domingo, 16 de maio de 2010

GRÃO DE AREIA

Como definir o indefinível, se de todas as coisas, desde a menor partícula o mais que sabemos a respeito de sua natureza não vai além de alguns aspectos superficiais, quanto à estrutura de seus elementos, e quanto à sua composição química?
Um grão de areia, por exemplo, o que contém em sua memória da mãe rocha, ou da própria montanha?
Ou, se for o caso, do lajedo do vale de onde se desprendera, de modo que a ciência possa afirmar sua real origem, universal?
Ou num processo global da sua formação determinar qual a distância, em quilômetros percorridos, até ali chegar?
Graças à ciência milenar que até aqui tem vindo meio oculta inspirando a moderna, muita informação já se adquiriu.
Mas também, indiretamente denuncia, dentre os cientistas sérios, alguns são extremamente envaidecidos e meramente teóricos.
E de tal modo apavonados, que nem a divindade ou a energia primordial que por trás de todas as coisas se encontra há de chegar, para fazer-lhes sombra.
Em alguns casos nem se trata de grandes cientistas, porque muitas vezes não passam de simples doutores, até sem doutorado ou mesmo com ele.
E ainda que várias teses tivessem defendido, nenhuma há que justifique tanto ênfase nem vangloria de não acreditarem em Deus nenhum.
E não teria qualquer problema a sua descrença, se disso não fizessem uma espécie de escada, com estranhos degraus.
Pois o material usado na construção desses degraus poderia muito bem ser usado em coisas mais úteis, mas eles preferem a escada com esses respectivos degraus para subirem ao topo da fama.
E que fama, os seduz!
Por isso galerias infindáveis lotam as grandes, médias e pequenas livrarias, bancas de jornal, supermercados e até algumas farmácias de livros inúteis.
E o mais grave é que, esses livros fazem sombra aos preciosos tesouros, escritos nas mais variadas línguas.
Destas raras jóias, entretanto, nenhuma ideia em livro sério atrever-se-á a definir ou qualificar qualquer elemento em definitivo, razão pela qual se diz que as grandes obras não ensinam nada.
Ainda que façam luz pelos caminhos tão claramente, que seja possível ver as benditas pegadas de alguém que nunca por ali passou...
Muito diferentes das mãos impuras que escrevem sucessos de venda e de público, que mesmo não dizendo nada, ensinam a arte da traição e do dolo.
Já quando eles resolvem falar, em termos claros, a morte ronda; quando não a de algum preceito moral que ainda os mais humildes conservam, alguma virtude inabalável abalar-se-á, se não inclinar à morte, que ao sangue faz jorrar pelo chão; seja o sangue propriamente dito, seja o fluido moral de uma alma que decai.
Entretanto, como em nome da arte tudo é permitido, também em seu nome pelo mau exercício algum ente querido poderá vir a ser ceifado, ou antecipadamente chegar aqui pelas vias uterinas, com alguma mutilação congênita como filho ou filha desse autor.
Isto quando os próprios autores, os reais protagonistas já não vêm com suas incuráveis feridas na alma, que expõem, com as mazelas psíquicas em suas dramaturgias, em vez das virtudes que não possuem.
Naturalmente isto em termos de análise global, sem no mérito este ou aquele autor ou autora no foco.
E também sem a pretensão de querer definir qualquer coisa, seja de que natureza for; ainda que o enredo gire em torno de um grão de areia!...
Mas um grão de areia, e não precisa ser de uma areia especial vale muito mais que alguns sucessos aos quais não vale a pena ver de novo.
As profecias do Rei do Mundo, relatadas no CODEX TROANO, vistas hoje através de uma imagem virtual guardam muita semelhança com as personagens modernas, vestidas a caráter, com luxo, malícia e encenadas num ambiente de prosperidade, completamente opostas em contraste com as personagens reais, que vivem em condições miseráveis nos guetos, e nas favelas.
Entretanto movidas ou influenciadas pela tal arte, sofrem algum tipo de inconformismo.
Incitados com a ficção dessa suposta arte se lhes inspira e abre a ideia do caminho mais fácil, inclusive pela via do crime.
Voltando ao grão de areia, com o grão de areia haveremos de nos ocupar, pela sua importância no presente assunto, e na esperança de um deles bem rijo de cristal enfiado oportunamente numa empada, quebrar o dente de um destes semeadores de histórias macabras, (comprovando a teoria ocultista de que, quem fala o que não deve a milhões de pessoas, na melhor das hipóteses poderá perder um dente, neste caso quebrado por um providencial grão de areia)...
