terça-feira, 5 de junho de 2012

Texto para Teatro


Ato Quarto
E ao segundo homem vi também andar ainda todo encerrado em si!
Nenhuma porta se abrira; só uma janela havia meio-aberta.
Possibilidades para desvendar o mundo e o conhecimento,
Estendiam-se à sua frente também.
Mas lhe bastava meio aberta a sua pequena janela!
E com uma medalha de ouro ao pescoço ostentando a sua fé.
Escravo psíquico, este homem seguia refém de um dogma.
Pobre de ciência, para ele não existia outra norma.
Nenhuma outra crença, nada de ciências,
Que para ele não passavam de criações “diabólicas”
E jamais entrariam por sua janela meio aberta!
Fechado ao novo, este homem seguia rindo meio escondido,
Porque achava que era pecado rir, diante do povo!
E deste pobre não carece dizer mais, que o seu verbo é fechar!
E de tanto o conjugar fechou-se ao novo, para nele mais nada entrar.
Embriagado pela sua fé, engoliu-a de uma vez,
Ou foi por ela devorado numa comoção de histerismo coletivo.
Absolutamente intolerante com a fé alheia,
Propagava e defendia com unhas e dentes a sua crença,
Mas renegava e tentava esmagar a todas as outras.
E foi assim que o vi seguindo em frente
Com o livro debaixo do braço
E a medalha de ouro de tolo ao pescoço.


7 comentários:

  1. olá julio, este acto representa o pão pela fé.

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  2. Claudia,
    Resumidamente a pão, sim.
    E pão que talvez nem queira saber de que é feito! (risos)
    E há tantos assim no mundo!
    A fé cega é talvez pior que ignorância!

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  3. Toda a fé por natureza
    é cega como a justiça:
    vai-se por vezes à missa
    sem se ter qualquer certeza!

    JCN

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  4. Tudo tem começo e fim,
    Tudo passa a correr;
    só levo mesmo de mim
    o que toco e posso ver.

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  5. Nem tudo passa a correr,
    caro Amigo, Amigo meu:
    nem tudo tem de morrer,
    essa lhe garanto eu!

    JCN

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  6. Nem tudo, sim, tem razão
    meu caro e sábio Amigo,
    mas morre toda a ilusão
    menos a luz que traga consigo.

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  7. Trago no peito um amor
    que nunca se há-de extinguir,
    mesmo que tudo em redor
    deixe um dia de existir!

    JCN

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