...
- É
deveras muito velado este assunto! Concordou o jovem maçom, mas já bastante satisfeito pelo nível da conversa, bem ao estilo
do velho Teósofo que abre um largo sorriso, olhando com bondade para o
irrequieto aprendiz.
-
Reconheço no hermetismo e no fato de o assunto ser invulgar uma certa dificuldade de entendimento, mas não há
outra forma de o dizer. Poderia ser muito diferente se o homem não fosse ao
longo do tempo condicionado a ver o universo com o olhar mágico e envolvido de
mistério. E é pena que alguns cientistas e certos astrônomos não o queiram ver como
ele é. Antes de uma gigantesca esfera cheia de engrenagens girando como
planetas concretos, astros, estrelas, elementos químicos, desde o micro resumidamente em fungos, vírus e bactérias, células etc. e não é capaz ainda boa parcela
de pessoas de transformarem o imaginário místico de uma criação milagrosa, em
uma caminhada da evolução lenta e progressiva. E é assim que segue o seu ritmo o universo, que se expande e transforma aprendendo e construindo-se a cada
segundo; porque em absoluto não nascera pronto como agora está, nem eternamente
continuará a ser com é.
Todavia,
sempre muito bem expresso e muito bem representado no especial Sete, (o carro),
em sete etapas, em sete elementos, em sete impérios e em sete raças e muito
especialmente na Quinta Raça, que é esta nossa aonde mais recentemente nós
vimos se construírem três impérios civilizatórios; e pelas circunstâncias em
que se consolidaram poderemos relacioná-los com os elementos da natureza:
Vejamos, por exemplo, pelas características do império Romano senão nos lembra
a poeira nas lutas campais, no corpo a corpo, a roda dos carros de guerra
levantando nuvens de poeira do Elemento Terra? E logo em seguida rasgando e
singrando as águas dos mares consolidando-se o Império Lusitano, do qual não se
precisa muita imaginação para relacioná-lo com a água! E o atual império dos Americanos
do Norte? Pelo ar a enfurecida águia a cuidar com bombas da sua ninhada, cuja
poderosa força aérea não caracteriza o elemento ar?
Portanto
os três mais recentes impérios: Romano/Terra – Lusitano/Água – USA/Ar, se nos
apresentem vestidos a caráter para nossa despretensiosa analogia. E que
maravilha que isto assim o seja, podendo-se tocar com um tato eficiente, que
até em olhos se converte quando se olha e se quer entender, ou se toca nas
formas concretas, palpáveis! Mas também nas formas impalpáveis abstratas em
metafísicos modelos mentais, porque pensem os filósofos, astrônomos, sejam bons
ou maus agentes e pacientes em suas atividades que vão dando forma ao intelecto;
E do outro lado ou no Alto do mais Alto, os Grandes Construtores do universo. Seja
este para uns um conjunto de galáxias, seja o fundo de um quintal para
outros... Ou uma ciência séria metafísica ou física, um dogma e uma crença, rico
ou pobre, adulto ou criança, seja lá o que for porque se aqui está faz parte
deste magnífico conjunto, a que se chama universo seguindo seu curso evolutivo
ao qual pode o homem interferir.
-Nisto
concordo com o senhor, e não creio muito mais em crenças nem muito mais me diz
grande coisa qualquer dogma; e ainda, apesar do alvoroço, muito pouco revela a
mais badalada ciência. E além do mais, enquanto houver dogmas e crenças sempre
haverá uma grande possibilidade de subversão, porque são hipóteses; e nenhuma
hipótese precisa ser provada quando se trata de fé. Por isso, naturalmente em
minha opinião, o que realmente parece ser objeto da maioria das seitas são as
cifras e os cifrões, e estes são bem concretos e em espécie; embora subjetivo e
simbólico seja o seu valor! Mas quanto a este nosso sete, dele muito mais
gostaria de ouvir! Disse rindo o jovem rebelde, já agora de atitude séria e de
respeitosa atitude ao velho caminhante, que em seguida retoma o assunto com o
tema mantido pelo jovem:
-
Todos os objetos animados ou não, têm uma base onde estarão assentes os homens,
por isso têm pés e neles equilibram seus corpos na vertical, mas principalmente
por terem debaixo deles um solo e uma lei de gravidade; e no estado mais sólido
possível do conjunto homem. Este homem formado de um corpo onde se assenta o
homem psíquico, é um ser cuja matéria que lhe dá a forma se diferencia em sete
escalas, tais como, liquido; sólido; gasoso; etéreo; radiante; subatômico e
atômico, não seria arrogância imaginar que numa escala universal também o
universo concreto e que é objeto de estudo da ciência não seja na mesma escala,
todavia universal?
Lamentar-se-á
muito, entretanto, que esta ciência pelo menos não cultive outro ser em seu
imaginário pessoal, em vez de uma forma arcaica de ateísmo ou crença, como
pessoalmente alguns cientistas “réus confessos” do ateísmo ou crentes desta ou
daquela seita, e alguns até pentecostais!
Mas
de qualquer modo e de uma maneira ou de outra, todos acabam concordando que
existe o Macro e que existe o Micro, e entre estes “micros” são os humanos
micos ainda menores. E tanto físico quanto abstrato, desde a ameba ao diamante
que é a mais dura estrutura concreta, sete é a sua escala.
Mas
há de se considerar que o conjunto inteiro a quem em nossa prosa chamamos
homem, vai muito além deste setenário corpo... Porque este não pensa e não
sente; e alguém enquanto ente pensa e sente atrás ou à frente, em cima ou em
baixo, percebe e começa aí a renascer como alma um ser espiritual...
Assentado
na base concreta, onde percebe desde as mais instintivas e animalescas
sensações, até a mais bela emoção de quem é capaz de sentir a sublime e
indiscritível sensação do amor universal. E do mesmo modo o pensamento, desde a
mais rude forma de ação mental das células minerais, ao mais elevado pensamento
filosófico, só aos grandes sábios e profetas reservado o seu exercício.
E
se pelo mero uso da razão nos é possível acreditar nisto; e se numa escala
setenária a quisermos enfiar, é fácil concluir que ela, enquanto razão não
passa de um quarto estágio; por ser este o ritmo da terra onde a razão é um
atributo natural ao homem, sendo também quaternário enquanto terreno, concreto,
mas parte de um universal setenário...
-Sendo,
pois setenária a formação de um conjunto, e começamos a concordar com essa
hipótese, de quantas partes são constituídos os elementos individuais de cada
conjunto? Pergunta absolutamente consciente e já agora acompanhando o assunto
em profundidade, o jovem aprendiz.
- Belíssima
pergunta meu caro aprendiz, belíssima! Prosseguiremos então com o homem como
exemplo, por ser ele modelo universal, ou como diz o filósofo medida de todas
as coisas, tendo em si a representação de todas as formas de vida; e que há de
ser trina e então vejamos o homem: corpo, alma e espírito; e é escusado dizer,
todas as demais expressões são trinas. Quer outro exemplo, uma árvore tem raiz,
tronco e fruto; cabeça, tronco e membros; pai, mãe e filho, etc. de modo que,
sendo de valor trino cada indivíduo, cada formação geradora de vida não haveria
de ser estranha uma formação setenária na sua expansão! Ante isto, convenhamos
então que sendo trinas em valor universal as sete “horas cósmicas”, ou as sete
etapas, ou os sete sistemas e em se multiplicando o valor sete vezes o valor três,
teremos o número vinte e um, cuja síntese será indubitavelmente vinte e dois;
de tal modo que, deste jogo temos os vinte e dois arcanos maiores onde de forma
ainda um pouco vela se encontra a história dos Deuses “Cristos e seus
Auxiliares” que a escrevem, dos quais o sete é o carro da lei...
- Pois
saiba meu bom senhor, que por essa definição de uma maneira mais ampla é que eu
estava ansioso!
- Bem,
como pôde observar, repito: temos então as três hipóteses que no final não são
hipóteses, mas a verdade absoluta da trindade primordial, multiplicando-as por
sete etapas universais, haverá vinte e um arcanos maiores, cuja síntese é o
vinte e dois, aonde se vai encerrado todo o conhecimento da obra divina, para
nos cinqüenta e seis menores, das cartas do baralho, encerrar-se a obra humana.
E por não caber nesta nossa conversa maiores detalhes quanto às “arcas” aonde
vão as suas obras muito bem guardadas, em silêncio outros detalhes ficarão para
de alguma forma os interessados recorrerem à pesquisa. Com certo ar de
mistério, assim falou o velho Teósofo.
Em
completa mudez de alma e desarmado de espírito, com respeitosa amizade olha
para ele o jovem maçom, gesto que o velho Teósofo compreende como transformação
na consciência dele, porque de há muito estava pronto para ouvir o que não é
comum as pessoas comuns conversarem e ouvirem.
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