segunda-feira, 27 de maio de 2013

Prosa Breve

A palavra perdida


A mais importante palavra é a “palavra perdida”, que dizem encerrar o mistério da chave que abre as portas da morte, para quem sair dela entrar pela portas da vida. E seria por esta razão que ela é perdida? 

Só se for para os que a perderam há milhares de anos e não a irão encontrar, porque não sabem onde a perderam! Mas há quem já tenha encontrado; outros, poucos, nunca a perderam; é natural então que a estes caiba a nobre missão de a guardarem. Dentre eles alguém revelou que ela possui o poder de revelar segredos e desvendar mistérios, inclusive o da esfinge.

Mas à palavra perdida não basta ser encontrada: é necessário interpretá-la; é o que dizem os que têm o seu segredo.

Existem diversas versões dela, mas quase todas são falsas. Apenas quem a guarda e nunca a perdeu e aqueles que a encontraram conhecem o seu mistério e sabem o seu nome, e naturalmente o seu segredo. Há até os que dizem poder ser qualquer palavra, outros que a chave nem é uma palavra e sim o mistério que está no córtex cerebral! E dizem até que as suas raízes descem ou sobem da câmara secreta do coração!

Seja qual versão for, falsa ou verdadeira, tudo leva a crer ser necessário, para desvendá-la Paz, Amor e Sabedoria. E não é então fora de propósito afirmar que não é a palavra quem anda perdida, mas sim o homem que perdeu o sentido de amar, de compreender o outro e viver em paz.  Por isso é a chave com que se abrem as portas do céu e da vida... Dizem ainda, os poucos que a encontraram, que dentre as fórmulas de encontrá-la se deve descartar a ideia de um céu mágico, lá no alto ou em qualquer lugar fora.

Não é este céu no céu; o verdadeiro existe, sim, mas segundo eles a porta está no seio profundo da nossa alma; e a ele tem acesso apenas quem encontrar a palavra perdida... E ao interpretá-la corretamente fara vibrar o som mágico, reverberando nos recônditos mais secretos do espírito. E de aí a desvendar o mistério da das raças e da esfinge, é um pulo. E então, nesse momento indescritível a palavra perdida transforma-se no oculto nome de quem a encontrou. Isto, segundo eles dizem! Eu mesmo não sei.


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