segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

A magia dos sons

A música não sei por que razão
dos astros me aproxima, das estrelas,
como se acaso eu fosse uma porção,
um simples grão de pó de qualquer delas.

Sinto-me levequando ouço tocar
a sexta, a nona, a quinta sinfonia
do grande génio que me faz sonhar
com deuses em serena companhia.

É a mesma comoção que eu sinto lendo
dos magnos vates as composições
desde Bocage, Antero até Camões.

Sem pretendê-las igualar, entendo
que a poesia deve possuir
da música o seu mágico... elixir!

João de Castro Nunes

Um comentário:

  1. Também eu, assim, à música sinto.
    Também eu ouvindo o segundo movimento da sétima chego mais perto das estrelas.

    E tem razão quanto ao pó.

    Somos pó e ao pó voltaremos...
    Tanto no sentido profano, do "barro" da terra,
    quanto no sentido esotérico de voltar como luz,
    do pó original das estrelas, de que somos feitos, voltar ao pó como luz...

    Subir como um anjo, voando e transformando
    o palo horizontal da cruz, em asas,
    curando definitivamente as chagas, de Jesus.

    Mas quem saberia dizer-me o sabor do que
    originalmente pó fez-se já pão, carne, arroz e feijão, leite, fez-se cor, sabor e se a estes ninguém poderá dizer-me, o que são e o que me sabem, como querem saber o deus, que me salva?

    Pó, originalmente pó segundo os deuses instrutores do mundo, e que ainda alguém imundo de tolerância cospe em Buda, sem saber que cospe em Cristo!

    E assim, "ao desconcerto do mundo" tenho para mim, que, se Camões cá viesse hoje, diria o mesmo deste desconcerto do mundo.

    Pó, mas pó que se misturou com água e dessa primordial alquimia chegou a gente...

    E eis que, pessoas, criaturas da terra, mas não só, se por ventura além do pó ao polém tendo ido e por essas trilhas, ao ouvido educado...

    Concordo desde a primeira à nona e todos os concertos, pastorais, cantos e coros divinos cá, entre nós, "infernais"...

    Ou bem, se cada um em paz consigo mesmo pelo dever cumprido, que a cada segundo se cumpre e já sem medo goza o estar aqui, num ato puro e simples de respirar.

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