segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

A Minha Alma Amanheceu Amarga

A minha alma amanheceu amarga do fel da noite nela vertido/
qual colibri caído ao solo morto, por mel veneno ter bebido./


Na solidão há paz, há silêncio e também uma mistura de suave contentamento e dor.
Na solidão, depois da batalha fragorosa com estrondosos  gritos sem palavras claras e compreensivas, a multidão de milhares de seres não é ninguém.

Assim transcorre o processo, depois da ruptura de um estado aparentemente equilibrado;
e ainda que estrondos tenebrosos ecoassem pelo vale não se vêm pelo chão escombros que o estado de equilíbrio tem como alicerce a ilusão cimentada de neblina.

Sólidas, confiáveis só as pedras do caminho. Mas confiar demasiado numa trilha imaginária pra seguir de cabeça muito altiva, pode-se ir ter num pântano alagadiço.

Na solidão há momentos de reflexão e entendimento de que nada é eterno ou tem identidade real. Mesmo a mais moderna fornecida pelo Estado relativa ao homem, antes de papel e hoje de plástico perde a validade quando se desfaz a pequena ilha vertical, e na horizontal desfaz-se e volta ao pó num outro corpo global planetário um pouco mais duradouro, mas também finito.    

Na solidão, Deus é mais real e fala mais de perto através da brisa fresca, se fizer calor; ou da luz sol, quentinha, se fizer frio; ou do luar calmo, se a noite já chegou.

Deus fala mais eloquente na solidão, mas a quem o queira ouvir fala ininterruptamente através do agressor, se a face do amor foi violada.

Fala através da água fresca saciando a sede, do alimento saciando a fome, do vizinho passando na frente da casa desejando bom dia, sorrindo.

Fala-nos Deus de todas as maneiras. Através da alegria ou da tristeza por que alguém não falou o que desejávamos ouvir.

Deus, nesse instante se não fala para conosco fala para outros, que o ouvem noutra língua e é no silêncio que nos pede olhar, que nos diz sentir, que nos mostra respeitar quem fala.

Na solidão há paz, na solidão há luz de olhos fechados, há trevas de olhos abertos.
Em qualquer situação nós somos o que somos... Deuses, demônios, anjos, malfeitores, somos o que queremos ser.

Mas o ser real se tiver modelo universal e trilha pétrea para seguir, ao ser como cada qual como é determinará seu tempo de chegada e pode nem chegar, tombando pelo caminho.

Na solidão se cogitam muitas hipóteses, e de algum modo todas são reais e falsas na mesma medida de existir ou não existir.

Na solidão tem-se a certeza da não impermanência e da ilusão. Tudo definitivamente é e não é.

Paz, guerra, silêncio, ruído estrondoso, conflituosos e serenados ânimos, células ativas e descartadas, órgãos trabalhando e sistema mantido, e quem pensa e sente e se move, afinal, dentro ou fora desse arrumado engenho passageiro?

Dizem corpo, alma e espírito. Corpo? Talvez, mas quem mantém essa comunidade de minúsculos seres em funções distintas e perfeitamente organizadas sem conflitos ou incompatibilidades?

Algo da alma, que de outra fonte não há indícios razoáveis, mas o que é a alma? Por isso mesmo e ninguém saber ao certo é que deve ser ela a comandar a as tribos de células e bactérias.

Espírito? O juízo da alma? Quem sabe o que é o Espírito? Ao certo quem sabe não sabe dizer de modo que quem não sabe possa entender, supondo que exista quem saiba!

O homem andou muito, desvendou fortes cerrações mentais, caminhou pelo céu, pelas estrelas e não o fez sozinho... Fala-se em Filósofos, Budas, Cristos, Luzeiros, Planetários, Avataras...

Mas na solidão não há certeza. Há apenas e ainda frágil um embrião da fé. A solidão tem muitas janelas e por elas se olha lá fora, mas também lá fora em silêncio ou tumulto não há esperança de solução para a o enigma da vida, e a única resposta confiável é a certeza da morte.


2 comentários:

  1. Julio,
    Gostaria de ter um contato seu (mesmo um email corporativo) p/te enviar o abaixo. Na ausência segue o que eu enviei para uma seleção (especialíssima p/mim) que eu nomeie "Meus Queridos Todos":
    P.S.: Fique bem! Nac♥

    quote
    ♥Meus Queridos Todos♥
    "New Shoes" by Gerald Waller, Austria 1946

    Werfel, menino de seis anos, vivendo em um orfanato na Áustria, após a 2ª Guerra Mundial, abraça um novo par de sapatos dado pela Cruz Vermelha. Foto publicada na revista Life.

    Six year-old Werfel, living in an orphanage in Austria, hugs a new pair of shoes given to him by the American Red Cross.

    This photo was published by Life magazine.

    http://www.flickr.com/photos/grammardog/505296833/

    ou

    http://wearethechildren2012.files.wordpress.com/2012/03/new-shoes-copy.jpg


    Eu considero essa foto uma das mais importante que já vi. Fala-me de tantas coisas, mas principalmente de alegria e gratidão.
    Acho-a, inclusive, inspiradora, para todas as épocas e situações.

    Hoje a Helê (As Duas Fridas) colocou-a num post, onde acrescentou:

    Qt

    "Seja um par de sapatos, o eletrônico de última geração ou a valiosa oportunidade de estar aqui agora: aceite e agradeça.

    E tenha uma noite feliz."

    Unqt

    Irretocável. Nada há para acrescentar, só um sorriso de plena concordância.

    Uma Noite Feliz para todos e curtam o "presente" em todos os sentidos que os teus corações possam imaginar.

    Boa Sorte, Norma


    Não faz as coisas fáceis.
    Ela as faz possíveis.
    Lucas 1.37

    Bjo, Nac♥
    Unquote

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  2. Obrigado Norma, de verdade. Como vai saindo vai saindo rsrsr

    juliotlima@uol.com.br

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