sábado, 15 de dezembro de 2012

EFEITOS SEM CAUSA REAL?




Em manhã incrivelmente clara o sol transpassando a tênue penumbra da noite, se esvaía. Meu coração entristecido quedava-se murcho devido o sonho, em noite estranha.

E nem mesmo um fundo dramático de mistério havia para compor que fosse um cenário do caos. A luz solar, irresistível, não permitia àquela altura já clara e muito quente.

E a minha alma aturdida – perdera o chão – se escondia atrás das cortinas da mente fingindo brincar para distrair a razão.

E desde então, cada elemento sensível da emoção ou racional da mente insiste em tornar-se independente do conjunto universal, que sou eu! Cada um reclama atrevidamente o seu domínio, tenta impor-me a sua opinião em autentica ditadura do politicamente correto nessas esferas do proletariado metafísico, e até às vezes me desafiam!

Essa insanidade passageira causa-me transtornos pessoais, provoca efeitos anárquicos, e vez ou outra eu próprio sinto-me um estranho em meu interior, sem saber a quem atender: se a face emocional da alma que ainda guarda razoável grau de vaidade e às vezes se exibe, ou à face mental arcaica e presa em velhos conceitos que a submetem ainda ao coração, em vez de ser ela mesma total e independente.

Creio que, por esse descontrole, surja o mau humor que me desalenta, mas como se trata do coração metáfora e de formas pensamentos, hão de passar! Também o sentimento de caráter emocional reclama seus direitos ingênitos milenares - se diz primogênito - mas só com o segundo consorte da alma - a razão - é que se pode apresentar como uma das faces dela!

Nesse jogo, o coração músculo não impõe nada. É mera peça mecânica  prisioneira da sístole e da diástole.

Mas eu sei que ao entrar diretamente nessa tola discussão esclareço cada parte envolvida na disputa, ainda que nem sempre esteja disposto a ensinar o óbvio, tanto a uma face quanto à outra da mesma moeda anímica, que no fim é a alma em franca, mas felizmente passageira anarquia.

Conquanto à nação que vive esse mesmo estado anárquico, quem a colocará no eixo? O povo?

Na dimensão pessoal eu sei e tomo as medidas legais saneadoras com rígida disciplina, embora às vezes me sentindo um estranho para mim mesmo, vacile um pouco.

Naturalmente só enquanto não lhes reafirmo a velha identidade real, que já a tenho há séculos: e eu falo em séculos de tempo espiritual, não em tempo contado pelo relógio - esse farsante inventor das horas mortas e de estranhos “eus”.

Mas quem reafirmará esse estado à nação tomada por um partido desmoralizado e corrupto? O povo? Muito difícil de isso ocorrer num país onde há fartura de pão até debaixo das pontes e em seus velos, e dá frutos até em cima das pedras, mas que graças ao cinismo desses usurpadores, são até capazes de alegar ser obra da sua competência! 


Pois se não alegam o brilho do sol  e à chuva mansa cair por seu talento é devido à seca e às tempestades, que teriam dificuldade em provar serem de outra natureza. 

É assim que vez ou outra eu me apanho infantilmente contando o tempo em frações governamentais! Mas repentinamente desperto e sinto vontade de rir das tolices inventadas pelo homem. E dentre as muitas tolices inventadas não foi deveras o tempo a mais estúpida invenção, não!

Que todas as nascidas ideologicamente são estúpidas e dolosas todos sabemos; exceto os estúpidos de todas as classes, que nem sabem que são estúpidos, seja de qual estupidez forem acometidos, mesmo sendo até magistrados, doutores, proletários, presidentes, pastores, todos e aqueles miseráveis de inteligência que são comandados por um só lado do jogo também, e principalmente.

Mas ainda assim têm lá a sua função na máquina de fazer coisas e criar elementos até de comer!

Outros fazem artigos de luxo que não servem para coisa alguma e, por isso, custam muito caro; daí o luxo, o consumo e a frescura que por aí abunda tão abundantemente no volume até das bundas e seios artificiais...

Já aquela invenção que ajuda a decifrar o indecifrável... quem em sã consciência não sabe que o mais estúpido dos resgates psicológicos não seja o novo homem, que crê renascer do consultório psiquiátrico?

