terça-feira, 3 de abril de 2012

SUBSTÂNCIA

Desce a noite sobre a terra. Lá no alto o céu envolvido em mistério e silêncio. Como não há nuvens, brilha o luar refletindo um azul profundo e magnífico; e as estrelas imitando-o, também brilham em pontos distintos formando uma abobada esmaltada, belíssima, cravejada de brilhantes.

Quem lhe dera o dom de brilhar, de existir e os pôs como astros e estrelas soltos no ar? Deus? É tão fácil criar um deus magnânimo, todo poderoso envolvido de mistério e responsabilizá-lo pela criação, sem motivo para criá-la!

No entanto, nem sempre o céu foi assim: segundo a ciência oficial assim como a ciência iniciática, o universo está em plena expansão. Teve então um começo, com o início desta expansão revelada e comprovada; e senão é a partir de si mesmo saindo por um ponto singular sem fim e sem começo e eterno, de onde teria saído?

Teve então mesmo um começo e certamente terá um fim; e isto não é uma grande descoberta, nem é difícil de aceitar como teoria, tendo em vista a expansão que não pode ser eterna, devido ter havido um começo. Quanto à natureza de sua formação, apesar da incontável multiplicidade teria de ser o início da Unidade Absoluta; e esta Unidade que sempre existiu e sempre existirá, teria de conter em essência a raiz de todos os elementos existentes no universo.

Disto é inútil discutir e discordar. E dispensa comentário, pouco importa o nome que se lhe queira dar como essência raiz; ou então devemos esquecê-lo como Único e façamo-lo relativo e finito. Mas nesse caso, uma pergunta precisa ser feita: de onde proveio tudo, se tudo é relativo?

Há, a despeito disso, um termo muito próximo da idéia original daquilo que se concebe como raiz de todas as coisas, pelo sentido que em latim expressa a palavra Substância, aquilo que está embaixo, em cima, em todos os lugares e os preenche; é fácil compreender semelhante termo como o mais apropriado para definir a origem, saindo de seu estado de repouso ou “incriado”, para surgir como universo ou verso do uno, ora ainda em expansão.

Absoluto é outro termo usado pelos hindus, nesse sentido, e lhe cai admiravelmente, bem na medida em que, Absoluto só um ser primordial pode conceber-se, para servir de origem e raiz a todas as coisas relativas.
(Isto, entretanto, não pode servir de matéria final enquanto tema, nem encerrar simplesmente o assunto).

Uma energia primordial, portanto, serve (e serviu já) como ponto de partida para a grande largada universal, do Cosmos Vivo, dirigindo-se a um fim, não totalmente previsível.

Mas absolutamente inteligente e objetivo, desde a menor partícula ao próprio universo dotado de códigos, fatores genéticos, cânones, reinos, espécies, e entre eles o homem, portador da razão e do livre arbítrio.

Mas ainda em nome deste princípio do livre arbítrio comete grandes erros; todavia, em virtude dessa magnânima inteligência cósmica, aprende com seus próprios erros, porque os converta em suas experiências. Sendo esta experiência o único resultado que o Absoluto espera colher, através do relativo ou individual caminhar humano, compreendendo-se este termo humano extensivo a todos os mundos conhecidos e ainda desconhecidos, justificando a expansão cósmica como a meta a ser atingida.

Sem qualquer finalidade não haveria expansão, pois nenhum corpo por mais sutil que fosse cresceria sem finalidade objetiva, sem cumprir um objetivo superior impensado por nós, em termos de consciência universal.

Tudo no universo cresce do micro para o macro, seja em forma de partículas físicas, seja em nível de consciência mental de quem possua um veículo adequado para isso, promovendo a expansão, já observada no mundo humano onde as idéias postas em prática demonstram constante evolução intelectual; e essa evolução aliada à pragmática transformar-se-á em consciência individual, como repositório pessoal que avante levará até onde for o seu destino.

Os arquétipos da possível evolução devem estar inseridos no código universal; e as provas nas conquistas cientificam e nas técnicas que o homem vai desenvolvendo apontam para o desenvolvimento intelectual, e não para as criações substanciais dos elementos químicos genéticos vitais, que em absoluto o homem não os cria. E se pode até afirmar que jamais os criará! Não obstante poder juntá-los em laboratório e daí surgir uma forma de vida. Todavia, só é possível a essa vida dentro do princípio arquetipal impresso e indelével no código genético que vem desde o inicio, na Substância Primordial (pouco importando a mestiçagem); ou então em monstruosas formas acéfalas, criadas em laboratório como nos filmes de ficção...

Nada, portanto se cria em termos substanciais, mas tudo se recria em termos de evolução mental das espécies perfeitamente definidas; e através delas o Absoluto colhe a experiência na multiplicidade, sendo esta experiência a palavra chave e a razão pela qual o Eterno ou Absoluto se dividiu em infinitas formas, partindo da Substância Única inseparável para a multiplicidade.

A chave que nos pode oferecer uma pálida idéia do que venha a ser a finalidade do UNO em projetar-se em MÚLTIPLOS, está no conceito de SUBSTÂNCIA, a raiz de todas as coisas. E estas coisas são os veículos através dos quais colherá as EXPERIÊNCIAS individuais, que ainda não as tenha e venha colhendo deste o inicio do Grande Dia que corre, e segundo a ciência iniciática das idades estaria agora na metade do caminho.

A chave, neste caso para melhor compreender-se esta longa caminhada, está no estudo da Cosmogênese, de acordo e como aquela mesma ciência iniciática preconizada.
Parece que todo o enunciado desta questão maior, cósmica, é a palavra chave, SUBSTÂNCIA que se revolve na MULTIPLICIDADE.

E com isto encerramos este comentário, sugerindo que a outra chave, com vista à polaridade de onde partiu a multiplicidade, se encontra na EXPERIÊNCA.

Esta experimentação vai adquirindo conhecimento através das formas dinâmicas, e o transfere gradativamente à consciência do individuo, ao longo do tempo, e no final, se lá chegar, se integrará ao Todo como célula de consciência e membro de uma hierarquia divina.

E quando ocorre a reintegração destas células, será a volta do Filho Pródigo ao Absoluto, Deus ou Substância Primordial.

(E como diz o poeta inspirado, só um viu só um ouviu só um agiu, porque só um existe e finalmente a si recolhe as suas partes).

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