sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

CONSCIÊNCIA

Alheio ao mundo lá fora, completamente ignorante do que seja o mundo interior, por uma espécie de venda mental êxui de mim qualquer possibilidade de compreender qualquer coisa.
De tal forma que o não compreender representa completo alheamento de contemplação e plenitude.

Compreender, opostamente ao analisar e por dedução analítica desvendar o que se observa, estabelece enorme diferença entre as duas situações; de modo que este não compreender está para aquele compreender como a sombra está para a luz: enquanto a luz ilumina e é por si real enquanto brilha segundo a fonte.

Também a sombra tenta compreender a luz para nela inutilmente se converter, subvertendo a sua função de sombra, que não passa de uma espécie de carvão ou tela negra passageira a refletir à sua maneira e modo um filtro à luz.

Estar alheio ao exterior e ao mesmo tempo ao interior, não significa inconsciência ou ausência da razão, nem insanidade...

Senão apenas cessação do processo de raciocínio. O compreender, que neste caso é o não compreender, refere-se ao todo e não às partes. Enquanto compreender em termos clássicos da expressão limite-se às partículas observadas, nem sempre desvendadas de acordo com o sistema separatista cartesiano a sua ligação com o todo.

Naturalmente devido a sua complexidade e falta de comprometimento com o todo, ao qual se ignora por absoluta incapacidade da razão executar essa tarefa.
Apesar das longas pesquisas médicas submetidas àquele sistema do filosofo francês apenas os laboratórios farmacêuticos e as especialidades médicas sejam beneficiados.

Enquanto os pacientes, a exemplo das sombras servem de filtros ao terem medicado especificamente um sintoma de um órgão, para o qual se desenvolvera uma droga, que raramente funciona.

Também a Deus fazem a mesma coisa, vendo-o só nas pequenas partículas. Sejam as religiões sectaristas, sejam as crenças mais inocentes e primárias. De algum modo têm esta característica da separação todas as religiões, o que lhe confere uma visão absolutamente relativa e uma maneira estranha inconsciente de negarem deus, falando em vão o seu nome, ainda que, ao mesmo repitam gritando...

Três grandes cismas da igreja romana deram origem a ortodoxos, luteranos e calvinistas, e provam irrefutavelmente essa divisão. Afinal, sendo Deus único e verdadeiro qualquer conceito que o difira também nega, mas esta questão das religiões não carece de grandes comentários quanto à sua pobreza da visão divina.

Mas de algum modo todo o sistema ocidental é separatista, por estar fundamentado nesse modelo.

Compreende então eles não compreenderem o que resultará de uma atitude não de concentração, mas de um estado semelhante ao da contemplação. É um ver com o sentido interno da alma, é um sentir com os olhos abertos do ego sensível. Um tatear com as narinas, um saborear com o ritmo do coração a pulsar em estado de quietude. Absorver do meio universal através do pequeno inseparável do todo; portanto, o todo.

Carece este conceito uma maior fundamentação, mas essa a deixo por conta dos detalhistas, que por semelhança são também cartesianos cujo envolvimento já lhe rendera o titulo de pai das vítimas da maldição do século.

Não sei quem é o autor desse título, mas por havê-lo retido na memória, é certo que se trata de comentário de pessoa muito séria, provavelmente um dos físicos que ousam aproximar aquela ciência com a metafísica, aonde brutalmente o sistema ao qual vimos a citar aparece como o grande vilão do Ocidente.

Sem medo de ser eu crucificado, a filosofia moderna tanto a vertida pelos franceses quanto a que fascina o norte americano com seu pragmatismo cruel e as do alemão que segrega em vez de unir, deveriam mergulhar no passado e revisitar suas origens pré-socráticas e seqüentes desdobramentos...

E eu digo isto sem ser um profundo conhecedor deste assunto! Mas como salta aos olhos, atrevo-me.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

JULIANA E OS GÊMEOS



Já no ocaso da minha cota de tempo vital medida em dígitos de prana, opostamente à das três crianças da casa, vai a minha vida amarelando pálida e triste e só da presença delas adquiro um sorriso especial, colorido. Talvez mais apropriadamente seria dizer ser o único colorido possível, neste outono de barbas e cabelos brancos e já bem endurecidos pensamentos.

