Eu
quero apenas e tão somente da vida o que para vivê-la de modo simples eu
precise. Nada, além disso, desejo. Pois certamente me pesará se o tiver de carregar
nos meus ombros; à vida quero leve o mais que for possível entre os limites da quase
levitação promovida pelo engenho do ouvido, nessa arte que eleva e mantém-nos
de pé na gravidade, a prender-nos à terra. No meu caso, exatamente do tamanho
que sou, com o peso que peso, mais o mínimo indispensável para viver; e é assim que
sigo o meu destino, onde o destino e a minha relativa vontade me levarem.
É
evidente que o destino, por havê-lo eu até aqui tecido e seguir tecendo-o na
medida do possível, dirijo-o de bom grado e o assumo para seguir em paz comigo.
Insano
e a esmo não, isso não posso dizer que seja a minha maneira de ir, pois a
consciência já me deu um eixo com que traço minha estrada, pela qual vou
deixando as minhas pegadas...
Leve
sim, o mais que for possível e livre totalmente, sem mágoas que ao juízo tolhem
e inconsequentemente venham a tirar-me o equilíbrio!
Compreenda-se
este leve caminhar como predicativo do exercício constante tanto da técnica da
respiração, que me ajudou a aliviar a gravidade aos pés, quanto por rasgar
todas as regras ditatoriais.
Conquanto
não pensem que as rasguei loucamente ou revoltoso, porque desrespeitasse os meus
limites, ou fosse um comunista insano! Não. Não sou louco nem comunista, pois
amo o semelhante e reconheço os direitos de todos os homens; lamentando,
entretanto em muitos a ausência dos limites e o desconhecimento dos mais
primários deveres da civilização!
Mas
incrédulo sim, totalmente incrédulo nesses homens, pequenos simulacros de
estadistas, e nesse deus que à viva voz ou em fórmulas escritas o anunciam, e
em tantas prosas não me canso de criticar, porque não sendo eu um cego, dele não
vejo vestígios em nada do que dele e em seu nome oferecem tão barato.
Mas
em Deus como o creio e dele tenho razoável consciência, sim; e se de repente
alguém me perguntar onde penso eu Ele se encontrar, responderei que Deus está em
mim, em primeiro lugar, cuja presença é impossível negar pela inteligência primária
que me é natural; seja a inteligência da compreensão amistosa ou indignada,
seja eu alto ou baixo, seja eu sábio ou idiota, seja eu uma pequena célula de entendimento
de mim mesmo, que possa conceber-me como um conglomerado de células organizadas
por essa mesma inteligência universal, que formam este indivíduo que vos fala.
Sem
o negar também em tudo e em todos, mesmo naqueles que hoje o fazem de pedra,
madeira e dinheiro, muito dinheiro!
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