sábado, 24 de maio de 2014

CONVERSA NUMA SÓ VIA II


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- É deveras muito velado este assunto! Concordou o jovem maçom, mas já bastante satisfeito pelo nível da conversa, bem ao estilo do velho Teósofo que abre um largo sorriso, olhando com bondade para o irrequieto aprendiz.    

- Reconheço no hermetismo e no fato de o assunto ser invulgar uma certa dificuldade de entendimento, mas não há outra forma de o dizer. Poderia ser muito diferente se o homem não fosse ao longo do tempo condicionado a ver o universo com o olhar mágico e envolvido de mistério. E é pena que alguns cientistas e certos astrônomos não o queiram ver como ele é. Antes de uma gigantesca esfera cheia de engrenagens girando como planetas concretos, astros, estrelas, elementos químicos, desde o micro resumidamente em fungos, vírus e bactérias, células etc. e não é capaz ainda boa parcela de pessoas de transformarem o imaginário místico de uma criação milagrosa, em uma caminhada da evolução lenta e progressiva. E é assim que segue o seu ritmo o universo, que se expande e transforma aprendendo e construindo-se a cada segundo; porque em absoluto não nascera pronto como agora está, nem eternamente continuará a ser com é.

Todavia, sempre muito bem expresso e muito bem representado no especial Sete, (o carro), em sete etapas, em sete elementos, em sete impérios e em sete raças e muito especialmente na Quinta Raça, que é esta nossa aonde mais recentemente nós vimos se construírem três impérios civilizatórios; e pelas circunstâncias em que se consolidaram poderemos relacioná-los com os elementos da natureza: Vejamos, por exemplo, pelas características do império Romano senão nos lembra a poeira nas lutas campais, no corpo a corpo, a roda dos carros de guerra levantando nuvens de poeira do Elemento Terra? E logo em seguida rasgando e singrando as águas dos mares consolidando-se o Império Lusitano, do qual não se precisa muita imaginação para relacioná-lo com a água! E o atual império dos Americanos do Norte? Pelo ar a enfurecida águia a cuidar com bombas da sua ninhada, cuja poderosa força aérea não caracteriza o elemento ar?

Portanto os três mais recentes impérios: Romano/Terra – Lusitano/Água – USA/Ar, se nos apresentem vestidos a caráter para nossa despretensiosa analogia. E que maravilha que isto assim o seja, podendo-se tocar com um tato eficiente, que até em olhos se converte quando se olha e se quer entender, ou se toca nas formas concretas, palpáveis! Mas também nas formas impalpáveis abstratas em metafísicos modelos mentais, porque pensem os filósofos, astrônomos, sejam bons ou maus agentes e pacientes em suas atividades que vão dando forma ao intelecto; E do outro lado ou no Alto do mais Alto, os Grandes Construtores do universo. Seja este para uns um conjunto de galáxias, seja o fundo de um quintal para outros... Ou uma ciência séria metafísica ou física, um dogma e uma crença, rico ou pobre, adulto ou criança, seja lá o que for porque se aqui está faz parte deste magnífico conjunto, a que se chama universo seguindo seu curso evolutivo ao qual pode o homem interferir.

-Nisto concordo com o senhor, e não creio muito mais em crenças nem muito mais me diz grande coisa qualquer dogma; e ainda, apesar do alvoroço, muito pouco revela a mais badalada ciência. E além do mais, enquanto houver dogmas e crenças sempre haverá uma grande possibilidade de subversão, porque são hipóteses; e nenhuma hipótese precisa ser provada quando se trata de fé. Por isso, naturalmente em minha opinião, o que realmente parece ser objeto da maioria das seitas são as cifras e os cifrões, e estes são bem concretos e em espécie; embora subjetivo e simbólico seja o seu valor! Mas quanto a este nosso sete, dele muito mais gostaria de ouvir! Disse rindo o jovem rebelde, já agora de atitude séria e de respeitosa atitude ao velho caminhante, que em seguida retoma o assunto com o tema mantido pelo jovem:

- Todos os objetos animados ou não, têm uma base onde estarão assentes os homens, por isso têm pés e neles equilibram seus corpos na vertical, mas principalmente por terem debaixo deles um solo e uma lei de gravidade; e no estado mais sólido possível do conjunto homem. Este homem formado de um corpo onde se assenta o homem psíquico, é um ser cuja matéria que lhe dá a forma se diferencia em sete escalas, tais como, liquido; sólido; gasoso; etéreo; radiante; subatômico e atômico, não seria arrogância imaginar que numa escala universal também o universo concreto e que é objeto de estudo da ciência não seja na mesma escala, todavia universal?

