EGO
Enquanto
homem sou uma tríade, segunda a Teosofia, hoje Eubiose e meu convencimento
lógico. E um quarteto, enquanto terrena personalidade também inegável, de uma
formação setenária para ficar afinado com o “Deus o fez à sua imagem e semelhança”.
E para sobreviver, mais ou
menos em paz, vou revestido de uma pessoal máscara que tenho de “pintar” com as
cores que as outras máscaras possam identificar por analogia simples, e guarde
semelhança com os registros mentais de quem me olha e interage comigo,
conhecido ou não.
Mas eu não sou esse visto
por fora, claro que não! E o que as outras pessoas reconheçam em mim não é sequer
sombra do meu eu verdadeiro.
Pessoalmente não sou quase
nada daquele que elas imaginam que eu seja, nem elas são sequer sombras do que
eu imagino sejam elas.
Diante
então desta porta intransponível em cujo interior habita o ego, porque tanta
gente insiste nessa impossível missão de decifrar e quase sempre imediatamente rotular o outro, se todos são invioláveis,
irreveláveis na essência de suas individualidades?
Quando nem eu próprio
desconfie o que de fato eu seja, e isto é sério, não mera dialética, como poderia
revelar outra pessoa o interior de minha personalidade e ao revelar-me atribuir-me
esta ou aquela natureza, com estas ou aquelas qualidades ou defeitos? Claro que algumas tendências são visíveis e de
acordo com as estatísticas da psiquiatria formam já um bom banco de dados,
mas...
Exceto as virtudes naturais,
o caráter, a honra a convivência social e as normas da boa educação, o talento
pessoal nas diversas áreas de atividade de quem o materializa e até salta aos
olhos, o que mais se pode falar de alguém a respeito de sua mais profunda
natureza humana?
Deverá ser um estado mental
virtuoso comum a todas as pessoas no futuro, “ler a alma das pessoas”, mas
antes teremos de criar um modelo natural de respeito absoluto pelo outro e
crescer muito para inclusive não termos nada que nos envergonhe, e esse estado
está ainda muito longe deste estágio, em que como modelo os chamados Budas de
Compaixão. De resto, as pessoas continuam com a sua marcha fúnebre, vivendo a
ilusão coletiva de que existe “algo de novo debaixo do sol”?
Todavia
há esperança de melhores dias à inteligência e não poderia ser diferente por
essa a única saída; mas enquanto isso se pratique o preceito consagrado ao
longo do tempo de “amai-vos uns aos outros”; e da mesma forma “não faças ao outro o que não
queres para ti mesmo”, fortalecendo
a vontade, em vez de por conveniência esconder-se atrás da fé que permite praticar
alguns pecados, com a
possibilidade do perdão divino; mas este deus que perdoa e
castiga é deveras uma divindade estranha suscitando muitas dificuldades para
perceber a sua legitimidade quanto à sua divinal existência...
Isto
devido o tamanho a que foi reduzido como deus e enquanto o seu seguidor guardador
de rebanhos mantiver esse ritmo descendente, em breve será o maior desses homens
menor que o menor dos animais em razão, embora mantenha um sorriso idiota no
rosto.
É
verdade e mesmo certo que Deus está em todas as coisas. E certamente todas as
coisas da existência formam o seu corpo. Mas contrariamente não há de estar na
forma personalizado e apequenado em retalhos, lotes e farrapos vendido a preço
vil.
Definitivamente
esse deus não existe; não passa de um simulacro menor do que um santinho de
papel do verdadeiro Deus. Por isso mesmo cada vez mais o andam a oferecer a
quem o quiser barato comprar!
A
estes vendedores não se deve dar ouvidos, mínimo crédito. Enxovalham a
divindade e em voz alta afirmam e reafirmam a mentira e até em nome da Tríplice
Flama Universal, mas aí Ela não vibra nem e age.
Mentem
descaradamente estes vendedores? Sim mantém e se não sabem que estão a mentir,
como poderiam saber o que vão a dizer?
Pobres
de espírito só extraem do sagrado os valores fúteis e superficiais, que é possível
tocar com os dedos sujos e são capazes de mensurar.
