domingo, 25 de março de 2012

HOMEM


De uma porção de pó rolando céu abaixo até de pó de estrelas
em esterco converter-se, veio vindo e homem fez-se, finalmente!
Fez-se gente e de carne alimentando-se já em carne animado o homem come tudo,
come a carne, o peixe, o bode, come os sólidos e bebe os líquidos,
e tudo a esterco reduz, a meio às trevas e que vai, ainda que, buscando a luz...
Em esterco pisando segue e vai já acima dele fruto do pó de estrelas,
embora renascido do esterco e da carne que come, defecando o que não serve, sai...

5 comentários:

  1. Pó de estrela

    No rasto de Teixeira de Pascoaes

    Fruto de milenária evolução
    e de matéria orgânica formado,
    antes porém do meu presente estado
    fui luz de virtual constelação.


    Vim das galáxias, sabe-se lá quando:
    talvez já fosse pedra, lama ou flor
    que em espiral se foram transformando
    por obra do Supremo Criador!


    Bicho da terra, como diz Camões,
    matéria vil de vísceras e ossos,
    sujeita a toda a casta de emoções,


    ufano-me de ser, em todo o caso,
    entre montões de cósmicos destroços,
    o pó de alguma estrela… em seu ocaso!


    João de Castro Nunes

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    1. Já agora não mais pó, nem também em seu ocaso...
      Fez já agora homem pensante
      Eisso não mais acaba.
      Na memória do Eterno, naturalmente,
      que na do homem propriamente,
      mal dura uns instantes!

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  2. Quando escrevo os meus poemas,
    como jóias trabalhados,
    seguro estou que esss gemas
    os seus dias têm contados!

    JCN

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    1. Assim faz quem sabe e pode,
      assim vê quem lê e sabe,
      quem de mão atadas nada acabe
      acaba inberbe de bigode

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  3. Com bigode ou sem bigode
    há quem não chegue a crescer,
    vivendo conforme pode
    sem nada saber... fazer!

    JCN

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