Mas em verdade o mais estúpido invento para o homem coletivo é o inspetor do politicamente correto.

Existem homens que não são estúpidos, é evidente que existem! Todavia, quantos? E o que fazem para não serem estúpidos? Os grandes Iluminados, cuja identidade tem nomes e vestes diferentes no tempo e no espaço, esses sim vêm iluminar e dar identidade aos homens lúcidos, que dentre os idiotas se destacam.

Mas há tantos incapazes que de tão pouca inteligência negam a grandeza de um Guia Espiritual com nome diferente daquele que eventualmente mandaram pra a cruz, ou arrastaram pelas ruas: tenha Ele o nome de Maomé, de Orfeu, Jeoshua, Sidharta ou José... Passam sempre encobertos no meio da multidão, a mesma que até os mais tolos elegem outros tolos, porém larápios presidentes!

Entretanto os mais estúpidos vestidos de aproveitadores andam por aqui de falsos e modernos cristãos, desde que se entenda por falsos e modernos cristãos alguns guardadores de rebanhos do Ocidente, fatalmente justificando o nome do Ocidente: lugar da morte.

Naturalmente excluiremos destes rebanhos ocidentais os homens de bem e sensatos pais de família, mas como o assunto envolva muitos alienados, nem vale a pena citar os que não são, porque somem realmente poucos, embora estes sejam os que levam avante o mundo nas costas e nem querem comprometer a sua palavra nem despertar a ira dos falsos profetas, que em nome de outro profeta já transfigurado e despido de identidade real é já morto.

Desde aí para baixo abundam inventores de religiões, as mais inúteis invenções, estranhamente ocupando o lugar das fábricas de alimentos.

Aliás, falando em alimento, uma das funções sociais de algumas destas religiões é precisamente diminuir o ímpeto das indústrias alimentícias, na medida em que suprimem o dinheiro dos trabalhadores, tradicionais consumidores de alimentos, agora transformados em pagadores de impostos divinos. Isso mesmo, em detrimento da comida na mesa, devido também aos dízimos do Estado

8 comentários:

  1. Pensar = é abrir picadas.

    #só se evoluiu - até espiritualmente - observando e refletindo sobre o que compõe o teu Sistema de Crenças, inclusive sobre si mesmo e circunvizinhanças.
    É o que penso, Pisc*.#
    Bjo Norma

    Julio,
    O dia está realmente pesado para os mais sensíveis, com os últimos acontecimentos. Abaixo desfecho e-mail de uma amiga:
    quote
    Lamentável. Mas... como falei, sou uma alienada, não gosto de política e não sei o quê fazer. Intuitivamente, acho que de nada adianta reclamar. Tem que fazer. E, repito: eu não sei o quê fazer.

    Um beijo grande e, me desculpe - nada pessoal, mas eu não seria aquariana se não fosse polêmica.

    Isabel
    Unquote

    Então, lembre-se de se colocar na fila dos que você ama. Cuide-se!
    Boa Sorte, Nac♥

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    1. Olá Norma, tudo faz pate do jogo.
      Mas está muito pesado este final de partida,
      que é também de chegada.

      "Fim de ciclo apodrecido e gasto" dizia JHS
      num tempo em que perto de hoje parecia um paraíso;
      O que sobrará, não sei.
      Mas nem faço mais questão de ser qualquer coisa
      por aqui.

      Se sobrar algo para o outro lado, é lucro.
      Não valho nada individualmente, nem me interessa
      ser qualquer coisa, só.

      Ainda acredito na humanidade... Uma unidade.
      Sim, na fila dos que amo talvez falte eu,
      mas acho de repente que nem mereço estar nela.

      E que viva a arte, a palavra, que viva a amizade
      e amor, independente de se ser amado.



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  2. Julio,

    Vc é dos que respondem! Maravilha!
    (vejo Blogs e dizeres fantásticos que parecem que foram escritos pelos os verdadeiros "ghost-writers". Uma bola quicando no saibro do outro lado rede, até perder o impulso...sem ninguém para rebatê-la. Coisa triste, né?)

    Lembrei de Mário Quintana ao ler teus escritos:
    “Da vez primeira em que me assassinaram,
    Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
    Depois, a cada vez que me mataram,
    Foram levando qualquer coisa minha”.


