sábado, 26 de maio de 2012

HOMENAGEM AO MESTRE


HOMENAGEM AO MESTRE

Minha primeira indagação tão logo acorde é perguntar-me, quem sou eu? E nesse momento peno todas as culpas psíquicas, sofro o desconforto e a desconfiança emocional e me recrimino, caso no dia anterior tenha seguido pelos desvios do caminho burlando a regra que determina o rumo de ir a mim pelo nobre caminho do meio.

É verdade que não é esse rumo muito claro, nem a linha divisória que separa uns de outros caminhos perfeitamente definida, nem os possíveis desvios assinalam com exatidão a trilha correta entre o certo e o errado, mas como é um centro e do centro é sempre possível extrair um eixo, vale!

E então ante a precariedade cognitiva e a fragilidade sentimental de mero ser humano dou de ombros, e no ato seguinte me auto-absolvo, certo de que vou a fazer o que é possível em “vigilância dos sentidos”.

E é assim e à minha maneira que eu continuo buscando o meu pessoal ar, a minha oculta cor, - que ninguém vê as cores como eu vejo - o meu inconfundível e agradabilíssimo paladar, o meu perfume singular, o aperto do calo se desconfortável sapato calçar... E o quase de agora, que ainda não sei o que seria totalmente supremo e único, o meu pessoal amor.

Mas sendo este meu andar a única fórmula de seguir redescobrindo-me, num ato voluntário respiro fundo a cada manhã ao levantar-me, e aí descubro estar vivo pela ardência nos pulmões, provavelmente pelos longos anos em que fui, mas hoje sou um ex fumante.

Sorrio então levemente, como convém a um sorrir contido, e penso com os meus botões: como são ingênuos aqueles que me vendo sorrir alegremente pensarem não haver mais espinhos, em meu caminho! Vendavais não, esses não!

E mesmo quando os houvera foram tão passageiros, que num breve piscar de olhos desapareceram; e por ser tudo passageiro, realmente tudo desaparece na impermanencia das formas onde há homens, onde há normas, onde há animais...

Sim, onde há fêmeas, machos e encontros braçais, onde há ondas invisíveis e lascivas levantadas, inevitáveis passagens de um estado ponderado a outro imponderado e funerais... Éticos, certamente morais e o de corpos também!

E como há ainda homens até abaixo de onde há animais... Seguirei este meu pessoal caminho até esgotar o meu ente funeral, que é físico, e porque também sei, o meu não sei é metafísico!

2 comentários:

  1. olá julio, a homenagem é sempre importante, pois enquanto estamos acomodados com o pensamento distante, eis que reatamos de forma singela e ingênua o sentido da completude e do fascínio que fora experimentado em harmonia.


    "é um centro e do centro é sempre possível extrair um eixo, vale!"


    atenciosamente

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  2. Obrigado Claudia, pela sua sensibilidade.
    E quem não aprecia um eixo nunca o encontrará, não é verdade?
    Sim, é precisa voltar à criança ingênua...

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