domingo, 4 de outubro de 2009

Saudade Barroca II


Ao norte, olhando a leste ao meio dia e o sol a pique, à sombra debaixo do portal da porta de minha casa, mergulho no eu mais íntimo, despojado em puro estado de ser.

Despido de meu hábito de monge e sem a espada do guerreiro, relembro alguns anos atrás visualizando as minhas crianças, quando para cá vinham, de Palmas, num domingo como este.

À pequena Juliana em meu colo oferecia as todas as flores do jardim, e ela, rindo apontava e dizia: mais “ota”, mais “ota”, infinito “xão” todas minhas!

E assim a saudade assenta no meu peio a alma, de asas recolhidas, sem querer voar.

Nem tenho neste momento ânimo para criticar, embora os traidores da pátria riam e chorem festejando as olimpíadas...

Não é exatamente a realização do evento que eles comemoram, mas a possibilidade do desvio monumental de verbas públicas, em conluio da república com estado e município.

Mas a minha espada permanece abaixada em homenagem às minhas crianças, que cresceram.

Celebro a saudade do passado e do futuro, celebro a memória do amor sereno e sem mácula espúria do apego e da pátria aviltada.

Saudade, apenas saudade do passado no presente do futuro.

De entre o portal da porta da minha casa, o norte olhando a leste com o sol do meio dia abrasador a pique.

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