    Não caias nessa! Chispa para o 1º lugar da fila! Não há outro lugar para ti em tua vida. Tú és o Cara, "The man-in-charge", a Rainha de Copas do pedaço. A posição é indelegável (existe isso?), por toda a tua eternidade.
    ++++++

    "Sim, na fila dos que amo talvez falte eu,
    mas acho de repente que nem mereço estar nela."

    Ao ler isso, de imediato fiz um link p/o Post do David Wallace (Educar para pensar) - que caiu no gosto da maioria dos seguidores do Dharma. (Parece que só eu olhei com algumas reservas.) Não pelo que foi dito e sim como foi dito e por quem. Afinal, 3 anos após do discurso, ele se enforcou (20 anos de depressão severa, segundo s/pai). Não funcionou para ele, quem garante que funcionaria para mim... (oi?).

    Um dia após o outro. Simples assim. (não deixe os anos passar enquanto dormes - rs.)
    Bom domingo, Norma

    É antiga mais válida:
    Arnaldo Antunes e Nando Reis

    http://youtu.be/m3XYcV1JpFA

    Será que eu falei o que ninguém ouvia?
    Será que eu escutei o que ninguém dizia?
    Eu não vou me adaptar, me adaptar

    Bjo Nac♥

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    1. errata:
      O vinho do almoço estava ótimo,mas... :)
      leia-se: Tu (ñ tú - não se acentua oxítonas terminadas em u) e por favor: "É antiga, MAS....

      Desculpe-me :/

      (o sistema de verificação do "Cavaleiro Solitário", para provar que não sou um robot, pretende me enlouquecer e me cegar, não necessariamente nessa ordem, mas ambos com certeza! -rs.rs.rs. Nac♥

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  3. KKKKKKKKKKKKKKK To falando que você é muito especial
    companheira de conversa, mas tu não acreditas!
    Sou dos que responde? É dever, respeito, consideração.
    Vou confessar uma particularidade procê: durante muito tempo falei com as paredes até que um dia resolvi pegar uma marreta e abri um buraco... depois vi que o precisava fechar e como fazer isso? resolvi fazer portas. Pronto! Surgiu uma nova faceta na minha vida ... Portas com arte. De verdade!
    Então é isso. Há pessoas que... sei lá!

    Mas a arte dessa mulher é deveras ímpar
    na poesia e veio a calhar com o sou isto e aquilo rsrsr

    Vaidade
    Florbela Espanca

    Sonho que sou a Poetisa eleita,
    Aquela que diz tudo e tudo sabe,
    Que tem a inspiração pura e perfeita,
    Que reúne num verso a imensidade!

    Sonho que um verso meu tem claridade
    Para encher todo o mundo! E que deleita
    Mesmo aqueles que morrem de saudade!
    Mesmo os de alma profunda e insatisfeita!

    Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
    Aquela de saber vasto e profundo,
    Aos pés de quem a terra anda curvada!

    E quando mais no céu eu vou sonhando,
    E quando mais no alto ando voando,
    Acordo do meu sonho...

    E não sou nada!..

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  4. Dela aceito: a vaidade, o egocentrismo, a depressão e a "saída" estratégica pela direita". Só dela!
    (aos 16 anos ganhei de um paquerinha, colega do pré-vestibular, péssimo 'escrinhador', mas de excelente gosto, um livro de poesias dela - o tenho até hoje. Porque quando o assuntos são livros, sou de um ciúmes sarraceno (rs). O meu Ex-libris é um carimbo: "Esse livro pertence a Norma. O que ele está fazendo fora de casa?". Apesar de 'generosidades': Já doei preciosidades (heranças em vida) e doei para o Real Gabinete Português de Leitura, uns outros 2, mas isso é uma outra história...

    Por enquanto, vê se gostas do que acabei de passar para alguns contatos:

    Cordel do Fogo Encantado
    (Arco Verde - PE)

    "Ai Se Sesse" - Zé da Luz

    http://www.youtube.com/watch?v=7BmvygOD1E0&feature=player_embedded


    Às vezes a gente pensa que está dizendo bobagens e está fazendo poesia.
    Mário Quintana

    Boa Sorte,Norma

    P.S.:Ando lendo bastante o Quintana - em vez de assistir noticiários :).

