sexta-feira, 4 de maio de 2012



EFEITOS SEM CAUSA REAL?

Em manhã incrivelmente clara, o sol transpassando a tênue penumbra da noite se esvaía. Meu coração entristecido quedava-se murcho devido o sonho, em noite estranha.
E nem mesmo um fundo dramático de mistério já havia. A luz solar irresistível não permitia, àquela altura já tão clara e quente.
E a minha alma aturdida – perdera o chão etéreo – se escondia atrás das cortinas da mente a brincar, tentando distrair a razão.
E desde então, cada elemento senciente da emoção ou racional da mente insiste em tornar-se independente do conjunto inteiro, que sou eu! Cada um reclama o seu domínio, tenta impor-me a sua opinião numa autentica ditadura do politicamente correto, ou do proletariado, e até às vezes me desafiam!
Essa insanidade passageira causa-me transtornos pessoais, provoca efeitos anárquicos, e vez ou outra eu próprio sinto-me um estranho em meu interior, sem saber a quem atender: se a face emocional da alma que ainda guarda razoável grau de vaidade e às vezes se exibe, ou à face mental que arcaica presa em velhos conceitos e até ainda se submete ao coração, em vez de ser ela mesma agora. Creio que por esse descontrole o mau humor me desalente, mas como se trata do coração metáfora, há de passar! Também o sentimento de caráter amoroso reclama seus direitos ingênitos milenares - se diz primogênito - mas só com o segundo consorte da alma - a razão - é que se pode apresentar como uma das faces da alma!
Nesse jogo, o coração músculo não impõe nada. É mero prisioneiro da sístole e da diástole.
Mas eu sei que ao entrar diretamente na discussão esclareço cada parte envolvida nessa disputa, ainda que nem sempre esteja disposto a ensinar o óbvio, tanto a uma face quanto à outra da mesma moeda anímica, em franca anarquia.
Conquanto à nação, que vive esse estado anárquico, quem a colocará no eixo? O povo?
Na dimensão pessoal eu sei e tomo as medidas legais saneadoras. Embora às vezes me sinta um estranho para mim mesmo.
Naturalmente enquanto não lhes reafirmo a velha história da identidade real, que já a tenho há séculos: e eu falo em séculos de tempo espiritual, não em tempo contado pelo relógio - esse farsante inventor das horas mortas e de estranhos “eus”.
Mas quem reafirmará esse estado à nação tomada por um partido desmoralizado e corrupto? O povo?
É assim que vez ou outra eu me apanho infantilmente contando o tempo em frações! Mas repentinamente desperto e sinto vontade de rir das tolices inventadas pelo homem. E dentre as muitas tolices inventadas não foi deveras o tempo a mais estúpida invenção, não?
Que muitas são estúpidas, todos sabemos; exceto os estúpidos de todas as classes, que nem sabem que são estúpidos, seja de qual estupidez forem: acometidos magistrados, doutores, proletários, presidentes, pastores, enfim, todos aqueles que miseráveis de inteligência, cuja miserabilidade está em serem comandados por um só lado do jogo.
Mas ainda assim têm lá a sua função na máquina de inventar coisas e criar elementos até de comer!
Outros fazem artigos de luxo que não servem para coisa alguma, e por isso custam muito caro; daí o luxo, o consumo e a frescura que por aí abunda tão abundantemente, inclusive no volume das bundas e seios artificiais...
Já aquela invenção que ajuda a decifrar o indecifrável... Quem em sã consciência não sabe que o mais estúpido dos resgates psicológicos não seja o novo homem, que renasce do consultório psiquiátrico?
Mas em verdade o mais estúpido invento para o homem coletivo é o inspetor do politicamente correto.
Existem homens que não são estúpidos, é evidente que existem! Todavia, quantos? E o que fazem para não serem estúpidos? Os grandes Iluminados cuja identidade tem nomes e vestes diferentes no tempo e no espaço, esses sim vêm iluminar e dar identidade aos homens lúcidos, que dentre os idiotas se destacam. Mas há tantos incapazes, que de tão pouca inteligência negam a grandeza de um Iluminado com nome diferente daquele que eventualmente mandaram pra a cruz, ou arrastaram pelas ruas: tenha Ele o nome de Maomé, de Orfeu, Jeoshua, Jesus, Sidharta, José... Passam sempre encobertos no meio da multidão de tolos, que até outros tolos elegem presidentes!
Entretanto os mais estúpidos vestidos de aproveitadores andam por aqui de falsos e modernos cristãos, desde que se entenda por falsos e modernos cristãos alguns guardadores de rebanhos do Ocidente, fatalmente justificando o nome Ocidente: lugar da morte.
Naturalmente excluiremos destes rebanhos ocidentais os homens de bem e sensatos pais de família, mas como o assunto envolva muitos alienados, nem vale a pena citar os que não são, porque somem realmente poucos, embora levem avante o mundo nas costas.
Mas esses nem querem comprometer a sua palavra nem correr o risco de serem acusados de infames, incrédulos, etc. e terem seus nomes falados pelos falsos profetas, que em nome de outro profeta já transfigurado e despido de identidade real é já morto.
Daí para baixo abunda os inventores de religiões, as mais inúteis invenções, estranhamente ocupando o lugar das fábricas de alimentos.
Aliás, falando em alimento, uma das funções sociais de algumas destas religiões é precisamente diminuir o ímpeto das indústrias alimentícias, na medida em que suprimem o dinheiro dos trabalhadores, tradicionais consumidores de alimentos, agora transformados em pagadores de impostos divinos. Isso mesmo, em detrimento da comida na mesa, devido também aos dízimos do Estado.
Porque de algum modo já agora fora comida pelas máquinas de arrecadar a substância original de fazer alimento, reduzida em essência à pobre matéria de impostos e dízimos!
Entretanto seja qual for o destino e boca, fatalmente em outra comida transformar-se-á após comida.   
Ainda uma pequena parcela da humanidade envolvida com disputas políticas e religiosas saboreia comidas raras e especiais, quando não merecem nem estas excrescências do sistema involuntário!
Sim, alguns que somam a maioria entre os pregões são mesmo indignos de semelhante substância! Entretanto fazem parte de uma estranha invenção, cuja máquina que os sustenta custa muito caro ao povo para ser mentida enquanto órgão político-religioso de uma nação.
Está já na hora de dar fim a tantas e inúteis invenções do homem, e o próprio homem que age dessa forma precisa ser reinventado; infelizmente a matéria prima, por não haver outra terá de ser esta mesma. Por isso, nessa parcela não se vê esperança de redenção, em parte por causa dessas invenções inúteis, inadequadas e tantas mentirosas verdades.
Vale então a pena velar à morte redentora, por reduzir ao pó todos os indignos inventos humanos, operando as necessárias reformas sepultando os vilões.
Pouco importa se em cova rasa ou em luxuosos mausoléus encerrados e rodeados de mármore, bronze e pompa, mas já sem a circunstância que valha algo digno de celebrar. 
Porém e isto sim é digno de celebrar, por trás da mentira se encontra a verdade. Pena é que ora fora do tempo e reinem os homens construtores de frações, que separam os pares dignos e unem os marginais.

