sexta-feira, 19 de março de 2010

DESESPERANÇA

Descobriu-se após o sol nascer e ao terreno clarear, que as ervas daninhas, durante a noite tomaram todo o campo e seu plantar.
Mal plantado, como se fora a lavoura uma eleição, plantara-se mudas de má qualidade, fazendo-se da seara uma desgovernada nação.
E em vez de mogno plantaram “vacas”; em vez de pinho plantaram o espinheiro; em vez de sábios elegeram tolos; em vez de trigo semearam sorgo;
Em vez de gente alimentam-se touros e outros bichos de exportação.
Em vez de comida às crianças pobres fazem-se altas festas para os cães de família, e estende-se o convite a todos... via televisão.
Criaram um sistema parlamentarista, mas o governo é presidencialista; o líder religioso é evangélico, porém a bíblia é apostólica e em comum é tradicionalmente do sistema dizimista.
O esquerdista do sindicato beija a mão radical à direita... E na hora de assinar o contrato pede ajuda à igreja; em troca, dez por cento da receita...
O motorista é doutor e o parlamentar repentista; já o piloto do elevador é filosofo ascensorista; o presidente, este, num caso raríssimo senão único na história, é do torno incapaz maquinista. (...)
O galo, este sim manda no terreiro; como não pensa não tem ao homem como seu parceiro; nem o quer, por precaução, próximo do galinheiro.
O país arrecada metade do que produz e a dois terços desta monta da noite para o dia a pó são reduzidos; mas o povo conformado, nem faz conta dos cartões corporativos.
E em qualquer esquina monta sua banca, e a metade da economia em nome do desemprego, passa à informalidade, que o contrabandista alimenta.
E enquanto faltam vagas na UTI para quem chega morrendo, cria-se um serviço no SUS que transforma machos em fêmeas, das macabras lendas...
Por ser uma grande nação... não é possível afundá-la, por mais cresça o desgoverno e roube o ladrão.
Mas como tudo tem um limite, doravante em novos tempos e nova ração é bom ficarem espertos, prestarem mais atenção.
Pois é este o país do Sol, imensa e rica lavoura; e a tudo o que é ilegal transforma miraculosamente em “coisa boa”.
Mas cuidado que o tempo passa, envelhece o corpo e se houver fome, é porque também o pão acaba e a ilusão voa!
Em samba, futebol e carnaval, de longe é o melhor; pena se cante o mais barato e se venda o pior; e sem a quebra de contrato se diga amém, salve senhor!
Cada dia inventa uma taxa e cada vez mais aumenta o contingente da fome; mas na hora de passar a faixa, não há ninguém que a faixa ou a “taxa” lhe tome...
Mas ainda é o país do futuro; e apesar de todos os ratos, ainda seu reino está seguro; cuidado, entretanto com os gatos, que podem caçar os ratos e ver no escuro!
Este é também o país do zero: zero em forma de bola; zero em notas à oficial escola; zero em alimentação mental; zero em crescimento intelectual; zero em forma de balão com a cara do boneco de avião...
E como é também o país dos artistas: uns engajados, outros enganados, outros finalistas, mas a conta, a caixa alta e até os trocados é de fato a de alguns governistas.
Ainda bem que existe a morte da qual nenhum deles escapa! Já pensaram se eterna e má sorte, um, que é quanto basta da morte ileso escapa?
Ainda bem que existe – e bendita é a morte – pois que a ela nenhum deles leva no tapa, nem dela nenhum canalha escapa!

2 comentários:

  1. Nenhum canalha escapa. Forte abraço, amigo. (Toninho)

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  2. Muito expressivo, no texto poético, muito preciso na acutilancia premente da situação de "faz de conta", que tomou as rédeas do poder em nome do Povo e da Esperança...

    Decadência enorme de uma Pátria, que tão grandes homens teve, de D.Pedro a Getúlio...

    A renovação é necessária, sem mentiras e sem américas diversas, que nos falem em castelhano.

    A América do Sul é o Brasil, o resto nada significa, são pedaços de espanha repartida na américa. que Deus permita que o Brasil se torne a Pátria das pátrias portuguesas, a capital do quinto império, em cinco continentes repartido, mas pela língua portuguesa unido.

    L+G

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