terça-feira, 12 de abril de 2011

E Você? Estranhou minha figura? Denso nevoeiro paira...



Provocação.

... “Como é possível prosear em dó, se em ré é que se vai a remar contra a correnteza das águas, na verdade contra a maré”?

Certa vez um cidadão no meio da platéia fez essa pergunta a um sujeito muito sisudo, mas de ares pacíficos que proferia uma conferência da paz.

Meio sem jeito e a contragosto, ele respondeu:- prosear em dó ou em ré não faz diferença, desde que a água das chuvas não leve sequer uma vírgula das prosas em sol.

As pessoas da plateia, surpresas, olharam umas para as outras sem compreenderem nada; quem fizera semelhante pergunta só poderia tê-la feito sem pensar!
Teria também o conferencista respondido do mesmo modo? Indagavam entre si, surpresas pela graça inusitada daquela conversa meio maluca.

Entretanto o orador já refeito e com um sorriso maroto entre dentes, quase adivinhando o que o público pensava e queria ouvir, tornou: - devo esclarecer melhor a questão, pois noto que os senhores ouviram e não entenderam muito bem a pergunta, nem tampouco a resposta.
- Prosear seja qual for o tom, nem sempre vale a pena. Nem mesmo em forma de verso. Já ouvir, quando há ouvidos de natureza solar, sim se deve ouvir muito!
Quanto às chuvas de verão, cuidemos para que não levem sequer uma vírgula, ainda que assinale uma pausa entre duas asneiras torrenciais que identifiquem o falsificador da palavra e sua testa seja assinalada!

A platéia continuava curiosa, sem entender, mas parecia gostar da prosa, pelo semblante alegre, que ali reinava... E ele prosseguiu com a palestra que será revelada qualquer dia destes, quando será perfeitamente entendida, devido a muito boa fundamentação...

No momento as palavras permanecem germinando na estufa fria de rigoroso inverno a que foram submetidas, por causa da tempestade que se abatera nos ouvidos... Mas na futura primavera, já bem crescidas serão pronunciadas com muita clareza pela manhã ao sol ameno, quando bons ouvidos alerta lhe renderão honras e o denso nevoeiro que povoa as mentes tiver se dissipado.

Um comentário: