Fiz do meu destino um gesto
simples de viver e adotei por regra o hábito de pensar. Estranhamente não por
isso, mas não aprendi a ser feliz. Também jamais compreendi a razão de algumas
pessoas quererem tanto que eu seja o que elas querem e não o que eu sou.
E essa insistência provoca-me
conflitos entre elementos contrários, que se debatendo entre si criam
momentaneamente de mim um espectador singular, mas por outro lado também provocam
pensamentos fragmentados que nem tenho certeza de querer pensá-los. E assim
meio transfigurado num ser estranho que eu nem sou, acaba impondo-me característica
que eu não quero ter. E até já cheguei a cogitar se esta seria uma das causas da loucura, mas louco
totalmente eu ainda não sou!
Estranho é que ainda ontem
fazia um discurso que não fiz e hoje já o não lembro; e porque ontem passou não lembro a razão de esquecer um discurso que faria e não fiz. Poderia
em sua inexistência – o tempo – lembrar-me de um discurso que não fiz? (...)
Se existisse tempo fora da
memória de quem recorda poderia até enquanto tempo voltar atrás, girar no
sentido contrário e eu poderia então rever o meu discurso. Mas falho como tudo
mais que hoje falho também o tempo falharia... De qualquer maneira não valeria a
pena rever o discurso que ontem não nasceu. Não porque não o fazendo o esquecesse,
mas por falhas na memória, pois o tempo não existe! E eu guardo tão somente fragmentos
de sua essência como tema – o assunto – para que um dia o possa rever se
relembrar da sua importância.
Hoje não, que o não lembro. Retenho
em algum lugar da mente algo como pequena ilha onde bóiam na superfície
fragmentos de mágoas e lúcidas loucuras que em minha lucidez fremem bandeiras
de alegria, mas postas diante da realidade – me parece agora – o vento que as
sopra é o vento da insanidade. Quem as terá gerado em mim, não sei; também não
sei quem teria sadios e felizes pensamentos neste momento tão pobre global!
Afinal, quem os levará de
volta ao limbo da matéria mental virgem, depois de terem tido tão estranha
geração de alegria a meio ao caos do mundo?
Eu mesmo só na mais profunda
instância da minha alma guardo um mísero traço de sano entendimento, de onde
vez ou outra surge lúcido sentimento de esperança. Mas esperança muito simples,
de que ante meus olhos surja de repente algum algoz arrependido e devolva ao
mundo o que ao mundo usurpou e faz triste.
Mas no meu coração já
escureceu e não bate de contente, nem pulsa de entusiasmo; bate, simplesmente
bate-me, loucamente vive-me porque eu já não sei se ainda isto que faço é viver
como ensina o pronome pessoal eu no sentido do Bem, Bom e Belo.
Mas de repente, lembro-me
neste instante, hoje já é o inicio do “Ano-Novo”! As pessoas reorganizam-se, comemoram
as vitórias do ano velho, esquecem o drama global, riem-se e eu meio choroso
relembro o velho tempo de saudosas recordações de amizade, singela cortesia e
belas damas elegantes mais vestidas.
Posso te dar um abracinho?
ResponderExcluirEntão, considere-se devidamente abraçado!
Fique bem, Norma
P.S.: Feliz Ano Novo, de novo!
E lembre-se, não é 2013 que tem que ser diferente.
É você!
Nac♥
Devidamente abraçado por Norma e feliz de novo.
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