domingo, 25 de março de 2012

HOMEM


De uma porção de pó rolando céu abaixo até de pó de estrelas
em esterco converter-se, veio vindo e homem fez-se, finalmente!
Fez-se gente e de carne alimentando-se já em carne animado o homem come tudo,
come a carne, o peixe, o bode, come os sólidos e bebe os líquidos,
e tudo a esterco reduz, a meio às trevas e que vai, ainda que, buscando a luz...
Em esterco pisando segue e vai já acima dele fruto do pó de estrelas,
embora renascido do esterco e da carne que come, defecando o que não serve, sai...

sábado, 17 de março de 2012

O Peregrino e Parlapatão.


Dai-me senhor o poder de síntese! Afastai para longe de meus ouvidos, senhor, os parlatatões!
Eu quero apenas responder as três indagações herméticas e saber quem sou de onde venho e para onde vou!
Ouço sempre uma voz que me diz: “se você ficar feliz diante de uma criança sorrindo; se pela manhã a luz do sol traz alegria e contentamento, começou o processo de saber quem você é!”

Quando penso que essa voz se calou, ela torna: “se você ficar feliz ao ver as pessoas rindo, alegres, já não precisará compreender a natureza do sol nem das estrelas, pois as suas essências já vibram em sua alegria!”

E então eu me pergunto: o que é sagrado e em que língua o sagrado nos fala? Sagrado há de ser
tudo que pessoalmente co-sagro, e todo sagrado que eu não profano é a língua pela qual o sagrado me fala.

Conquanto estando certa feita ouvindo um paralapatão discorrendo sobre as bananas que eu trazia da feira, de tanto ele falar até me sentei, pra que os ouvidos aturdidos não causassem
o meu desequilíbrio, enquanto o parlapatão prosseguia falando da teoria das bananas, a única palavra que se podia entender a meio a tantas inúteis palavras o parlapatão falava sem dizer nada.

Levantei-me de pronto e retomando o leme mental peguei as bananas, segui meu destino e sem jogar a cascas das bananas no chão, que nem as descasquei, ainda assim o parlapatão escorregou nelas, depois de uma tremenda derrapada pelas palavras que despejava boca afora!

Não sabe certamente o que é sagrado, nem tampouco a sacralidade da língua!

Hoje, passados aqueles tempos repito a voz e vos digo: “se sois capazes de vos alegrar com as crianças felizes; se sois capazes de vos alegrar com a felicidade alheia; se sois capazes de vos indignar com os exterminadores de insetos, sem necessidade de nos livrarmos de insetos; se vos alegrais com o canto dos passarinhos; se fordes capazes de com lágrimas nos olhos sorrir de puro sentimento de amor ao mundo...

Não tendes mais necessidade de desvendar as estrelas, nem as galáxias, nem o próprio universo, pois estarão convosco conspirando pela harmonia da síntese e sentindo o pulsar do coração cósmico, dentro de vós.

Mas, todavia graças a já terdes viajado pelas galerias profundas do saber, pois é desse conhecer que tendes agora o sentir, quando aflora vivo, consciente e amoroso o Ser Real

terça-feira, 13 de março de 2012

Canção ao Tocantins

Endereço Completo.

À sombra do sol do país sentado.
Cismo ainda quando, eu era feliz,
Um tempo tombado ainda marcado
Com forte raiz que eu canto agora
Canto Tocantins.

De frente pra caixa, do computador,
Em porto presente, jogando a semente
Em razão de amor no meio de gente,
Que também não sente já não há mais dor.

E eis me aqui presente, Espaço Planetário,
E à noite brilhante, Constelar Quinário
Cosmo lapidário Cruzeiro do Sul
Cosmo lapidário, Cruzeiro do Sul

Mas já no outono vou meio sozinho
De cabelos brancos, no fim do caminho.
Só a velha saga, mero aprendiz.
Mas memória vaga, tão pouco o que eu fiz!

De frente pra caixa, do computador,
Em porto presente, jogando a semente,
Em razão de amor, no meio de gente
Em todo o tempo, no templo da flor.



24/07/2011/ .

sábado, 10 de março de 2012

Oração Leiga


Dai-me Senhor, o poder de síntese!
Afastai de mim quem fala sem parar e não diz nada,
que ao meu Sentido da audição, quero regar!