 


5 comentários:

  1. Gostei muito, V. Eminência, e subscrevo muitas partes, apenas reafirmando que a intemporalidade da natureza humana (mudam só os meios, a tendencial essência mantém-se agarrada ao ego, à matéria e ao tangível, aos interesses umbilicais, descurando Princípios Redentores, igualmente Intemporais...:)e a desvirtuação (des)humana da Palavra Divina, tantas vezes, Invocada em vão, nos inúmeros palcos da mundanidade, apocrifamente associada ao Bem, quando, nos bastidores, se verifica ser apenas uma vil retórica do mais maléfica e nefanda que possa existir, nunca, jamais, em tempo algum poderá macular O Que É Imaculável. A instrumentalização egocêntrica Do Sagrado acarreta um Preço Intangível muito Elevado que dinheiro algum resgata! Como tal, a Pa.ciência conduz-nos a esperar pelo inevitável- a Lei Divina do Boomerang, que nunca Tarda nem Falha (o tempo é uma invenção humana :)- É Aplicada no timming certíssimo, como na Teoria do Caos "o bater de asas de uma borboleta" pode provocar um tsunami nos antípodas. Recorrendo a um provérbio creio que Chinês- aquilo que o imaturo encara como lagarta encara o sábio como futura borboleta, a tal "tela com asas" da cosmogonia daliniana :)

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    1. Mas ainda há tempo, Senhora Isabel! Aliás o homem tem todo o tempo do mundo, mas no mundo não caberá eternamente o homem tolo, pois tem os dias contados.

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  2. Nesse caso ou para esse efeito, caro Amigo Júlio, eu preeriria a caneca, pois no geral, em semelhantes circunstância, o feminio assume-se como mais largo e mais fundo! Quere exemplos de inquestionável vernaculidade?... Veja só: jarro e jarra; cesto e cesto; janelo e janela; púcaro e púcara. Nós, homens, estamos sempre a perder! JCN

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  3. Caro Amigo Júlio: olhe que essa do "caneco" tem o registo matricial da menina Meirelles, pois eu vou mais pelo "catano" ou "carago", à moda tripeira: "c' um catano"! O carismático Bispo do Porto, que deu água pela barba a Salazar, em circunstâncias tais, quando escandalizado, atirava-lhes com esta: "Porra, senhor abade!". Coisas do caneco, Amigo Júlio! JCN

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    1. Eu entendi, Caro Amigo João.E até achei genial a forma com que tratou da palavra referendada no pitoresco caso, e de vinho seria então melhor que de água, embora, meu Bom amigo João, essas lembranças ancestrais lusitanas andem mais na memória dos neurônios do que propriamente num passado vivenciado por mim.
      É estranho isso, mas sinto uma saudade remota de cujas cenas não vivi.
      Curiosamente de um Portugal legítimo, autentico que não conheci.
      Mas está em mim tão vivo nessas passagens que o amigo cita com tanta genialidade e ao mesmo tempo popular, que realmente minha imaginação voa até os confins de um Portugal distante,
      melancólico que não conheci.Acho mesmo que está na memória ancestral das células minerais, as mais antigas.(riso)

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