E até o cálcio que aos ossos vai faltando parece subir à cabeça, e uma vez aí endurece os neurônios. Evidentemente que não é possível cristalizar o pensamento, mas os neurônios em parábola triste sim, engessados numa cápsula calcária de cor bege já no final do outono.

E com poucas lembranças do verão, só a imagem real do véu escuro descendo na frente do o sol, apagando em definitivo a ilusão de que brilha o sol o dia inteiro no outono e para todos!

As folhas secas pelo chão ao sabor do vento apagam a fantasia e dizem com fria realidade não mais haver qualquer ensaio de primavera, que por ventura e atrevidamente se apresente, à memória. Barbas e cabelos brancos tanto quanto os pés cansados, denunciam o inverno, finalizador de um ciclo.

Mas ainda, das crianças, o colorido mágico de muitas futuras primaveras extrai do caos um frágil elo de esperança, lá o fundo íntimo, da alma. Do rosto já não é possível num gesto de carinho apagar as marcas do tempo, de quem aqui ainda anda, mas logo mais partirá, sem pátria e sem glória. Não aquela glória pela qual e por vaidade perde-se a vergonha e a honra para conquistá-la, que essa glória nunca foi nem sombra sequer de um desenho mórbido de um desejo egoísta.

Não a essa falsa e breve glória, refiro-me a outra sim aquela glória mansa, que apascenta o coração dos homens bons... E se essa não tenho, não porque eu seja mau, mas porque como pode extrair ou usufruir paz quem pense um bocadinho mais, e veja a cor do mundo indo todo monte abaixo, que nem os poetas se pretenderem viver a altas idades hão rir e festejar a paz, se ainda em guerra vão as gentes. E eu como nem sou poeta nem desejo viver altas idades, apenas vivo o drama de ser fantasma de um ego real, que se fará em mim feito por mim... Ah se fosse poeta talvez poeta cego, surdo, mudo.

E também como as almas dos poetas são tecidas de tédio e saudade, embora não fale das almas dos poetas pela minha, para que o amargor não seja “félico”, e possa por isso aos verdadeiros arautos furtar o subir das masmorras físicas aos arquipélagos do sonho, sem dor; a alma dos poetas, evidentemente, e não a daqueles outros estranhos poetas, nem os arautos da modernidade, quase sem alma, embora grandes vendedores de livros!

Já aqueles inteiros poetas cuja poesia o mundo jamais conhecerá, gozam gloriosamente ser inéditos e, portanto eternos. E esta há de ser a verdadeira arte dos verdadeiros poetas. Mas tendo ele deixado este mundo ainda jovem, sem a ter escrito, nem sequer pensado ou sonhado a sua poesia, deste colorir-se-á o céu com as raríssimas flores da sua arte. Destes, infelizmente eu não sou nenhum! Entretanto sei olhar, sei respirar, sei ouvir e às crianças ouço, respiro melhor por elas, olho mias belo por elas e aí há poemas universais, escritos em cada gesto espontâneo e livre de cada uma que ainda nem fala!

Para quem lê os poemas que o rei dos poetas escreveu nas páginas do tempo com estrofes magníficas na forma de pequeninas pessoas sim! Pois sim, há crianças! E ainda que muito bonitas crianças, serão apenas crianças? Ou serão poemas luminosos em essência, mas podem ser maculados, se houver mãos sujas! Tomara sejam poemas esperanças de fraternidade, onde a mácula adulta não alcance e contamine!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

SATURNO



Satanás Sat-ur-anás sentou-se no trono de Saturno, e de lá comanda o seu reino. Quando pisa no acelerador tudo corre; e com as coisas correndo, com elas corre o tempo, corre a vida.

E quem não se apressar, antes daquele magnífico prado verdejante com amplas e largas alamedas povoadas de aves raras e indescritíveis delicias, verá apenas um mísero quintal com umas poucas e mal nutridas galinhas no seu pequeno e sujo terreiro.

