sexta-feira, 7 de maio de 2010

EFEITOS SEM CAUSA?

Queridos amigos e amigas, a sorte está lançada...
Começa aqui a publicação, de minhas prosas.
Vossos comentários absolutamente bem vindos servirão de estímulo para um futuro livro. obrigado

EFEITOS SEM CAUSA?

Em manhã incrivelmente clara, o sol transpassando a tênue penumbra da noite que se ia esvaída pela luz, deixava meu coração entristecido e vazio; e nem mesmo um fundo dramático de mistério havia, que o sol não permitia. Minha alma meio aturdida por que perdera o chão, da noite, se escondia atrás das cortinas da mente a brincar, tentando distrair a razão.
E em tempo integral, cada elemento insistia em tornar-se independente de mim; reclamando, autoritários, cada qual tentava impor a sua autoridade. Às vezes eu próprio sentia-me um estranho em meu interior, sem saber a quem atender: se da alma a emoção ainda com razoável grau de vaidade, ou à minha razão em tiroteio com o meu coração, quase sempre de mau humor e entristecido; o meu coração metáfora, de conceito amoroso, que insistia e reclamava seus direitos ingênitos, milenares, e não o coração músculo!
Eu sei que se entrasse na discussão esclareceria cada parte envolvida na disputa, mas nem sempre estou disposto a ensinar o óbvio a uns nem a outros atrevidos que não se tocam quando a seu devido lugar... Seguramente em separado tanto da alma a emoção, quanto da mente a razão seus conceitos são relativos quanto à realidade do ser, pois ao final serei apenas eu, mas eles não teem clareza de quem eu sou. E as dúvidas, em virtude de minha memória fraca só existem enquanto não lhes reafirmo a velha história da identidade real, que independente da memória fraca, se impõe por existir há muitos séculos: eu falo em séculos de tempo espiritual, e não em tempo contado pelo relógio, esse farsante inventor de horas mortas e de estranhos eus.
Mas também vez ou outra me apanho infantilmente a contar o tempo, em frações, quando de repente desperto e sinto vontade de rir das tolices inventadas pelo homem. Mas dentre as muitas tolices inventadas, não foi o tempo a mais estúpida invenção. Porém de nada vale nesta altura de ensaio literário apontar as inúmeras bobagens, inventadas pelo homem!
Que todas são estúpidas, todos sabemos, exceto aqueles completamente esdrúxulos, que não sabem nada. Ainda assim têm lá a sua atividade na máquina de fazer coisas, inclusive coisas de comer. Enquanto outros fazem artigos de luxo que não servem para coisa alguma, mas custam muito caro; por isso, o luxo, o consumo e a “frescuragem” que por aí abundam...
Já aquela invenção que ajuda a decifrar o indecifrável... Quem em sã consciência não sabe que o mais estúpido e reinventado ser psicológico é o homem, reinventado todos os dias pelo próprio homem, em algum divã voluntaria e involuntariamente? Mas que existem homens que não são estúpidos e não se reinventam de farrapos de outrem, é evidente que existem; todavia, quantos? E o que fazem para não serem estúpidos? Os grandes iluminados, cuja identidade adquire múltiplos nomes e personalidades que os identifica e diferencia entre os estúpidos, mais idiotas que não possuem a mínima inteligência para reconhecer a grandeza de Um enquanto Outro... Seja Ele Maomé, Orfeu, Jeoshua, ou até mais próximo seja em vida um grande e único atleta do século, o rei Pelé!
Todavia entre os mais estúpidos andam hoje muitos falsos e modernos cristãos, e por falsos e modernos cristãos se entenda todos os guardadores de rebanhos do Ocidente. (mas não os confundamos com o Guardador de Rebanhos de Fernando Pessoa, que aquele é magnífico, enquanto obra de arte!) Naturalmente excluiremos destes rebanhos ocidentais os não idiotas, mas como o assunto envolva milhões idiotizados, nem vale a pena citar as exceções, porque somem poucas; e estas não querem comprometer a sua palavra, que lhe é cara, nem correr o risco de alguma forma punidos, ou até de lhe jogarem pragas de hereges e incrédulos! Mas daí para baixo numa escala descendente abundam inventores de religiões e salvadores dos pobres, essas meras fantasias, e as mais inúteis invenções; estranhamente, muito semelhantes a qualquer fábrica de alimentos artificiais. Aliás, por falar em alimento a principal função destas religiões é precisamente diminuir o ímpeto das indústrias alimentícias, na medida em que toma o dinheiro do trabalhador, tradicional consumidor de alimentos, e agora pagador de impostos divinos. Isso mesmo, impostos divinos em detrimento da comida na sua mesa. Caso agravado, pois de algum modo já fora boa parte comida pelas máquinas de arrecadar, e a substância original de fazer alimento diminuindo diluída em matéria de impostos e dízimos, só para alimentar parasitos de igrejas e gabinetes presidenciais.
Mas seja qual for o destino, fatalmente a comida em outra comida transformar-se-á após comida, só não se sabe bem que espécie de vida vai alimentar... Várias espécies se servem de semelhante “comida” e celeiro, depois de concluído o processo e expelido pelos canais competentes...
Mas ainda uma boa parcela envolvida em disputas políticas e religiosas desmerece esta potencialidade fecal, elaborada pelo sistema involuntário e transformada em dejetos do alimento, porque façam parte de uma estranha parcela de gente, cuja máquina que os sustenta custa muito caro ao povo para ser mentida, enquanto órgãos religiosos e governamentais da nação.
Enfim, são tantas as inúteis invenções do homem, que o próprio homem precisa ser reinventado; infelizmente a matéria prima, por não haver outra terá de ser esta mesma; por isso não há muita esperança de que o produto final valha o custo dos operadores de milagres. E então, sendo assim é melhor deixar como estão, com todas as suas invenções inúteis, inadequadas regras, e mentirosas verdades. Mas, certamente, apesar disso e felizmente a morte redentora reduz a pó todos os inventos humanos, promovendo infalivelmente as necessárias reformas, sepultando todos os vilões.
Pouco importa se em cova rasa ou em luxuosos mausoléus, com missa cantada de corpo presente ou não.

Um comentário:

  1. Vejo luz no fim do túnel!
    Seria bom que muitos empresários e políticos pelo menos tivessem uma pequena percepção do que se diz nas linhas e entre linhas desses textos!

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