Dai-me Senhor, observe eu e reverencie a formiga,
antes de querer entender o formigueiro!

Dai-me Senhor, a arte de à água do regato
a um fio de sua água dar um curso
e vá ao pé da margarida e no seu uso
à relva esverdeie!

Dai-me Senhor isso, que em troca dou-vos
as escadas que sobem ou descem pro céu,
para tê-las já prontas e dá-las a quem as quiser,
e anda cá na terra, como eu,
querendo subir ou descer!

E não que eu não acredite existir o céu em cima ou embaixo
ou serem o Sol e a Lua menores que a lâmpada
da minha cozinha,
onde tenho que ir, se quiser comer...

E além de dar-vos as escadas dou-vos também
a certeza e a palavra de prosseguir feroz
na luta contra quem insiste na cruz
pendurar vosso filho, Jesus
e vende-lo às porções nas igrejas
capelas, ermidas e casas de orações,
mas, revelando claros com caras e carões
a todos os vendilhões...

Porém, vós mesmo em vosso filho
na Cruz representado,
Na tradição e no julgado pelo tempo
quem o impede se repita é a Justiça,
e aí então não , não retirem!

Mas por ora dai-me ligeireza aos pés,
Mente e energia para ir a pé lá baixo,
ao hospital regional rever
quiçá a última vez meu Negro amigo e Irmão
IRAMAR que definha e quase osso
No último leito carnal, na cama do hospital
Quase ouço, em breve partirá!

Não se sabe para onde...
Mas certa feita fui com ele, e ele devoto de Iemanjá
a quem todo ano à beira do rio celebrava,
onde um dia á beira do rio fui com ele!
E com os seus irmãos celebraram Iemanjá
E eu com os pés nas águas à beira do rio,
Vi sorrindo para mim, ALAMIRÁ!

Foi quando celebrei àquela Helena
Que da fotografia me sorri
De quem tive a fortuna
De comer de sua bendita boca
A metade de um doce...
De quem tive a ventura de um dia a conhecer
E a certeza de que a vi!

quarta-feira, 7 de março de 2012

Ao Amigo Poeta e Grande Mestre da Língua Mãe, João de Castro Nunes...

Tendo realmente na Alma do Poeta Deus despertado, terá cumprido de seu caminho
a real e mais preciosa meta.

Sê então com Ele, caro amigo João de Castro Nunes, pois em verdade o viu fora, no céu,No bater das asas da águia do Marão – que bela imagem, caro João – viu-o também nas alamedas, nos versos do poeta de Gatão...

E como não haveria de estar nas vozes dos lentes de Capelo, se foi por elas que também andou a vê-lo?

Pois se andava e anda ainda por aí, como não haveria de andar em si?
Sendo como é o ar que respiramos, sendo como é o sol que nos alumina, como não seria à noite a áve, que triste pia?

E então? Onde um mero milímetro de espaço físico e metafísico existe algo sem estar dentro Dele e Ele dentro dessa ínfima porção?

Como não haveria de animar a alma do Poeta, que em versos translada a sua forma mais bela na arte do verbo, se foi, segundo a doutrina a sua primeira manifestação?

Não andasse aí, como andaria em outro qualquer lugar?

Embora ande em toda a parte, só desde aí a Ele se pode chegar, pois do lado de fora não há escadas nem degraus para subir ou até descer até Ele!

(Com vossa permisão gostaria de publicar "Revelação" no Face)

segunda-feira, 5 de março de 2012


*


                                      Revelação



                 Eterno Deus! que errado tenho andado
                   
buscando-te nos céus, de ponta a ponta,
pelas estrelas, tendo-te ao meu lado,
dentro de mim, talvez, sem dar-me conta!


Procurado te tenho, vê tu lá,
no bater de asas da águia do Marão,
nas névoas luminosas da manhã,
nos versos do Poeta de Gatão.


Busquei-te até no chão das alamedas,
no pó das vulgaríssimas veredas.
na douta voz dos lentes de capelo,


quando afinal, segundo o meu Amigo
Júlio Teixeira, eu tenho-te comigo
no coração, tão perto, sem sabê-lo!


             João de Castro Nunes