segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A VIAGEM



Venho de muito longe, de muito longe. Tenho essa suspeita e algo me diz que já fui um poeta.

Fosse um trovador, cantor ou medíocre poeta eu não sei. Nem fará diferença agora ciente e diante das milhas limitações e só elas importam, porque  impeçam.

Pois é natural a quem venha de longe desejar seguir adiante e qualquer
Graveto ou montanha que impeça atrapalha seguir em frente.

Nesse, entretanto seguir precisa-se de umas boas ferramentas, de um bom e aprazível recanto, pois se houver, por exemplo, no ar um som e um canto
ir não precisa sequer sair do lugar.

Há ciência nesta arte de ir e arte no modo de consumá-lo. Entenda-se o consumar pra além de concluir, numa espécie de consumir degustando,
lendo o enredo sem forma, e se vier a ter forma que a forma não surpreenda.

Forma tanto pode ter forma como pode não ter. Considerando o absurdo estado do nada, o vazio absoluto seria a própria forma das formas.

Apesar dessa inexorável impermanência cruel, tudo na melhor das hipóteses se renova, quando não mói-se tudo e em pó como ou não pó, volta ao pó.

Entretanto, aos olhos do poeta que talvez fui lá longe, através de mim
repete esse fragmento da canção...

 “Com que voz eu cantarei” ainda amor,
Com que força se dará um fim à guerra?
Com que paz se apagará do mundo a dor,
Com que água pra lavar por fim a Terra?

Já vi um Rei sacrificado numa Cruz
Mental mendigo com muito ouro rodeado,
Já vi num gueto uma criança envolta em luz,

Na previdência um mentiroso simulacro....

Nenhum comentário:

Postar um comentário