outras células cantou o cântico dos anjos e eu ouvi?
Ah, eu sou vez em quando perco a memória e esqueço como consultar as minhas células minerais... Afinal, respeito os códigos da hierarquia dos mais velhos e elas são as mais antigas células ainda aqui, em mim, embora provisoriamente e num piscar de olhos voltam ao pó.
Sim,viemos do pó e a ele voltaremos. Sejamos loucos e voltemos ao pó de estrelas, não apenas ao pó da terra, que a cada micro de segundo numa velocidade invisível a olho nu
gira; e girara e nesse vai e vem, de nascer e morrer, passa... e passas sem nada ser!
Que triste seriedade e falta de loucura!

Ah, eu sou mesmo louco.