Isto é sério, e não é ele – Satanás – sat-ur-anás tão feio como o pintam! Há até quem diga ser Ele a mais Bela Estrela do Eterno!

Mas o trono de Saturno encerra duas distintas e próximas metáforas: numa conta o tempo, noutra a velocidade do movimento. Como são metáforas podem ser interpretadas como os crentes investidos de pastores de gravata e poucas leituras interpretam ao próprio Satanás sat-ur-anás...

Mas se ele está muito acima dessa cegueira mental e ligado a um Planeta, como um destes interpretes cego pode falar dele, se não sabe distinguir um planeta de um cometa, um frango de um peru, uma formiga de um rato ou um berro de um solfejo?

Mas falar de Satanás, sat-ur-anás, mesmo que não saiba o que diz ainda se desculpa; porém falar em nome de Deus é no mínimo uma grande heresia, porém heresia enquanto sinônimo de burrice e não de “diferente”... Pois que eles não sabem mesmo o que seja heresia; e convenhamos, é de fato uma grande asneira, posto não haver diferentes para sempre...

Evidentemente no sentido etimológico do termo e não usado pelas igrejas.

Mas deixemos estes por fora, que aquele misterioso personagem tem um mérito inegável: direta ou indiretamente obriga a olhar o outro, nem que seja pelo terror devido ter-nos concedido a individualidade... Pena que ainda muitos, apesar disso, não vejam o semelhante sem que nele projetem o seu inimigo; ou na melhor das hipóteses, caso não pertença à mesma seita, um ninguém.

E isto é fruto de muitos distúrbios e disfunções da personalidade, que juntamente com o fanatismo fruto da ignorância, não permite se reconheça o outro, como igual, salvo houver extrema necessidade e se precise de um aliado ou de um simples favor...

Obstáculos e desconfianças geram sempre muitas barreiras que precisam ser vencidas; e ao longo da história, os grandes confrontos que resultaram em grandes guerras originaram-se da síntese desses pequenos confrontos com o próximo, numa crescente onda de intolerância.

Assim como os movimentos coletivos em prol de uma causa benemérita seja o resultado de um despertar lá nas profundezas de um ingênito sentimento solidário, ou talvez um pequeno reflexo do amor universal, ainda sepultado pelo egoísmo; mas que, ainda e apesar de tudo, resiste e sobrevive.

Ainda assim Satanás precisa ser mais bem esclarecido... Evidentemente fora dessa questão bem e mal, e muito distante e bem além dessa avaliação que dele fazem os pastoreados de todas as crenças, temerosos de um algoz que eles próprios criaram...

Todavia Satanás continua sentado no trono de Saturno completamente redimido, mas o seu representante negativo está agora com quem o criara, para dessa imagem obter vantagens e dessa forma é que adquiriu corpo pelas constantes formas pensamento; e está neste momento em alguma igreja “mundial” ou episcopal do evangelho do terceiro ou do primeiro ao décimo dia de uma ordem, que deveria ser quarta...

Por se estar na terra; e só por isso e não por outro motivo é que deveria ser quatro, onde o cinco é o grande gerador do movimento. (???)

Possuindo muitos personagens, inclusive Satanás que afugenta os crentes temerosos obrigando-os a se esconderem atrás de uma cruz, na qual crucificaram o seu irmão, a quem tomaram naquele momento por ele e hoje chamam de Jesus. Mas isto fica para depois da contenda, se o permitir o Quinto! (...)

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Canção só possível em silêncio.




Por não saber cantar, não sei por que faço uso das palavras, por falar!
Ah, se eu fosse Camões, mas eu não sou que divinamente cantasse em língua lusa
Uma canção, em que refulja um refrão, que ninguém nunca cantou!

Mas como também palavras eu não tenha pra cantá-la,
Também não tenho Guitarras para acompanhá-la,
Não, nem melodia eu tenho pra compô-la!

E então e assim não sei por que, não sei por que não me calo,
E ainda mesmo assim eu falo embora cantar eu não cante!
Embora ao falar por falar, não cante não cante...

