O
reles viver de um homem durante uma a vida inteira levou ao caos o seu ânimo. Lamentavelmente
esse homem não está sozinho. No fundo do abismo social onde se encontra vive a
maioria silenciosa com fome, à procura de um horizonte onde algum sinal
esperançoso, ainda que seja apenas uma pequena janela aberta ou até alguém que acene o
lenço da sincera amizade; mas no horizonte não há sinais dessa virtude universal e nada disso se
encontra.
Também eu procuro no fundo de mim um objetivo claro para mudar meu estado,
mas também aí, que nem sei bem onde é encontro resposta alguma que esclareça. Diante desse
quadro vale perguntar: a razão de existir consiste mesmo em quê?
Na
juventude acalentei sonhos e até os sonhei belos, mas o tempo que não pode nos
enganar eternamente, num belo dia nos dá um tropeção e ao cairmos de boca no
chão, os nossos mais belos e antigos desejos se tornam brinquedos quebrados e
os jogamos a um canto. E aí, empoeirados, acabam mofando.
Mas sem o esperarmos, apesar desse horizonte escuro e da desilusão que provoca, alguém ou alguma coisa nova nos espera lá na frente para nos lembrar de que já se faz tarde e não vale a pena reconstruir os velhos brinquedos quebrados; nenhum colorido ou sabor especial nos espreita, para nos oferecer qualquer ânimo novo feito dos velhos cacos.
Mas sem o esperarmos, apesar desse horizonte escuro e da desilusão que provoca, alguém ou alguma coisa nova nos espera lá na frente para nos lembrar de que já se faz tarde e não vale a pena reconstruir os velhos brinquedos quebrados; nenhum colorido ou sabor especial nos espreita, para nos oferecer qualquer ânimo novo feito dos velhos cacos.
Evidentemente
existe uma mensagem espiritual a correr paralela ao nosso tempo, mas como é
metafísica, não se sabe o seu real valor; ou se tem mesmo valor real após
ruírem todas as verdades físicas. E
não ruíram porque morrera a ilusão, posto que tudo seja ilusão, senão porque
não exista qualquer certeza ou qualquer verdade definitiva.
Quaisquer
certezas no plano da razão, por serem concretas, não duram mais que breves dias.
E às vezes poucas horas. E também por estarem sujeitas ao apagar das luzes da
fórmula intelectual e não haver nada mais precário do que construir conceitos
de universos definitivos com fórmulas intelectuais, segundos que durem serão
lapsos de tempo perdido. Pois não há mesmo nada mais impreciso do que a razão
metida a formular abstrações. E nesta esfera de mental concreto, como poderia existir
qualquer verdade eterna?
A
ciência, muito aplaudida pelas últimas conquistas não é senhora de nenhuma
verdade permanente, nem existe lei humana alguma derradeira que não sofra o
inevitável desgaste do encontro com o novo.
É neste sentido que descreio de verdades e
certezas eternas, não obstante algo previsto e programado aconteça de acordo
com os cálculos. No plano relativo, os objetos impermanentes em constante transformação
vão sendo realmente costurados e renascidos segundo os códigos genéticos; mas pouca
importância tem o mundo edificando-se com os contornos e relevos atraentes, que
lhe dá o homem.
Entretanto,
concretamente, em definitivo nada esse homem edificará por fora... Mas poderá
fazê-lo por dentro indelevelmente, como a expansão da consciência ao longo do
tempo, seja pela meditação, seja através da pesquisa científica; e na maior de
todas as conquistas e construções deve tecer o seu Corpo Causal, verdadeiro
pontífice entre o homem terreno – mortal – e o homem celeste universal.
Tudo
em hipótese, naturalmente, porém esotérica ou metafísica para fugir
definitivamente da esfera da especulação intelectual, embora por essa via aqui
exposta e por ela se ter de passar, pois a natureza não dá mesmo saltos. Mas não
se deve amaldiçoar o intelecto e até convém lembrar o tempo em que o homem não
era sequer portador da razão.
Digamos então que ele cresceu um pouco e se distanciou algumas jardas da
espécie instintiva anterior... Todavia, e nisto reside uma verdade, nenhum
mortal humano é pontífice para elevar à imortalidade outro ser humano; e nem
mesmo Deus poderá revelar esse eu imortal a ninguém. E se por acaso Ele andar
por aqui humanizado falando e ensinado ao homem, Ele próprio garantir-lhe-á não
poder revelar o seu eu imortal.
Mas
por mais estranha que pareça esta não é uma hipótese. É na verdade uma certeza
única e absoluta: nem Deus todo poderoso poderá jamais revelar o Eu Profundo de
outro ser.
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