sábado, 17 de março de 2012

O Peregrino e Parlapatão.


Dai-me senhor o poder de síntese! Afastai para longe de meus ouvidos, senhor, os parlatatões!
Eu quero apenas responder as três indagações herméticas e saber quem sou de onde venho e para onde vou!
Ouço sempre uma voz que me diz: “se você ficar feliz diante de uma criança sorrindo; se pela manhã a luz do sol traz alegria e contentamento, começou o processo de saber quem você é!”

Quando penso que essa voz se calou, ela torna: “se você ficar feliz ao ver as pessoas rindo, alegres, já não precisará compreender a natureza do sol nem das estrelas, pois as suas essências já vibram em sua alegria!”

E então eu me pergunto: o que é sagrado e em que língua o sagrado nos fala? Sagrado há de ser
tudo que pessoalmente co-sagro, e todo sagrado que eu não profano é a língua pela qual o sagrado me fala.

Conquanto estando certa feita ouvindo um paralapatão discorrendo sobre as bananas que eu trazia da feira, de tanto ele falar até me sentei, pra que os ouvidos aturdidos não causassem
o meu desequilíbrio, enquanto o parlapatão prosseguia falando da teoria das bananas, a única palavra que se podia entender a meio a tantas inúteis palavras o parlapatão falava sem dizer nada.

Levantei-me de pronto e retomando o leme mental peguei as bananas, segui meu destino e sem jogar a cascas das bananas no chão, que nem as descasquei, ainda assim o parlapatão escorregou nelas, depois de uma tremenda derrapada pelas palavras que despejava boca afora!

Não sabe certamente o que é sagrado, nem tampouco a sacralidade da língua!

Hoje, passados aqueles tempos repito a voz e vos digo: “se sois capazes de vos alegrar com as crianças felizes; se sois capazes de vos alegrar com a felicidade alheia; se sois capazes de vos indignar com os exterminadores de insetos, sem necessidade de nos livrarmos de insetos; se vos alegrais com o canto dos passarinhos; se fordes capazes de com lágrimas nos olhos sorrir de puro sentimento de amor ao mundo...

Não tendes mais necessidade de desvendar as estrelas, nem as galáxias, nem o próprio universo, pois estarão convosco conspirando pela harmonia da síntese e sentindo o pulsar do coração cósmico, dentro de vós.

Mas, todavia graças a já terdes viajado pelas galerias profundas do saber, pois é desse conhecer que tendes agora o sentir, quando aflora vivo, consciente e amoroso o Ser Real

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