Embora sem cantar falante, embora eu fale, me atreva a discordar.
Atrevido ao discursar, me atreva a não ouvir, embora falar nem devesse!
Nem devesse, já é hora de partir, novo dia amanhece,

E por também nem a sorrir me despeça e num instante a seguir...
De repente emudecer, calar, calar, calar, sem nada dizer...

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

“TERCEIRO MILÊNIO”







Grandes temas afligem uma pequena parcela da humanidade, enquanto a maioria segue desfrutando o gosto amanhecido da vontade primária.

E não existem nesta maioria muitos níveis, sociais. E o que os nivela no mesmo estado de consciência, sejam ricos ou pobres, infelizmente é a ignorância quanto aos deveres de cada cidadão, que vem antes de qualquer direito, em relação aos elementos vitais indispensáveis a uma existência pacífica, dentro do planeta Terra.

Com a vontade primária orientando a maioria desde os primórdios tempos da existência humana relativa à manutenção da espécie, só alguns poucos conseguiram já romper tal barreira, mas se por acaso se disponham a orientar, clamam no deserto...

E é assim florestas vão sendo devastadas, toneladas de lixo aéreo a cada momento lançadas no espaço, toneladas de lixo orgânico acumulam-se ao longo dos rios e riachos, conquanto o pior lixo, invisível penetra pelos ouvidos receptíveis dos filhos da vontade primária, e alienados não conseguem romper as amarras de ferro, onde vão presos; e a humanidade é o que é, às portas do terceiro milênio!

Existem previsões terríveis para salvar o que resta de positivo no homem, e seu habitate: grandes tragédias financeiras, enchentes devastadoras, energias telúricas imprevisíveis cumprindo o seu papel na versão dolorosa, pois quem não aprende com amor, aprenderá pela dor.

Verdadeiras prisões mentais forma instaladas no seio da humanidade por líderes falsos, tanto no aspecto social, quanto na crença de um deus humanizado, que só fazem o jogo maldito, esses líderes que lhe tomam o suor, ainda que esses falsos profetas se esqueçam de que esses pães tomados da boca do pobre são em verdade excrementos, expelidos pela vontade primária.

Nada disto é já uma novidade, pois de há muito vem sendo anunciado pelo Verbo Solar de todas as épocas através de Cristo, Buda Maomé, Pitágoras e de um misterioso José...

Pouco importa se os sectários seguidores de uma seita teimam em negar a outra, como se a Divindade estivesse sujeita à vontade primária deste ou daquele líder e seu rebanho, mas tirem o cavalinho da chuva, que não está!

Também outras levas vão pelo caminho devastando, cegas, propriedades alheias, pisando nas leis, angariando desocupados, constituindo-se no grande contingente de um cortejo fúnebre, aproximando-se rapidamente do caos.

Mas dos restos mortais de “tudo quanto a musa antiga cantava” renascerá qual flor do lótus a fênix das próprias cinzas! E voará bela, heróica outra vez porque a vida não pode parar!

Fazendo justiça àquele que em boa hora renunciou ao divino trono para acelerar o ritmo da evolução, e porque tivesse pressa aumentou a marcha evolutiva por este mar pesado, que agora corre em ritmo forte.

Todavia transcendente a este mar e a este caminhar do pequeno planeta chamado Terra, transcendente a esta pequena parcela de seres chamados indevidamente humanos que desgovernam o mundo, resolveu que deveria andar cada um com seus próprios pés, e a colher o que plantasse, pois ainda que divinos, todos em essência, ainda poucos sabem disso.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

UM NOME





Escrevi meu nome numa folha velha e decidi lançá-lo ao vento, na primeira soprada forte que passou por mim.
Acorde não se ouviu do encontro do vento com a folha, nem olhou para trás a ver quem lançara aquele nome escrito na folha.
Algum tempo depois, já esquecido dele, juntamente com umas folhas de árvores secas e uns gravetos velhos veio ter aos meus pés, desfigurado na velha folha toda amassada.
Fiquei deveras muito triste ao vê-lo assim esfarrapado, mas rapidamente compreendi que eu não sou ele. Não, eu não sou aquele nome.
Existo sem ele, mas ele não existe sem mim. Ele é somente um nome sem sujeito. Seria eu o seu sujeito, mas não sou mais depois que o lancei ao vento.
Hoje, farrapo inútil, será ainda substantivo próprio se alguém o adotar; senão, não é nada. Abdiquei dele para que seja apenas um nome qualquer, que lancei ao vento escrito numa folha velha.
Porque numa folha velha? Inconscientemente sem compaixão. Escrito no papel rasgar-se-á e na primeira água se diluirá.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