    P.P.S: E p/fazer par com a grande poetisa portuguesa, um que trago com carinho e sobre quem hoje falei: Antônio Jacinto

    http://youtu.be/CNMj9EDKwyI

    Nac♥


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  5. Maravilha! "ai se sesse e carta de um contratado".

    Mas já viu os comentários? até respondi um deles.
    O declamador diz que é de um angolano "branco";
    não vi nada de racismo nisso, pois angolano ensejava
    que fosse negro, não é mesmo?
    Pois o cara já foi chamando o narrador
    de racista nojento. rsrsrsr
    Obrigado pela partilha, Norma!

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    1. Acabei de ver.
      Aproveitei que a casa já serenou (rs)e deixei 2 coments.

      1)Não vejo fora o que não tenho identificação dentro. Não há racismo. Só informações adicionais. Não criariam polêmicas se nascesse em Macau e dissessem a respeito: um Macaense branco. Ou não?

      Belíssimo poema de um ativista político e um intelectual de primeira linha, que seria o primeiro a lutar contra qq viés racista.

      2)"ETERNAL PORTUGUESE MENTAL ILLNESS."

      (Confesso que comentei com ironia, mas estava 'pedindo')

      I apologize but the only racist attitude here, is the above mentioned about the portugueses, by you!

      Racist and disrespectful.

      By the way, did you 'approve' the Poem?

      Did you like it? (or you don't care about...)

      +++++

      Já que falamos da Mama Africa - deixa-me te passar um link:

      http://www.africam.com/wildlife/tembe_webcam#


      Eu gosto até dos zumbidos dos mosquitos.
      Agradeci a Cora a dica e depois lembrei-me de 1 matéria do WWF,
      a respeito, que passei batida. :/

      (tô vendo um elefante adolescente)
      Bjo Norma♥

      Texto da Cora Rónai:

      Quote:
      Amanhece. Pássaros que não se veem, escondidos entre as folhas, conversam com as vozes mais variadas. Um bando de zebras se aproxima do olho d’água. Devem ser umas sete ou oito, mas é difícil contar porque não param quietas, e as listas realmente confundem. Zebras não relincham feito cavalos, dão latidinhos parecidos com os dos cachorros. Há um esquadrão de coisas voadoras e irritantes. As zebras batem os rabos para cá e para lá, sacodem as crinas. Alguns mosquitos me atacam.

      As zebras vão embora, brincando uma com a outra. Não sei se sabiam que os elefantes iam chegar ou se foi coincidência, mas foi um rodízio perfeito. Os elefantes estão muito adiantados; em geral eles vêm bem mais tarde. Há um filhote muito engraçadinho. Os adultos o protegem embora não haja perigo à vista. Felizmente não existem bichos executivos, sempre sérios: todos, adultos e crianças, brincam com a água e se divertem. Eles não estão nem aí para os insetos, mas eu continuo sendo pasto de mosquito.

      O chão se mexe. Ali tem coisa. Uma cobra enorme, que ora se vê, ora não, está disfarçada na grama. Passa longe dos elefantes. Não sei se eles ficariam indiferentes à sua presença, mas imagino que sim.

      Se eu tivesse crina e rabo, como as zebras, estaria num moto contínuo. Os mosquitos estão fazendo a festa. Houve um tempo em que eles respeitavam ar refrigerado. Hoje parece que ficam mais espertos com o friozinho.

      Os bichos e eu estamos em mundos diferentes, unidos pelos insetos. Eles estão no Parque Nacional de Tembe, na África do Sul, e eu estou em casa, na Lagoa, conferindo o seu vaivém numa das minhas webcams favoritas, a Africam.

      Não esperem as emoções do Nat Geo ou do Discovery nessa camera. Os documentários de vida selvagem resumem muitos dias, às vezes semanas ou meses, de observação. A Africam funciona em tempo real e em vida calma. Os bichos vão e vêm, bebem água, pastam, espantam insetos.

      Abro uma janelinha pequena na minha tela e fico observando, assim como quem vê televisão enquanto faz outras coisas. Às vezes a janelinha some no meio das outras, mas o áudio fica no ar.

      Adoro os sons que vêm da África.

      (O Globo, Segundo Caderno, 13.12.2012)
      Unquote
      Nac.

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