sábado, 5 de junho de 2010

“A Verdade”

“Ninguém que ouse dizer sempre a verdade, arrepender-se-á de ter nascido entre os mentirosos”. Filosoficamente, é correta semelhante sentença, por se destacar quem diz a verdade, entre mentirosos?

Talvez. Todavia necessita de uma reflexão mais profunda. A princípio, quem conhece a verdade? E aquele que vive dizendo só a verdade, que verdade derradeira ele defende?

É evidente e impossível viver de outro modo, que não seja entre regras e conceitos! Conquanto todos os modelos e normas sendo relativos, e eles é que determinam particularidades e características do homem, pessoais e indecifráveis, e as suas “verdades concretas e abstratas” resultam desse ritmo.

E através das “regras e dos conceitos” é que se formam as características do individuo e da personalidade, resultado das idéias e dos sentimentos, que ao longo do tempo criando corpo personificado se torna a marca inseparável, que a civilização diferencia e classifica por indivíduos.

E se a verdade de cada um até na visão das cores, se diferencia, resta a verdade como preceito único de que há algo indecifrável no Cosmos, e enquanto verdade tangível é mesmo indecifrável e é inútil discuti-la.

Como então dar garantias de algo verdadeiro, criado pelo homem? E quem se julgue profundo conhecedor dessa verdade, não será esse cidadão apenas mais um, dentre o contingente de mentirosos, conscientes ou inconscientes?

De qualquer modo vale a pena viver entre eles e aprender, e como opostos reafirmando-lhe sempre a imutável ética, ainda que esta norma sadia seja relativa e até momentânea, mas promove a harmonia.

E então, diante disto, resta a todos que ousam, ainda que restritos às suas limitações, ir além do raciocínio e investigar a “causa” das causas, pois aí, sim, repousa a única verdade, por ter dado origem a todas as “mentiras”.

E até se pode vê-la quando revelada em mero conceito, pois qualquer que seja a formulação conceitual não se poderá garantir, nem negar, e ainda que uns aceitem e outros não.

Sim, a verdade humana passa, e hoje, por já não ser ontem já é mentira, se porventura como ideia for tida como absoluta reprodutora de uma cópia para o amanhã...

E então a questão da verdade absoluta permanece sem resposta, encoberta e até condicionada a fragmentos perecíveis, usados por aqueles que arrebanham e guiam por caminhos improváveis, a tantos inocentes, que a verdade fica cada vez mais distante, no tempo, porque se perca e desfigure, e no espaço, porque se contraia tornando-se relativa, pequena e finalmente desfaça-se em pó.

E onde continua a existir a verdade? Calar-se-ão os que pensam, ante os berros dos mentirosos? Ou, se pensam hoje com fundamentados argumentos, não mais continuarão a pensar e a falar amanhã?

Antecipando-se hoje no tempo calam-se porque seja hoje cedo, ou porque já está no passado o ontem, e fora de moda?

Pensem bem! Pois embora os que pensam com intelecto bem formado não conheçam a verdade, estão mais próximos dela, porque pensam bem e fundamentam a ética e moral em bases mais sólidas de conhecimento, durando mais tempo, por estar de acordo com a harmonia da vida múltipla, mas com um visível elo de unidade.

É então certo que, na “expansão das idéias”, o egoísmo e a ignorância as retraem, mas, estranhamente sempre em nome de qualquer verdade!

Abominamos então o egoísmo e a ignorância! Sendo obrigatório e dever de quem pensa bem exercitar-se nessa arte, cada vez mais e melhor e combatê-los, evitando maior estrago causado por aqueles que agem sem pensar, denunciando de boca a ouvido os egoístas mais iminentes, e aos menos também.

Principalmente aqueles que se encontrem pelas redondezas, mas quem pensa, porque pensa bem, não os poderá julgar, nem crucificar, embora muitos o mereçam!

Sim, quem pensa bem não tem mesmo tempo para inocentar nem condenar ninguém, envolvido com a “causa” das causas, ao que se convencionou chamar “busca da verdade, embora a indignação lhe seja facultada.

Por isso é mais dilatado a caminho de quem pensa, vê e observa, mas erra profundamente aquele que se cala, depois que descobrir algo que ilumine a obscuridade e um caminho novo.