HOMENAGEM AO MESTRE




Minha primeira indagação tão logo acorde é perguntar-me, quem sou eu? E nesse momento peno todas as culpas psíquicas, sofro o desconforto e desconfiança emocional e me recrimino, caso no dia anterior tenha seguido pelos desvios do caminho, burlando a regra que determina o rumo de ir a mim pelo caminho do meio.

É verdade que não é esse rumo muito claro, nem a linha divisória perfeitamente definida que separa uns de outros caminhos, nem os possíveis desvios assinalam com exatidão a trilha correta entre o certo e o errado, mas como é um centro, vale!

E então ante a precariedade cognitiva e a fragilidade sentimental de mero ser humano dou de ombros, e no ato seguinte me auto-absolvo, certo de que vou a fazer o que é possível, em “vigilância dos sentidos”.

E é assim e à minha maneira que eu continuo buscando o meu pessoal ar, a minha oculta cor, - que ninguém vê as cores como eu vejo - o meu inconfundível e agradabilíssimo paladar, o perfume singular... E o quase agora, que ainda não sei o que seria totalmente supremo e único, o meu pessoal amor.

Mas sendo este meu andar a única fórmula de seguir redescobrindo-me respiro fundo a cada manhã, ao levantar-me, e aí descubro estar vivo pela ardência nos pulmões, provavelmente pelos longos anos de ex fumante.

Sorrio então levemente, com convém a um sorrir contido e penso com os meus botões: como são ingênuos aqueles que me vendo sorrir alegremente pensam não haver mais espinhos, em meu caminho! Vendavais não, esses não!

E mesmo quando os houvera foram tão passageiros, que num breve piscar de olhos desapareceram; e por ser tudo passageiro, pois realmente tudo desaparece na impermanencia das formas onde há homens, onde há ondas, onde há animais...

Sim, onde há fêmeas, machos e bacanais, há ondas invisíveis e lascivas levantadas, inevitáveis passagens de um estado ponderado a outro imponderado e funerais... Éticos, certamente morais e de corpos!

E como há homens até abaixo de onde há animais... Seguirei este meu pessoal caminho até esgotar o meu ente funeral, que é físico, porque sei, o meu não sei é metafísico...

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

ANTÍTESE DE ESPINHO




Por causa de uma rosa despetalada, rompeu-se uma grande bolha no céu; e por esta fenda tremenda, o sol escaldante tornou-se infernalmente ígneo... Em fogo, vulgarmente dito.

Quem diria que uma simples rosa despetalada causaria tamanho dano ao cosmo? As grandes florestas do mundo devastadas precipitaram a queda do céu aos pedaços; e o homem, outrora reflexo de estrelas, é hoje mera sombra vazia ou carvão, daquele que fora e alimentara alhures a esperança de Deus.

Afinal, fizera-o à sua própria imagem! Pena que não vingara. Deslumbrado com o próprio reflexo no espelho, tal Narciso com instinto de artista, saiu cantando e destruindo tudo insanamente e não percebeu quando a essência o deixou.

E prosseguiu embriagado a rir como um palhaço, vestido de arlequim dando vida à própria sombra. Felizmente existem crianças, e também alguns adultos valorosos da espécie humana!

Mas como essa sombra é só um fantasma, não possui densidade molecular, não se antepõe ao sol e nem é visível essa sombra astral! Antes fizera semelhante papel o inconsciente coletivo; este, porém, transcendeu e se libertou do estado vegetativo em que vive este homem que o projetou de si mesmo, numa forma inferior.

E esta sombra etérea no mais baixo astral da terra, passou a alimentar e a fingir de ser a estes contingentes de espectros quase humanos, de onde alguns ganharam corpo, voz, e em simulacros se vestiram de estadistas e desgovermam essa gente.

