segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Luís Vaz de Camões - Com que voz

Com que voz chorarei meu triste fado,
que em tão dura paixão me sepultou.
Que mor não seja a dor que me deixou
o tempo, de meu bem desenganado.

Mas chorar não estima neste estado
aonde suspirar nunca aproveitou.
Triste quero viver, pois se mudou
em tristeza a alegria do passado.

Assim a vida passo descontente,
ao som nesta prisão do grilhão duro
que lastima ao pé que a sofre e sente.

De tanto mal, a causa é amor puro,
devido a quem de mim tenho ausente,
por quem a vida e bens dele aventuro.



Luís de Camões (Poeta português, 1524 ou 1525 - 1579 ou 1580)

Um comentário:

  1. Não sei que coincidência foi esta, mas eu publiquei no meu blogue Rosa dos Ventos
    « rosadosventos1.blogspot.com », um vídeo em homenagem a Amália Rodrigues, no 10º ano do seu falecimennto, em que ela canta, precisamente, esse soneto de Luiz de Camões. Se puder veja-o !
    É bom que estas coisas aconteçam porque são prova de que ainda há gente que não cristalizou.
    Um abraço e continuemos a lutar para que não se esqueçam as glórias da lusofonia.

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