Diógenes,
grande Diógenes, e os nobres místicos, seguidores dos Vedas, inclusive
Mahatman Gandhi com o famoso Ahinsa, exercitavam na pratica a teoria da libertação pelas vias
do desapego, que também outro caminho não há.
Desapego
em Sânscrito tem o bonito nome: MOKSHA. E não é de estranhar se muitas teorias
libertárias sejam plágios daquelas velhas doutrinas, muito bem fundamentadas pelos
seus criadores, que viveram realmente o que em tese enunciavam.
Prova-o
quando numa fria manhã Diógenes, sentado ao sol na frente de sua tina, dele se
aproxima o seu amigo Alexandre, o Grande e lhe perguntava: - o que posso fazer
por você, meu amigo? E Diógenes, olhando-o debaixo para cima, respondia: “não
me tires o que não podes me dar”! Naquele momento o Grande Alexandre
colocara-se à sua frente tampando-lhe o sol. E apesar de Grande, o sol não lhe poderia mesmo dar.
Esta
passagem merece profundas reflexões e uma análise mais séria deve se fazer em
relação os modernos libertadores!
Pois,
não se tem noticia de nenhum libertário moderno, que more numa tina de madeira, cujos
bens sejam apenas a surrada túnica para cobrir o corpo, e um embornal para carregar
o seu pobre farnel!
Ao
contrário, vivem os modernos libertários no supremo luxo que o dinheiro sofista
pode comprar, e longe de qualquer virtude humanitária e sem qualquer desapego. Portanto muito distantes do real conceito de libertação. Ou será possível
alguém se libertar das coisas materiais, acumulando terras, ouro, títulos e muito
dinheiro?
Não,
não é possível, mesmo que ostente a saga de herói ou tenha por trás um famoso
frei sociólogo e que dê prioridade às suas convicções ideológicas, camufladas
de teológicas.
Nos
dias de hoje não se tem noticia de ninguém que agisse dessa forma, em beneficio
do outro, e não de si mesmo. Então definitivamente não cabem em nenhuma
doutrina de libertação os nossos famosos heróis.
Por
outro lado, são do conhecimento de boa parcela da sociedade que as fórmulas filosóficas
e as doutrinas iniciáticas, sérias, fundamentarem-se no desapego de todas as
naturezas, principalmente políticas.
Os
verdadeiros libertários têm as suas ações e sentidos voltados para a causa das
causas, e em o nome de alguém que pode ser Deus, e esses sabem muito bem que, para
servi-lo, só é possível servindo a humanidade.
Quem
então serve em primeiro lugar a si mesmo, serve na verdade às suas raízes egoístas, cultivando o
apego que não por acaso tem um nome tão feio, TANHA! Por isso MOKSHA, é sem
dúvida um belíssimo termo, na velha língua sânscrita?
Mas
um homem libertador de si mesmo há de libertar-se antes de tudo da compaixão ao
próximo, que nas profundezas da alma será compaixão por si mesmo, e não pelo
outro.
Embora
semelhante afirmação não seja compreensível no primeiro momento,
mas
um verdadeiro desapegado também não é um frio intelectual, indiferente ao meio aonde
viva.
Se não
um profundo amoroso que não mais consegue distinguir o rico do pobre, o branco
do negro, o dia da noite etc., consciente de que o outro é agora parte de si
mesmo, e todos ligados ao todo através uns dos outros.
Também
isto soa estranho no primeiro momento, para os ecumênicos; mas é compreensível, devido eles verem Deus um ser
mágico dogmático enquanto crença milagrosa, que dá e tira e pode ser encontrado
em qualquer esquina numa igreja e até numa prateleira, ou modernamente num
arquivo.
Mas
Ele é a única semente da realização pessoal física e metafísica, muito clara na
exortação do Cristo aos seus discípulos, para que eles buscassem a consciência
do Inefável “Eu Sou”, na bela Obra PISTIS SOPHIA, quando diz: “Ele conhece o
mistério por cuja causa as trevas foram feitas e por cuja causa foi feita a
luz”...
É
natural que o Cristo durante a sua realização pessoal tivesse tido a visão de Deus
em todas as coisas: “trevas e luz”, independente de qual seja a cor, credo,
condição social, bem ou mal, agradável ou desagradável e longe, portanto de
qualquer religião, que por sinal ele não criou nenhuma.
Assim deve ser entendida a presença divina num conceito superior de inteligência, por um estudioso, reunindo elementos Teosóficos das mais diversas correntes do
pensamento teológico e científico, universais.
Isto
não é possível a nenhum pesquisador que despreze uma única vírgula de qualquer
fonte de pesquisa. Coisa que, para um crente é humanamente impossível.
A
não ser um iluminado ou já bem adiantado iniciado que vê Deus em tudo, Deus continua
sendo um objeto para a maioria...
Mas
estes seres tão especiais não andam por aí com nenhum livro na mão dizendo que Deus
está ali, e só ali está escrita a sua palavra.
Pois
certamente se ele não estiver em todos e muito especialmente vivo nos
miseráveis de pão e famintos de conhecimento, menos há de estar num papel
impresso, pouco importa o nome do livro, pouco importa quem o livro traga
debaixo do braço.
Diógenes,
grande Diógenes, o Cínico – canino em Grego e Kepler – o cão pardieiro devido à
vida de cães que levavam, são entre alguns outros dessa estirpe um exemplo de
como os buscadores de Deus, modernos em luxuosos edifícios instalados criam suas
teorias da libertação que não libertam ninguém, e não devem por isso ser
levados a sério numa única palavra que disserem ou escreverem.
Pouco
importa e apesar de muito modernas, moderníssimas até as suas teorias, o que
estes ídolos escrevem porque entre no processo da escrita o seu pessoal e
humano raciocínio, maculado com uma gama variada de concepções acadêmicas ou
ideologias misturadas com teologias, o melhor destino que se lhes pode dar
enquanto livros é o fogo, caso não tenha sido possível evitar a asneira de havê-los
comprado.
Ainda
bem que existem alguns poucos, mas verdadeiramente magníficos livros! Porque ainda
presentes estão por aqui Diógenes, Platão, Hermes Pitágoras, Homero, Dante
Alighieri, JHS etc. e na arte... e na poesia entre uns poucos mais Camões, alguns
modernos e sérios pensadores e outro poetas-prosadores, para não cometermos o
erro de dizer que o passado é que era bom, e o presente uma farsa!
O
que urge, então, antes de qualquer outra providência é separar o lixo literário da
real essência de todas as coisas de ontem, de hoje e de sempre, para um amanhã
mais inteligente e justo, criando ambiente para o renascimento dos grandes
seres que por aqui andaram nos ensinando a caminhar e ensejam por compaixão
permanecer entre nós, os que aqui estão, e os que da mesma precisam voltar.
Obrigada pelo texto, Julio.
ResponderExcluirTodas às vezes que 'colho' algo, costumo deixar alguma coisa em troca. Um pequeno seixo que seja. (não fico confortável se assim não proceder).
Hoje deixo no "Cavaleiro Solitário":
I M A G E N S
da Divina Comédia
Retratos de Dante e Divina Comédia
http://www.stelle.com.br/pt/index_imagens.html
Até qualquer hora. Boa sorte, Norma
Obrigado minha amiga Norma.
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