Pois sabe como ninguém a maneira correta de dizê-lo, mesmo que o seu dizer e saber sejam a consciência de que em definitivo também não sabe nada!

Mas porque pensa, não deve calar e às vezes se cala, mesmo vendo com clareza que continua sendo à “expansão das idéias” o sutil egoísmo e a rude ignorância o seu principal obstáculo, que até elege outros obstáculos presidentes que obstaculizam o caminho da evolução pátria.

Por outro lado, ainda as escadas do conhecimento, de tamanha sutileza, passam invisíveis para muitas escolas: nas ciências acadêmicas, por exemplo, quando uma ignore a outra, certamente transformar-se-á em egoísmo mental, porta intelectual fechada para outras idéias e conceitos, constituindo-se a cadeira à qual pertença a sua cátedra modelo sutil de egoísmo, ou um autentico moderno catedrático, estilizado em doutor.

Não obstante sua única cátedra lhe confira, digamos, a visão de um só olho “manquejando” do outro, para usar a expressão terrível de Camões, e encerrar por aqui este “pano” que daria para muitas mangas.

10 comentários:

  1. A Verdade revela-se por dentro, por ser a nossa identidade; o erro é-nos imposto sempre porque não faz parte da nossa natureza e só se mantém se houver uma força que sustente o erro, que é sempre de cariz violento.
    Todavia, se não estivermos alienados por doutrinas religiosas imaturas, podemos compreender que, decididamente, somos filhos de Adão, filhos de Deus e que nunca fomos macacos na Terra. Por outras palavras, as religiões, ocidentais ou orientais, estão certas, se forem bem entendidas, a Ciência materialista está errada - e muito. Não admira, as Religiões foram ensinadas por cientistas perfeitos, os Mestres de Sabedoria, que são deuses e não erram; a ciência tem sido feita por homens que lutam por o ser, que erram ainda muito e que, por orgulho, hostilizam os verdadeiros Cientistas, os Mestres.
    Os astutos derrubam religiões por serem crenças falsas e, na sua paixão, põem Verdade e ignorância no mesmo lixo. Chegou a hora de destruir os falsos paradigmas científicos. A ciência materialista é um absurdo, uma reacção psíquica ao autoritarismo religioso
    e às inquisições, uma tentativa desesperada de libertação do homem dos ouropéis das igrejas, que perderam as jóias e tesouros sem preço que os seus Mestres lhes confiaram, por deles não terem sido dignas.
    Estamos convencidos da não existência de soluções sem Amor (Filia ou Ágape). Procurarei explicar-vos os dados da Ciência Holística. A Ciência liberta, logo, é isenta da emoção que subjuga e gera dependências. A Ciência, já o disse, é uma matriz cósmica de Sofia e Compaixão. Se for legítima, é o Amor Supremo que a própria Verdade desperta! Não confundamos Amor com emoção, sensualidade, o que nos delicia e apela aos sentidos, o isco que nos faz ser escravos!
    Procuramos uma evasão da Ciência materialista onde estamos aprisionados e lançar as bases da Ciência Holística, que é a herança da Sofia-Religião, de um passado de Sabedoria chamado Hermetismo, Neoplatonismo, Teosofia, etc.
    Helena P. Blavatsky, a discípula dos Mestres de Sabedoria que foi destacada para repor a Teosofia moderna, o conhecimento holístico, a chave para unir religião e ciência, os dois pólos da Realidade Manifestada, lutou, bravamente, para recolocar o Hermetismo no seu pedestal, usurpado pela ciência materialista anti-religiosa
    como reconhecer a Verdade? O homem médio terá muita dificuldade em aceder-lhe directamente mas tudo o que é fundamental saber foi ensinado, nas religiões e métodos espirituais, por Mestres, cientistas perfeitos. Há um vastíssimo campo de estudo, bem documentado, à nossa disposição que, se o soubermos assimilar, dá os princípios orientadores. O resto cabe-nos a nós fazer, incluindo a verificação de que esses princípios são verdadeiros e necessários.

    Humberto Álvares da Costa(Biosofia)

    A Verdade,verdadinha,é que é um gosto lê-lo,um desafio para o nosso intelecto,falta-me é tempo para o ler com mais atenção,agora virei penso rápido,lol
    kkkkkkkkk

    Feliz Sábado
    Fraterno abraço.