Sombras das sombras dos homens de outrora e de alguns do presente, mas viva o futuro! Porque, como o disseram, homens e crianças ainda existem!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

ÁRVORE PÁTRIA





Eu sou aquele viajante que partiu de sua Pátria um dia, e nunca mais voltou. Desde lá caminho sem parar e o faço apenas pelo dever de caminhar. Tenho noções do rumo, mas não sei exatamente onde irei ter. Não seguirei à esquerda cega, nem à direita gulosa. Mas não deixo de seguir a minha estrada, ainda que o faça sentado na calçada de qualquer esquina da vida, onde seja possível pensar. E este pensar é sem dúvida o meu único e possível caminho.

E se eventualmente nele encontrei espinhos, hoje já me não ferem. Embora os sinais indeléveis marquem meus pés e a minha alma. Mais a alma do que aos pés; todavia grato lhe sou por tudo quanto colorido há no mundo e a meus olhos permitiu que eu visse.

E há agora um pouco colorido em meus dias, onde outrora existiram lágrimas, que grande tolice, e às vezes em crises profundas mágoas, que grande asneira!

Não as choro nem as sinto mais daqueles espinhos, mas como as pedras brutas pelo caminho ainda ferem quem por elas ande... Alguns obstáculos ainda hão de existir, para me acordarem e lembrar, mas já sem às lágrimas segregar. Para quê? Chovê-las por serem líquidas, ou vertê-las por serem tristes e espúrias? É possível ser triste sem chorar, salvo precisemos lubrificar as pupilas e manter os olhos abertos sem sofrer.

Este é o código dos navegantes; e estas são as armas dos guerreiros da paz. Existem outras, mas a essas outras não as conheço. Não permite minha humilde formação conhecer muitas coisas, nem sou culto para depositário de algum saber mais alto ser.

Contenta-me o andar calmo e leve sem grandes pesos carregar, que os meus ombros fracos não agüentariam grandes “bens”... Talvez tenha sido até um pouco indolente com os bens mais caros, mas ainda assim vale-me o sacrifício de seguir mais livre e sem patrimônios a prenderem-me a qualquer lugar.

Ao vento suave que ao passar a brisa sopra-me o longe, o incógnito, exalto em louvor quando o sol quente aquece-me a cabeça e a faz vacilar na direção incerta. Mas louvo ao sol, como não poderia deixar de fazê-lo pela luz e pela vida verdejante à beira do caminho colorindo o mundo, para quem passa.

E para não dizer que não sou nada, digo que sou o caminhante sem pátria; mas não sem pátria do ninho onde nasci e onde estou e vou agora! Sem pátria das regras, sem pátria dos preconceitos, sem pátria dos códigos secretos, sem pátria dos politiqueiros, sem pátria dos ditadores que sem pátria vão por eles muitos desvalidos em pátrias dos de ninguém, sim.

Minha verdadeira pátria é o universo, mas é também minha terra humilde; e como Ele disse é “minha língua”, meu coração, o meu pensamento, meus irmãos do mundo e se o conheço e dele possuo ainda que um mísero e parco entendimento, é também o meu Amor.

Mas a verdadeira pátria é a árvore da vida universal, onde consciente ou inconsciente estou a pensar e a sentir – e se no fim nisto se resumir o ser, sou um ser... Patriótico sem pátria, porém sou um homem pátrio da minha língua e do meu sangue.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Brasil Carnavalesco? Ou de pão e circo?


Caros amigos,saudações fraternais.
Antes de qualquer outra coisa quero pedir desculpas, por falar de política,
mas urge que se faça alguma coisa no país de Henrique, Cabral, Badezir e Outros em quem poder não teve a morte, como diria Camões.

Não posso, entretanto deixar de escrever e protestar contra
o que vai sendo vendido numa midia comprada e comandda
por Franklin Martins, - muito mais astuto que Goebbels de Hitler –
pois este frank no comando de sua turma transforma o Brasil pobre
de renda per-capita nem sei quantas vezes menor que a de um americano,
por exemplo, ainda que em crise.

