Caminha
andarilho sobre as brasas da iniciação, caminha de encontro ao teu peito, onde
ressoa perfeito esse dom, essa canção.
Caminha
andarilho sobre o tempo de passagem por aqui, onde estás, onde andas que por si
o universo se expande só por ti.
Caminha
a pés descalços de vaidade, despido de agonias e heranças passageiras, que
ligeiras se desmancham, fantasias.
Nada
temas, andarilho do destino que teceste pela vida em milhões de anos em cada
célula do corpo, em cada alento do teu ar.
Nada
temas, tecedor do teu caminho, em cada pedra e no cadinho aonde teu ouro vais
fundindo a frio e quente enquanto gente.
Nada
temas fingidor de personagens que, noutras paragens as deixaste para trás, e
hoje vais só contigo só e teu grande senhor.
Vai
irmão do universo e faz desse reverso o teu eixo, o teu lar onde tormentas e
desditas já não podem penetrar.
Vai
irmão das areias e dos desertos, das formigas e dos insetos, filho dos metais,
das árvores e rei, já e ainda no trono dos animais.
Vai
irmão maior onde o menor és tu, e o melhor também, porque vais nu e és tu, só
tu nesse universo onde não cabe além de ti, ninguém!
Caminha
andarilho, nada temas, vai irmão das areias e dos desertos segue esse horizonte
aberta em tua frente e no céu de tua mente.
Caminha
andarilho, nada temas, vai irmão das chamas, do vento, do espanto e de quantos
venhas cinco vezes a escutar.
Caminha
andarilho, nada temas, vai irmão das matas, das onças, das borboletas, das
manhas, verdades e mentiras a falar...
Se
vós tiverdes para falar voz, se voz
tiverdes para calar a sós!
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