terça-feira, 28 de maio de 2013

A PALAVRA FURTADA


Essa coisa de fazer da palavra uma arma, é bom lembrar ao atirador que depois de disparada não tem volta, e perde o seu controle quem a dispara, passando imediatamente ao domínio público, com todos os acréscimos e deformações que cada um que a ouvir for capaz de falsificar. Nunca, todavia guardará sequer semelhança com a palavra original, no momento em que for disparada. Pois até para o atirador momentos depois já é outra coisa, ainda que mantenha a grafia! No sentido conceitual, mil outras coisas logo nos primeiros instantes passa a ter no pensamento do atirador. Imaginem em quem a ouve!

Mas vale a pena semear e depois de nascidas, cuidar bem das palavras. Imaginar que houve um tempo que não existiam palavras e as pessoas balbuciavam monossílabas depois faziam rabiscos, e mesmo agora quantas pessoas ouvem-nas, e nem desconfiam o que significam? Outros, usando metáforas são capazes de dizer sim querendo dizer não, mel para significar o mais amargo fel, e há também uma classe de gente que ao usar as palavras dá-lhe o pior castigo que um idioma pode receber sem poder fazer nada... Se você pensou que essa gente é a política dos últimos tempos e nomeadamente da situação, acertou em cheio.

O uso permanente em sentido inverso da semântica, o ataque frontal à regra e o valor absolutamente falso das palavras, fazem-nas sentirem-se marginais e cúmplices desses bandoleiros da língua, da moral e do caráter, que as submetem a esse flagelo.

Realmente vivemos tempos deveras estranhos. Depois do advento político alcunhado de lulopetismo de todos os roubos, até a honra das palavras foi, depois de sofrer violento estupro, também furtada.

Ao longo de muitas eras cultivou-se entre os estudiosos do real ocultismo, o mito da “palavra perdida”. Agora, temos o advento da palavra furtada!    
  

Não vivemos um tempo engraçado? Além de não termos encontrado a palavra perdida, tivemos a palavra furtada! 

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