Certamente alguns autores já perderam coisas muito mais preciosas, todavia a presença inesperada do grão de areia, recheando uma apetitosa empadinha de camarão mastigada com estilo de astro ou de estrela, em pose de celebridade, segurando-a na mão esquerda, enquanto na direita uma taça de champanhe, na festa de lançamento da nova peça, que beleza!
Fará tanto sucesso, esse modesto grão de areia, ao quebrar seu dente!
E a cena, num gesto repentino o celebre autor leva a mão à boca, abafando um urro causado pela dor?
Afinal, um dos trinta e dois portais do conhecimento se tornara maldito, e quebra-se fechando abruptamente o portal, da voz maldita!
Claro que o melhor seria aquele arauto se calar para sempre, juntamente com os restantes trinta e um dentes, restantes, se ainda os tiver a todos!
Algumas pessoas deveras cultas presentes à festa, conhecedoras da lenda ocultista veriam ao vivo expor-se o autor, pelo seu trabalho maldito.
E ainda que as pessoas sérias sejam a minoria, de nível mental superior compreenderiam tratar-se de um castigo, a quem espalha sementes daninhas pela televisão, em horário nobre.
E na festa de lançamento da próxima novela das oito, sete ou seis, a boa cena reservar-se-ia ao grão de areia, e à empadinha de camarão, que seria muito bem registrada, pelos profissionais da imprensa, que aí se encontrassem...
Ma salvam-se também os atores, na festa, que devido à profissão têm de sujeitar-se ao papel que lhes for oferecido.
Alguns recusam certas personagens, mas em tempos de crise de emprego, têm mesmo de se sujeitarem a qualquer papel e até com grande entusiasmo declaram sua preferência pelas personagens vilãs!
Louvemos o tempo em que a arte continha elementos divinos e estimulantes da inteligência!
Hoje há de lamentar-se do conteúdo “aliciante”, que aliena e embota a razão, ainda que contenha algum disfarce de apelo social...
E à arte, outrora elemento de redenção e a mais bela expressão divina, através do homem, é, necessário extirpar da bela e rara arte a falsa, que abunda por aí em todas as formas de expressão ligada às sete ciências, de onde acenam furiosos ou mansamente hipócritas os falsos profetas.
Ante a brutal derrocada que os reais valores sofreram, louvamos a singeleza de um gracioso e original grão de areia que, inesperadamente investido de carrasco se intrometa numa gostosa empada de camarão, e entre os dentes de um desses autores famosos quebre-lhe no mínimo um, para lembrá-lo de que em nome da arte vai espalhando ao vento a semente da traição e da sacanagem.
Mas ao terminar este “grão de areia”, sem saber por que o fizera, gostaria de lembrar aos novelistas que esse tipo de jogo do mal e do bem, em suas tramas de matança inútil é muito atrasado, com essa arte pobre e primária só poderão ganhar dinheiro, reescrevendo fórmulas prontas.
Porque o Mal enquanto sadia polaridade que deve existir em todas as tramas, deve voltar a ser semelhante ao Mal Original, absolutamente inteligente; e não esse modelo falido, esgotado e burro.
O mal, na verdade tem a nobre função de ensinar e não alienar, inflamando o instinto cavernoso latente a “emburricar” o homem.
E penso ser burrice também a nossa de recebermos em nossas casas tais novelas e anúncios idiotas, inclusive da fornecedora de energia elétrica, enquanto não inventarem uma televisão movida a ar.

2 comentários:

  1. Pois é amigo,há certos grãos de areia,que prejudicam muita gente,ilustre ou não!Se pensarmos que um simples grão de areia,pode simbolizar o conhecimento da verdade e da sabedoria,nem sequer trincavam a empadinha.Se por um lado a sabedoria é pouca,a verdade,não interessa que venha ao de cima.
    Se compararmos a pérola á salvação do homem em seu drama espiritual,mas para isso tem de encontrar a pérola,ela se forma de um grão areia!Isso é muito dificil,para certas pessoas dado o seu carácter!Cristo é a pérola que Maria carrega.
    Um simples grão de areia tem muito que se lhe diga,também poderiamos aludir ao Mago como metáfora do poeta,ao ocultismo em Nerval,etc.
    Mas fico por aqui,estou atrasada,entro mais tarde e por conseguinte saio mais tarde.

    Bom inicio de semana.
    Fraterno abraço.

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  2. cara Ana, bem pensada a sua pérola.
    Por isso são raras e caras.

    As da alma nem tanto, mas custam o despertar...
    E para quem dorme é muito dificil

    fraterno abraço

    Julio

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