Observadas pelo
princípio da inteligência situada nos olhos, as cores oferecem magníficas e
quase incontáveis combinações; mas ainda assim não são nada, comparadas a uma
rosa, a uma pessoa, a uma mulher, se no caso é o homem quem olha; ou com uma
criança, alguém perfeitamente identificado com o nome e com o rosto, com voz e
presença querida; enfim, a verdadeira expressão individual exibindo-se aos
olhos de quem observa não há nada que a supre. Nem a há cor púrpura, por
exemplo, que me encanta que supere esta beleza expressa pelo ser.
E nesse
observar alguém de inexplicável e subida honra, no meu caso não há o que se
compare à Juliana, que é pequena de idade, mas imensa ao meu mais elevado
querer e igualmente a sua vovó Clara. Sim, Juliana fatalmente fadada a crescer
e um dia será adulta.
Só desejo que siga
a trilha dos buscadores de si mesmos, para não nos separarmos como seres
espirituais andróginos, assexuados; e que se unam no caminho da evolução por
laços metafísicos da eterna aliança, muito além destas sombras e até destas
palavras, que o tempo a pó desfará, assim como desfeito está o formalismo
simbólico familiar pelo elo de sangue.
Há quem insista
(entra neste instante em cena o meu eu critico para denunciar aquele que),
atrevidamente anuncia um espaço permanente e um tempo infinito à espera de quem
vença um concurso de fé! E que em paz, (segundo o conceito de paz) morra depois
de comprar em nome da esperança o que em nome dela se vende e até o que se oferece
de graça, quando todos sabem que nada dessa natureza jamais estará pronto, para
dar ou vender...
Por estas e
outras me atrevo a repetir um sem fim de vezes, que o sonho é o real motor do
movimento da imaginação com que buscamos o amanhã; e, de algum modo mantém-nos
vivos, enquanto incansáveis e esperançosos a nossa trilha palmilhamos. E é
isto, apenas isto tudo quanto temos: sonhos, quimeras e umas formas arcaicas
recém saídas do forno e todo o resto por fazer.
Sequer o que
aqui eu diga está acabado, portanto é o que digo quase o mesmo que não digo. Assim
tal como tudo que foi escrito ou dito e feito não é e nunca será alguma coisa
revestida de eternidade. Exceto formas abstratas e cores, pessoas e a Juliana;
e naturalmente flores, riso, muito riso em homenagem à morte de tudo que
estiver pronto e à venda.
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