    ResponderExcluir
  2. Salve amiga Ana!
    Realmente há um longo caminho com muitas pedras a removerr.
    Com tantos obstáculos, religiões, politicas, ciências materialistas, só mesmo heróis e heroinas muito bem representadas por vós para romper com eles.
    Felizmente temos tempo pelo cronologia do Eterno. kkkkk
    (o próximo será longo, e as lamentações de Isis estarão nele, mas não quero fugir do roteiro)

    Feliz tudo sempre

    Fraterno abraço

    ResponderExcluir
  3. offtopic
    Olá irmão de armas
    ELEIÇÕES 2010 - TSE, candidatos deverão apresentar certidão criminal, que será apresentada, no registro da candidatura. O documento será digitalizado e colocado à disposição do eleitor na página do TSE na Internet.
    Ainda de acordo com a resolução do TSE terá que ser apresentado também certidões de objeto e pé, com detalhes sobre o andamento de cada processo.
    Cara nova no congresso vai divulgar estas informações do TSE.
    Quando isto acontecer conto com a sua colaboração
    Eleja, não reeleja
    Vamos Limpar o congresso
    Espero que o TSE não esconda estas informações
    Lord
    caranovanocongresso@blogspot.com
    caranovanocongresso@sapo.pt

    ResponderExcluir
  4. Amigo,cadê o texto "Ilusão"?abro o blog estava aqui,quando vou comentar escafedeu-se,kkkk
    Nossa ele há coisas do arco da velha,ontem ainda tentei vir aqui,mas o Zé Pestana,foi mais forte que eu,a sério,ando mesmo cansada,muito mesmo,sem tempo,precisava de um clone de mim e que o dia tivesse 48h.
    de qualquer forma deixo aqui o comentário sobre o texto que estava fantástico e tinha pano para mangas.

    ResponderExcluir
  5. O estilo de Nagarjuna era conhecido como Vitanda Vada, que significa a exposição das fraquezas dos outros sistemas filosóficos, sem apresentar uma hipótese própria. Assim, o seu principal contributo filosófico espelhou-se no postulado de uma série de paradoxos sobre o problema da existência versus a não-existência, tais como:
    Se os objectos são reais, por que estão estes sujeitos a serem destruídos e a deixarem de existir? Como pode uma entidade real perder a propriedade de existir?
    Se nada existe, não pode haver tal coisa como a mudança – pois como pode o nada ser alvo de mudança?
    Consequentemente, postulou Nagarjuna, o Universo, que se encontra em permanente mudança, não só não existe realmente como também não é não-existente, sendo na verdade Vazio, ou Sunya. Desta forma, Nagarjuna surgiu então com uma filosofia alicerçada nos conceitos de “aparecimento condicionado” (Pratitya samutpada) e de Vacuidade (Sunyata).

    O Universo, que se encontra em permanente mudança, não só não existe realmente como também não é não-existente, sendo na verdade Vazio, ou Sunya. Desta forma, Nagarjuna surgiu então com uma filosofia alicerçada nos conceitos de “aparecimento condicionado” (Pratitya samutpada) e de Vacuidade (Sunyata).
    Posteriormente, no séc. IV da nossa era, os sábios Asanga e Vasubandu rejeitaram a doutrina do Vazio (Sunya Vada) de Nagarjuna, promovendo a doutrina de que tudo é Mente (Chittamatra) e que a Mente é contínua e momentânea (Santani Kshnika Vijnana Vada).
    Sankara foi quem expôs a natureza relativa do mundo, estabelecendo a suprema realidade da Advaita através da análise dos três estados de consciência – o estado de vigília (jagrat), o estado de sonho (svapna), e de sono profundo (sushupti) – referidos no Mandukya Upanishade, o sexto Upanishade do Atharva Veda, considerado como a essência dos ensinamentos contidos em todos os cerca de 108 Upanishades.

