sexta-feira, 11 de dezembro de 2009


O SONETISTA

Maquineta me chamam de sonetos:
honrosamente o sou; mas é preciso
não confundir bom-senso com juízo
nem africanos em geral com pretos.

Fazer sonetos não é tão-somente
meter palavras dentro do aparelho
e dar à manivela sem que a gente
distinga o cor-de-rosa do vermelho.

Antes do mais é necessário ter
suficiente engenho como teve
Luís Vaz de Camões, a quem se deve

a perfeição maior, e não sofrer
de falta de sentido musical
e miopia de ordem cerebral!

JOÃO DE CASTRO NUNES

4 comentários:

  1. Lá quando em mim perder a humanidade
    Mais um daqueles, que não fazem falta,
    Verbi-gratia - o teólogo, o peralta,
    Algum duque, ou marquês, ou conde, ou frade:

    Não quero funeral comunidade,
    Que engrole sub-venites em voz alta;
    Pingados gatarrões, gente de malta,
    Eu também vos dispenso a caridade:

    Mas quando ferrugenta enxada idosa
    Sepulcro me cavar em ermo outeiro,
    Lavre-me este epitáfio mão piedosa:

    "Aqui dorme Bocage, o putanheiro;
    Passou a vida folgada, e milagrosa;
    Comeu, bebeu, fodeu, sem ter dinheiro."

    Manuel Bocage

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  2. Júlio

    só deixar aqui, para ti, Votos de um NATAL muito feliz, à dimensão daquilo que saibas desejar.
    E para tua Família, e tua Cidade, e teu país

    um NATALÃO

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  3. Há um provérbio chinês que diz: antes de escrever um livro é preciso ler mil.
    No que diz respeito à poesia devíamos ser ainda mais exigentes: antes de escrever um poema as pessoas que se julgam poetas deviam ler 100 mil poemas e rasgar as primeiras 100 mil tentativas. Mas, como se sabe, isto é um país de poetas e não de leitores de poesia.

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