sexta-feira, 30 de maio de 2014

AS FORMAS E AS CORES


Observadas pelo princípio da inteligência situada nos olhos, as cores oferecem magníficas e quase incontáveis combinações; mas ainda assim não são nada, comparadas a uma rosa, a uma pessoa, a uma mulher, se no caso é o homem quem olha; ou com uma criança, alguém perfeitamente identificado com o nome e com o rosto, com voz e presença querida; enfim, a verdadeira expressão individual exibindo-se aos olhos de quem observa não há nada que a supre. Nem a há cor púrpura, por exemplo, que me encanta que supere esta beleza expressa pelo ser.

E nesse observar alguém de inexplicável e subida honra, no meu caso não há o que se compare à Juliana, que é pequena de idade, mas imensa ao meu mais elevado querer e igualmente a sua vovó Clara. Sim, Juliana fatalmente fadada a crescer e um dia será adulta.

Só desejo que siga a trilha dos buscadores de si mesmos, para não nos separarmos como seres espirituais andróginos, assexuados; e que se unam no caminho da evolução por laços metafísicos da eterna aliança, muito além destas sombras e até destas palavras, que o tempo a pó desfará, assim como desfeito está o formalismo simbólico familiar pelo elo de sangue.

Há quem insista (entra neste instante em cena o meu eu critico para denunciar aquele que), atrevidamente anuncia um espaço permanente e um tempo infinito à espera de quem vença um concurso de fé! E que em paz, (segundo o conceito de paz) morra depois de comprar em nome da esperança o que em nome dela se vende e até o que se oferece de graça, quando todos sabem que nada dessa natureza jamais estará pronto, para dar ou vender...

Por estas e outras me atrevo a repetir um sem fim de vezes, que o sonho é o real motor do movimento da imaginação com que buscamos o amanhã; e, de algum modo mantém-nos vivos, enquanto incansáveis e esperançosos a nossa trilha palmilhamos. E é isto, apenas isto tudo quanto temos: sonhos, quimeras e umas formas arcaicas recém saídas do forno e todo o resto por fazer.


Sequer o que aqui eu diga está acabado, portanto é o que digo quase o mesmo que não digo. Assim tal como tudo que foi escrito ou dito e feito não é e nunca será alguma coisa revestida de eternidade. Exceto formas abstratas e cores, pessoas e a Juliana; e naturalmente flores, riso, muito riso em homenagem à morte de tudo que estiver pronto e à venda. 

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