Tudo
aí é absolutamente passageiro, como é o vil metal que arrecadam com a venda
daqueles pedacinhos do pequeno deus em amuleto contra o diabo, criado por eles.
E estas
crenças vão fincando raízes ao longo do tempo e de alguma forma delas participamos
todos pelo desdobramento político, por exemplo, e o uso de práticas semelhantes
de tal modo que ao olharmos no espelho, aí estão refletidos os modelos políticos/religiosos.
E assim compreendemos como o mundo chegou aqui e é o que é.
Nem
poderia ser diferente, porque seria nesse caso mundo virtual; e virtual ele não
é, porque pese em demasia e canse aos Três, ao Quarto, ao Quinto, e até ao raio que os parta a
todos aos pedaços, para fazer jus aos farrapos de que são feitos esse céu,
inferno e esse deus das falsas igrejas e falsas casas do povo da polis.
E é
assim que vamos indo na forma descrita e revelada em todos os espelhos do
mundo; porém jamais os espelhos revelam o que é um ser, por mais ingênuo e
humilde seja quem nele se reflita.
Portanto
eu não sou você nem você é eu no que dizem, pensam, ou imaginem ingenuamente
que seja eu, e seja você; mas no meu caso, além dos limites universais, eu
criei da minha máscara outras máscaras com pinturas e disfarces, não para fingir
ou enganar, senão para a defesa de minha individualidade criança...
Pois
se tiver alguma virtude que ao longo do tempo persista e resista e é agora real
é a minha criança onde vive essa inocência que o mundo não viu, e eu ainda me
permito alguma criancice aprontar para reviver instantes de alegria.
Mas
continuo, assim como todo mundo, indevassável. Como então me pretende qualquer
dizer isto, aquilo, vai, não vai, é e não é, pode e não pode fique sentado ou fique
de pé? Não sou e nunca serei esse, assim como não será você se eu ousasse
criar-lhe uma máscara ou apenas dizer-lhe: vá!
Ainda às máscaras se podem pintar de acordo com as necessidades do
momento, quando se não tenha uma faca ou uma pedra para se apedrejar quem as
queira rasgar.
Mas pintá-las requer uma arte apurada na escolha da cor e do tema que
se vá pintar, para de acordo compormos nossa peça de teatro, em cujas cenas daremos
início à temporada a que damos novo enredo e virgem tema.
Ou então, mesmo sem tema, sem rumo, sem ritmo e ao sabor do vento ou da
tempestade no comanda coletivo, seguindo o drama da humanidade encalhada numa etapa
PolíTica em qualquer esquina do caos passageiro.
E assim, após o último concerto retirar-se-ão todas as máscaras, permanecendo
estática no tempo e desmanchando-se manterá um pouco mais pálida a cor da
última pintura.
Há quem chame estas mortuárias, caras, em vez de máscaras mortalhas; e
não é de todo mau o termo nem o som, mantendo a fonética até um pouco
agradável.
Culturalmente se mantém o hábito de enfiá-las na urna fechadas e aí
mantidas se esvaem junto com o resto do resto sem guardar-lhe a história real,
que aí não entrou.
De algum modo todos nós para lá corremos tão logo nascemos do ventre
materno e se rompa o primeiro cordão até ao final do baile.
Cala-se então a música, apagam-se as luzes e reinam as trevas; ou
dança-se outro ritmo dependendo do que venha depois, cuja certeza em todas as
línguas, em todas as crenças, conceitos, opiniões, nada além de meras hipóteses.
Julio,
ResponderExcluirObrigada pelo Post.
Agora, me responda p/fv.: Vc é o Julio que lê a Ma. do Céu no "Aventar" de Pgal?
Boa Sorte, Nac♥
Olá Norma, não conheço essa página, se é que é uma página.
ResponderExcluirObrigado digo eu, minha amiga, pela sua visita!
É um site português voltado para educação e cultura de modo geral, mas que agora tem um viés bem forte político.
ExcluirE ontem havia um comentário de 'Julio', por associação...
Bjo Nac♥