segunda-feira, 19 de maio de 2014

BANDEIRAS AO VENTO


Eu quero apenas e tão somente da vida o que para vivê-la de modo simples eu precise. Nada, além disso, desejo. Pois certamente me pesará se o tiver de carregar nos meus ombros; à vida quero leve o mais que for possível entre os limites da quase levitação promovida pelo engenho do ouvido, nessa arte que eleva e mantém-nos de pé na gravidade, a prender-nos à terra. No meu caso, exatamente do tamanho que sou, com o peso que peso, mais o mínimo indispensável para viver; e é assim que sigo o meu destino, onde o destino e a minha relativa vontade me levarem.

É evidente que o destino, por havê-lo eu até aqui tecido e seguir tecendo-o na medida do possível, dirijo-o de bom grado e o assumo para seguir em paz comigo.

Insano e a esmo não, isso não posso dizer que seja a minha maneira de ir, pois a consciência já me deu um eixo com que traço minha estrada, pela qual vou deixando as minhas pegadas...          

Leve sim, o mais que for possível e livre totalmente, sem mágoas que ao juízo tolhem e inconsequentemente venham a tirar-me o equilíbrio!

Compreenda-se este leve caminhar como predicativo do exercício constante tanto da técnica da respiração, que me ajudou a aliviar a gravidade aos pés, quanto por rasgar todas as regras ditatoriais.

Conquanto não pensem que as rasguei loucamente ou revoltoso, porque desrespeitasse os meus limites, ou fosse um comunista insano! Não. Não sou louco nem comunista, pois amo o semelhante e reconheço os direitos de todos os homens; lamentando, entretanto em muitos a ausência dos limites e o desconhecimento dos mais primários deveres da civilização!

Mas incrédulo sim, totalmente incrédulo nesses homens, pequenos simulacros de estadistas, e nesse deus que à viva voz ou em fórmulas escritas o anunciam, e em tantas prosas não me canso de criticar, porque não sendo eu um cego, dele não vejo vestígios em nada do que dele e em seu nome oferecem tão barato.

Mas em Deus como o creio e dele tenho razoável consciência, sim; e se de repente alguém me perguntar onde penso eu Ele se encontrar, responderei que Deus está em mim, em primeiro lugar, cuja presença é impossível negar pela inteligência primária que me é natural; seja a inteligência da compreensão amistosa ou indignada, seja eu alto ou baixo, seja eu sábio ou idiota, seja eu uma pequena célula de entendimento de mim mesmo, que possa conceber-me como um conglomerado de células organizadas por essa mesma inteligência universal, que formam este indivíduo que vos fala.

Sem o negar também em tudo e em todos, mesmo naqueles que hoje o fazem de pedra, madeira e dinheiro, muito dinheiro!

Inabalável nessa minha absoluta incredulidade nesse deus, eu creio mesmo só em Deus real, vivo em todas as coisas; e então por analogia simples e sem falsa modéstia em mim, naturalmente!

Ou em que paraíso, nirvana ou céu poderia ele estar, se em mim não estiver e igualmente em tudo?

Mas realmente naquele um em fórmulas mágicas que às prestações vai sendo oferecido e sujeito aos altos juros de um inferno, por falta de pagamento não, neste eu não creio!

Portanto e apenas por isso é que eu quero mais da vida a vida enquanto dure, e me leve muito leve e livre por aí num ameno e constante caminhar.  




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