quarta-feira, 22 de julho de 2009

Ao meu amigo Poeta que hoje se chama João.

Outro nome deverá ter tido, certamente, mas ora é João... Yohan... Iocanã Arauto, Senhor da Palavra, Anunciador...

Poeta de seu tempo, da família em generosa prole de filhos e netos...

Depois do mar das tormentas atravessado e já nas terras onde o ninho pátrio fez, o professor ousou sonhar...
Ousou ultrapassar as portas da academia e ainda nelas se fez honorável Doutor.

E que Iocanã, não é este João!

Mas desta vez sem perder a cabeça ao permitir-se fonte e deixar jorrar poesia do alto desse Ser, que até de espada e um cavaleiro à palavra ousa dar cor, som, melodia e um sabor estranho e magnífico também.

Quem diria que tal aquela antiga voz ceifada e na prata da lua em sangue retratada
neste ritmo e maestria aqui ora andaria?

Benditos os Iocanãs, os Poetas, as Bocas do Homem por onde se reproduz o som dignificado numa língua...

E que língua, não é esta Lusa!

Glorificada seja Ela e as suas palavras, e malditos aqueles que a profanam e num beco escuro tentam jogá-la!

Mas que vontade de rir, pois um só dos bons num dia arranja com ela mais arte do que lixo multidões de profanadores geram num ano...

Ainda bem!
Ainda bem que tenho vontade de rir e rio-me muito!

Porque não haveria de rir, se o sagrado de todas as coisas se mantém intacto e fora do alcance dos brutos?

9 comentários:

  1. foi com maior gosto que aqui entri
    é com o mair gosto que aqui estou
    é com muito gosto que um grande abraço
    aqui te dou amigos de sempre
    Emílios

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  2. JOÃO

    Era o mais lindo nome que existia,
    min mulher dizia por amor,
    o nome de Joáo, o precursor
    da vinda de Jesus, que anunvia.

    Não há capela, igreja ou romaria
    em que ele não esteja em seu andor,
    em procissão saindo quando for
    da sua festa o respectivo dia.

    Sendo judaico primitivamente,
    talvez não haja um único idioma
    em que ele não exista no presente.

    A língua em que, porém, tem mais beleza,
    filha dilecta do falar de Roma,
    é sem dúvida alguma a portuguesa!

    JOÃO DE CASTRO NUNES

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  3. Por ter saído gralhada, repito a primeira quadra:

    Era o mais lindo nome que existia,
    minha mulher dizia por amor,
    o nome de João, o precuror
    da vinda de Jesus, que ele anuncia.

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  4. O PRECURSOR

    Achando-se na margem do Jordão,
    os fariseus, ouvindo falar dele,
    raivosos com a fama de João,
    uns após outros iam ter com ele.

    - "Acaso és o Messias?" - perguntavam
    a fim de o pôr à prova arteiramente -
    "És tu Aquele de que nos falavam
    os nossos pais, o salvador da gente?"

    - "Nem digno sou sequer de Lhe apertar
    as tiras das sandálias ou limpar
    o pó que elas levantam quando passa!

    Por Deus apenas me foi dada a graça
    de anunciar-vos que não tarda a vir
    Aquele que vos há-de confundir!".

    JOÃO DE CASTRO NUNES

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  5. O SANTO DO MEU NOME

    Por se encontrar à venda ao desbarato
    comprei um dia num antiquário
    da praça de Lisboa, ao pé do Rato,
    um S. João de pedra de calcário.

    Tem todo o ar de peça quinhentista:
    vestido com a pele de cordeiro
    peculiar de S. João Baptista,
    não é produto de vulgar canteiro.

    Pelo seu porte escultural, solene,
    de helénica e soberba anatomia,
    atrevo-me a pensar em Chanterenne.

    Quer seja ou não de artista de renome,
    comprei-o, sem olhar ao que valia,
    tão-só por ser o santo do meu nome!

    JOÃO DE CASTRO NUNES

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  6. O sagrado das coisas...
    Um cálice .
    Pescoço e cabeça formam um cálice.
    Pense nisso, cavaleiro e sorva desse sagrado ofício, sacro ofício dos cavaleiros.

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  7. Certamente, Barbara, certamente tão belo quanto Dele Endechas à Barbara, gerado naquela taça magnífica...

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  8. obrigado Emilia e volte... ou melhor não saia nunca daqui

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