Lamentar-se-á muito, entretanto, que esta ciência pelo menos não cultive outro ser em seu imaginário pessoal, em vez de uma forma arcaica de ateísmo ou crença, como pessoalmente alguns cientistas “réus confessos” do ateísmo ou crentes desta ou daquela seita, e alguns até pentecostais!

Mas de qualquer modo e de uma maneira ou de outra, todos acabam concordando que existe o Macro e que existe o Micro, e entre estes “micros” são os humanos micos ainda menores. E tanto físico quanto abstrato, desde a ameba ao diamante que é a mais dura estrutura concreta, sete é a sua escala.

Mas há de se considerar que o conjunto inteiro a quem em nossa prosa chamamos homem, vai muito além deste setenário corpo... Porque este não pensa e não sente; e alguém enquanto ente pensa e sente atrás ou à frente, em cima ou em baixo, percebe e começa aí a renascer como alma um ser espiritual...

Assentado na base concreta, onde percebe desde as mais instintivas e animalescas sensações, até a mais bela emoção de quem é capaz de sentir a sublime e indiscritível sensação do amor universal. E do mesmo modo o pensamento, desde a mais rude forma de ação mental das células minerais, ao mais elevado pensamento filosófico, só aos grandes sábios e profetas reservado o seu exercício.

E se pelo mero uso da razão nos é possível acreditar nisto; e se numa escala setenária a quisermos enfiar, é fácil concluir que ela, enquanto razão não passa de um quarto estágio; por ser este o ritmo da terra onde a razão é um atributo natural ao homem, sendo também quaternário enquanto terreno, concreto, mas parte de um universal setenário...

-Sendo, pois setenária a formação de um conjunto, e começamos a concordar com essa hipótese, de quantas partes são constituídos os elementos individuais de cada conjunto? Pergunta absolutamente consciente e já agora acompanhando o assunto em profundidade, o jovem aprendiz. 

- Belíssima pergunta meu caro aprendiz, belíssima! Prosseguiremos então com o homem como exemplo, por ser ele modelo universal, ou como diz o filósofo medida de todas as coisas, tendo em si a representação de todas as formas de vida; e que há de ser trina e então vejamos o homem: corpo, alma e espírito; e é escusado dizer, todas as demais expressões são trinas. Quer outro exemplo, uma árvore tem raiz, tronco e fruto; cabeça, tronco e membros; pai, mãe e filho, etc. de modo que, sendo de valor trino cada indivíduo, cada formação geradora de vida não haveria de ser estranha uma formação setenária na sua expansão! Ante isto, convenhamos então que sendo trinas em valor universal as sete “horas cósmicas”, ou as sete etapas, ou os sete sistemas e em se multiplicando o valor sete vezes o valor três, teremos o número vinte e um, cuja síntese será indubitavelmente vinte e dois; de tal modo que, deste jogo temos os vinte e dois arcanos maiores onde de forma ainda um pouco vela se encontra a história dos Deuses “Cristos e seus Auxiliares” que a escrevem, dos quais o sete é o carro da lei...

- Pois saiba meu bom senhor, que por essa definição de uma maneira mais ampla é que eu estava ansioso!

- Bem, como pôde observar, repito: temos então as três hipóteses que no final não são hipóteses, mas a verdade absoluta da trindade primordial, multiplicando-as por sete etapas universais, haverá vinte e um arcanos maiores, cuja síntese é o vinte e dois, aonde se vai encerrado todo o conhecimento da obra divina, para nos cinqüenta e seis menores, das cartas do baralho, encerrar-se a obra humana. E por não caber nesta nossa conversa maiores detalhes quanto às “arcas” aonde vão as suas obras muito bem guardadas, em silêncio outros detalhes ficarão para de alguma forma os interessados recorrerem à pesquisa. Com certo ar de mistério, assim falou o velho Teósofo.          


Em completa mudez de alma e desarmado de espírito, com respeitosa amizade olha para ele o jovem maçom, gesto que o velho Teósofo compreende como transformação na consciência dele, porque de há muito estava pronto para ouvir o que não é comum as pessoas comuns conversarem e ouvirem. 

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