Não sei com fechar os olhos para estes desmandos, e enquanto isto
o povo eleito vai sujeito a uma esmola, porque uns esmoleres
mentais cujos egos insaciáveis tendo no tronco um mito, rodeado
pela turma da Quadrilha, - segundo a denominação do Ministério Público Federal,

è um inépto por natureza e não passou na primaríssima prova perdendo
para uma máquina de único movimento, e a ele, supostamente pensante
tomou um dedo e logo, o de Mercúrio?

Mas ao longo do tempo vociferando mentiras fumando todos e todas bebendo,
não seria super-homem bastante que umas céluas em si mesmo
não reproduzissem por auto-aporte o que fora o tempo todo ele insuflou
com revoltas e sabotagens.

E naturalmente que a natureza não dando saltos, o Eterno não se contardiria
de forma estranha, senão convergindo os efeito o acometesse
na área de confluência e na sua laringe disparasse o alerta.

É que no historico dele, ao chegar lá em Brasilia tratou de acalamr
os seu revoltosos Oficiais com muito dinheiro, à vontade mesmo,
e às massas numa traição à Lei subjogou com esmolas calando-lhe a boca.

Entretanto este não é o país de Henrique José de Souza, de Cabral,
de Badezir, do povo eleito, a Arca de Noé da Raça Dourada, ora infectada de ratos
fingindo e corroendo as reservas naturais, degradando a Alma Guerreira do Africano,
abusando da doçura do Tupy e negando a igualmete garra
e o contentar-se com pouco, mas legítimo suor do seu rosto, do Lusitano
e a todas as cultura aqui presente negando e impondo só mentiras e farsas...

Mas este, definitivamente não é país que a turma do quartel general
de São Bernardo quer manter de pão e circo, cujo dolo
esses simulacros nem imaginam quanto custará e pesará na Barca do Eterno!

Neste momento quanto lamento não ser discípulo de Camões,
para bem-dizer e mau discipulo de Henrique, por pouco compreender,
mas alguma coisa eu sei da Barca do Eterno em solo brasileiro.
(E da presença do Sangue Real entre nós, e este tem de ser mantido)

E de imediato é necessário acabar com os ratos ainda que,
vestidos de Armani num conjunto cujo custo é de mais de 35.000 reais,
mas para apenas enfeitar, um gafanhoto mental?

Ora, ora Senhor Reitor!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

VITÓRIA DO LÍRIO




Não sei o que seria de mim, se a minha alma não fosse simples como o lírio do campo! Nas crises profundas, o simples orvalho da manhã revigora o lírio e refrigera a minha alma.

Muitos orvalhos de varias naturezas alegram a minha alma. Um simples gesto de cortesia, de alguém que passa na rua, o sorriso puro de uma criança, pronto...

Mas os orvalhos são como as gotas do sereno noturno, em manhã fresca cediça ao dia quente e ensolarado. Vale aquele momento e não é possível prolongá-lo para dar alegria onde há tristeza e meia morte... meia morte em tese para que por analogia não haja meia vida e meia verdade.

A medida adquirida pelo meu entendimento da simplicidade, e como ela deve ser ante os gestos mais comezinhos de civilidade, não a quero por aí a servir de padrão, nem a medir arquétipos de nada. Vale aqui como mero registro de quão raros são os gestos brandos, do mundo.

Resta-nos o sorriso das crianças, o sorriso inato. Felizmente minha alma é simples como o lírio do campo, que vai sobrevivendo no pequeno espaço que ainda lhe resta; cada vez menos espaço e menos campo, mas sobrevive.

Apesar das tragédias, a poesia, semelhante ao lírio também sobrevive. E se a questão se resume à sobrevivência, não é necessário dizer mais nada; afinal, heroicamente a vida resiste, restando-nos lamentar as espécies já desaparecidas.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O dia em que a Mentira roubou a roupa da Verdade



Quem mandou a verdade, burra, ingênua, pura tomar banho nua, no lago?
Não contava, mas devia contar e se prevenir contra a astúcia da mentira!

Já àquela altura rondava e às escondidas espiava, para onde a verdade fosse!
Deveria prever e não deixar de fora a sua imaculadamente branca paramenta,
como deixou, para a mentira roubá-la, como roubou!