    ResponderExcluir
  6. Para Sankara, os três estados de consciência acima referidos são considerados como meras transformações de um estado de experiência não-dual apelidado de Turiya, o quarto estado de consciência igualmente referido no Mandukya Upanishade. Note-se a existência de um paralelo com a tradição Budista, que também assume um estado de transcendência semelhante ao Turiya Vedantino, e a que chama de vinnanam anidassanam (i.e. Consciência sem atributos), conforme o referido no Brahmanimantanika Sutta, parte do Majjhima-Nikaya (i.e. o discurso do “Convite de Brahman”, que está contido na segunda colecção, ou colecção Média, dos discursos de Buddha, a qual por sua vez é parte integrante do Sutta Pitaka do Cânone Theravada).

    O Idealismo Monista no Budismo Mahayana e na Advaita Vedanta
    A orientação filosófica dos sistemas Advaita Vedanta e Budismo Mahayana é, de certa forma, na direcção do Idealismo e do Monismo, quer estes se apresentem de forma mais explícita, ou implícita, em cada uma destas duas tradições do Oriente.
    O Idealismo é a visão filosófica de que a Consciência constitui a Realidade fundamental. Nesta abordagem filosófica, a aparência de objectos distintos uns dos outros é considerada como uma ilusão provocada pela sobreposição da mente conceptual sobre a experiência imediata. Sendo o Monismo a visão filosófica de que só existe uma Realidade fundamental, podemos ver como no Idealismo Monista se defende que só a Consciência existe como a Realidade Una.

    O grande objectivo destas duas tradições é o alcançar da iluminação ou despertar, a qual implica a dissolução do sentido de ego-personalidade. A iluminação ou despertar corresponde a um estado de consciência não-dual, caracterizado pela ausência da fronteira conceptual criada pela mente, que divide o mundo entre Sujeito e Objecto.

    Como atrás referimos, enquanto que a tradição da Advaita Vedanta assenta no ensinamento da existência de Atman como sendo a Realidade intrínseca do Homem, a filosofia Budista – com mais ênfase nalgumas das suas escolas como a Madhyamika de Nagarjuna – é famosa pela teoria de Anatman, ou negação da existência (por si mesma) de qualquer Ser ou Alma.

    ResponderExcluir
  7. No entanto, e apesar desta radical antinomia ontológica, ambos os sistemas filosóficos compreendem a mesma metafísica de transcendência, ou de transformação, alicerçada na possibilidade da libertação humana, comummente designada por iluminação. A libertação final ou derradeira (Moksa) da Advaita Vedanta e o despertar ou iluminação (Nirvana) do Budismo constituem, na sua essência, noções similares de libertação do ser humano do aprisionamento em que este se encontra, premissa igualmente comum às duas escolas.

    A negação da ilusão da identificação com o corpo, a mente e os objectos dos sentidos, postulada pela afirmação “neti neti” (não isto, não aquilo) dos Upanishades, encontra o seu paralelo em Sunyata, que visa igualmente expurgar a Consciência das noções dualísticas do Eu e do Outro, criadas pela sobreposição da mente conceptual na Pura Consciência, e na explicação de Anatta apresentada no Anatta Lakkhana Sutta, o discurso de Buda sobre o Não-Ser. etc,etc,etc

    O Absoluto Vazio e o Vazio do Absoluto Biosofia

    ResponderExcluir
  8. Desculpe Ana, achei que estava muito longo.
    Gostaria de vê-lo republicado? kkkk

    Seu comentário foi lá na raiz da coisa toda e até no meio das duas escolas e principalmente na questão Atman e Anatman fora do tempo são semelhantes, e acho que as duas contradições em algum lugar se encontram.

    Reedito ou não?

    O Absoluto Vazio e o Vazio do Absoluto estão repletos, pois também tudo é mente inegavelmente.
    Ou não, desde que onde de manifeste, a mente já diferenciada que precisa do Antakarana (veículo canal) para ser o não ser
    relativo...
    Conquanto o milagre da vida, e nós poderemos realizar o Ahankara Eu Sou... e aí adeus ilusão!

    Como pode ser uma coisa maluca destas, em que em algum lugar tudo se encaixa? kkkkk

    ResponderExcluir
  9. Amigo reedite,mesmo longo,não interessa,o que está escrito é importante,kkkk
    Agora tou correndo,tá tarde,logo volto.

    Fraterno abraço

    ResponderExcluir