Poema
maravilhoso de Antero de Quental
Fui rocha em
tempo, e fui no mundo antigo,
Tronco ou
ramo na incógnita floresta…
Onda,
espumei, quebrando-me na aresta
Do granito,
antiquíssimo inimigo.
Rugi, fera
talvez, buscando abrigo,
Na caverna
que ensombra urzes e giesta;
Ou, monstro
primitivo, ergui a testa
No limioso
paul, glauco pascigo…
Hoje sou
homem, e na sombra enorme
Vejo, a meus
pés, a escada multiforme,
Que desce em
espirais na imensidade…
Interrogo o
infinito e às vezes choro…
Mas, estendo
as mãos no vácuo,
Adoro e
aspiro unicamente à liberdade.
Ao meu jeito, cem anos depoiS:
ResponderExcluirPó de estrela
No rasto de Teixeira de Pascoaes
Fruto de milenária evolução
e de matéria orgânica formado,
antes porém do meu presente estado
fui luz de virtual constelação.
Vim das galáxias, sabe-se lá quando:
talvez já fosse pedra, lama ou flor
que em espiral se foram transformando
por obra do Supremo Criador!
Bicho da terra, como diz Camões,
matéria vil de vísceras e ossos,
sujeita a toda a casta de emoções,
ufano-me de ser, em todo o caso,
entre montões de cósmicos destroços,
o pó de alguma estrela… em seu ocaso!
João de Castro Nunes
Diria eu, mero amador das poesias,
Excluirmaravilha essa arte
que João de Castro Nunes
compartilha por aqui
e me hora fazer parte...
E ainda:
ResponderExcluir*
Cósmica saudade
Eu tenho a poderosa sensação
de já ter sido uma outra criatura
com diferente forma, outra estrutura,
uma outra natureza ou condição.
Terei já sido luz primordial,
porção de Deus, do paraíso expulso
devido a por incontrolado impulso
perder minha inocência original.
Fui pedra, arbusto, fui roseira brava,
água da fonte que refresca e lava,
àguia talvez, bicho da terra, nada.
Hoje, fazendo parte da manada
que integra a infortunada humanidade,
de tudo tenho um pouco de saudade!
João de Castro Nunes
Maravilha.
ExcluirPara terminr, em jeito de oblata:
ResponderExcluirAmar as pedras
Não tratem mal as pedras: elas têm
uma alma como nós; quem sabe até
se não possuem como nós também
um sentimento crédulo de fé!
As pedras têm também sua cultura
que importa conhecer e respeitar,
havendo-as ideais para a escultura,
outras especiais para talhar.
Desde os seixos rolados aos calhaus
tiveram de passar por muitos graus
até chegar à forma que possuem.
Trago-as no peito, mesmo as dos caminhos
que me merecem todos os carinhos
que em sua casta voz… me retribuem! 1!
João de Castro Nunes
E ISTO É VERDADEIRO!
ResponderExcluirGritam as pedras e choram as plantas!
ganem os animais, e o homem?
Nem todos, é verdade, mas uns riem
e atiram pedras nos animais,
derrubam árvores para queimar
por queimar sem saberem que o fogo
tem na chama a forma caótica do espírito,
que está por trás.
Mas vale a sentença de servir...
Por isso "bendito o leão comido pelo homem,
maldito o homem comido pelo leão".
Faça-se mais presente,
nobre e grandiloquente poeta João de Castro Nunes!
Ou me empreste um colher de palavras bem temperadas. (riso)
E o Livreto?
caro julio, você é privilegiado
ResponderExcluire de poetas ao indagado, saibas!
semente guia a correnteza no alado
brotando a paz da hora, que o caiba.