Hoje, defecada e nojenta vai dsifarçada em caríssimos cortes e talhos
de marca exclusiva dos reis e rainhas, de Brasília, não de branco,
mas na mais descarada e deslavada mentira!

Pobre verdade! Mirrada se esconde e vai hoje qual frágil criança
mal nutrida, aviltada e servindo de escárnio e chacota aos ratos
vestidos de ARMANI, perfume importado e outras ferraris e barcos
que só lhes falta voar!

Apesar de voarem a maior parte do tempo de cá para lá e de lá para cá,
a-torto-e-a-direito!

E olhem bem, o que a mentira vestida dessa gente fez:

Quando ouvimos frases como as escritas abaixo, infelizmente temos que engolir e ficar quietos!!!

"O Brasil não é um país sério" (Charles de Gaule).

"Que país é este que junta milhões numa marcha gay, muitas centenas numa marcha a favor da maconha, mas que não se mobiliza contra a corrupção?" (07/07/2011 Juan Arias, correspondente no Brasil do jornal espanhol El País)

Um motorista do Senado ganha mais para dirigir um automóvel do que um oficial da Marinha para pilotar uma fragata!

Um ascensorista da Câmara Federal ganha mais para servir os elevadores da casa do que um oficial da Força Aérea que pilota um Mirage.

Um diretor que é responsável pela garagem do Senado ganha mais que um oficial-general do Exército que comanda uma Região Militar ou uma grande fração do Exército.

Um diretor sem diretoria do Senado, cujo título é só para justificar o salário, ganha o dobro do que ganha um professor universitário federal concursado, com mestrado, doutorado e prestígio internacional.

Um assessor de 3º nível de um deputado, que também tem esse título para justificar seus ganhos, mas que não passa de um "aspone" ou um mero estafeta de correspondências, ganha mais que um cientista-pesquisador da Fundação Instituto Oswaldo Cruz, com muitos anos de formado, que dedica o seu tempo buscando curas e vacinas para salvar vidas.

O SUS paga a um médico, por uma cirurgia cardíaca com abertura de peito, a importância de R$ 70,00, bem menos do que uma diarista cobra para fazer a faxina num apartamento de dois quartos.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

MENSAGEM



É necessária, tanto para o canto quanto para a poesia a coroa de altos louros da arte; ou o rés-do-chão, para os rudes artistas, como eu.

A minha arte, se é que se pode chamar arte à baixa parte ao rés-do-chão, inculta e rude, foi escrita por mim inteira, tal como pensada e sentida, e na forma como está de algum modo padrão popular de poesia inculta, e prosa pobre, sem regra, porém livre e inocente, embora totalmente marginal.

Em língua portuguesa, certamente belíssima e imensamente rica. E isto é quanto basta se for compreensiva e de algum modo encerrar uma mensagem que leve a pensar, e de alguma natureza contenha essência. Afinal, reuni palavras e juntei pensamentos na pura intenção de criar com conteúdo e alma – uma mensagem dirigida a alguém – e sempre que escrevo exercito o direito universal a mim facultado quanto a dizer alguma coisa, que desejo útil e dirigida a quem a leia.

Era isto que o tempo todo queria dizer e não conseguia. Porém hoje, finalmente posso afirmar: Nada tenho a dizer, em definitivo a ninguém, ninguém nada me diz em caráter permanente.

Embora a arte prossiga e para prosseguir precise de muito trabalho, que é o único modo dela se concretizar.

Por isso continuam necessários tanto para o canto quanto para o contracanto bem como para a poesia o catálogo e o gênero, a coroa de louros e o rés-do-chão.

Entendam isto como quiserem, mas estas coisas são o que são na forma e na moda, no canto e no choro, no preço e no peso, enredo, sorteio... e rés-do-chão.

Entenda-se por rés-do-chão não a qualidade do produto, que pode até ser o caso da falta dela, mas este presente e específico modo de o dizer referem-se ao rés-do-chão do abandono, ao estado do artista, quanto ao ânimo, a modo, e ao mundo.