Ao passar por mim o vento, duas belas coisas me soprou: ele próprio moderado em brisa fresca, à noite, e o perfume de jasmim, que às minhas narinas ofereceu.
Mas também em outra ocasião ao passar por mim, num lamento fez-me recordar de quando andei em prantos, pasmado a soluçar.
Já outra feita, ao passar por mim, fresco, à noite, levou-me a muito custo quem se fez presente no passado, e hoje é em minha alma a saudade... Por isso cumpro sozinho o meu caminho, sem olhar para trás.
Mesmo que bem pertinho vá alguém comigo a caminhar, sorrindo ou a chorar. Sempre do lado, sempre a estender a mão, a pedir um trocado...
Mas, afinal, por que embora andando vá ocioso e desocupado? A esperar caia do céu, sempre a estender o chapéu, sempre a pender do lado?
Enquanto seguir pedindo pelo caminho, tropeçando nas próprias pernas pelas ásperas e duras pedras a dizer querer ir pelo mar, mas indo por terra; remando contra a maré caminhando, quando deseja esperar; sem nada de seu haver, quando tanto quer ter e possuir; mas a pedir, só a pedir sem nada produzir para ter: ainda que bem perto vá assim alguém a caminhar, é melhor não olhar, é melhor nem ver!
E foi assim que também outra noite ao passar por mim o vento duas premissas me deixou: numa me dizia que deveria seguir em frente, sem esperar encontrar tesouros nem desejar viver pensando em morrer para ir para o céu; outra que deveria dar morte ao lado de fora desse viver sem viver ao relento e ao léu...
Pois que o ir passando em vão, é verdade, que se em vão se passa na terra, em vão não se vai ao céu...
E assim muito breve disse-me ainda agora há pouco o vento suave a passar num lance finito, nas folhas num simples agito, a murmurar...
Por isso deixo que de mim leve este meu papel, personagem, pelo ar; leve-o com todas as quimeras que de mim puder afastar; e a nada permita as possa reter; ninguém capaz de as retardar; e não mais a partir de então, vão quantos agora em vão a alardear a fingir que vão!
Pois nem uma folha ao vento, não vai por encanto ou magia, ao vento a voar.
Sim.
ResponderExcluirTal personagem vive em algum lugar de ti.
Mas não entristeces não, porque por alguma OUTRA magia vai esse papel a voar.
..sonhos de cavaleiro...